Como todas as 2ª feiras (e só) comprei o Público - essencialmente pelos seus vários suplementos.
Depois de o ler (no comboio porque no emprego tenho muito trabalho ;-), algumas frases (em itálico) provocaram várias diarreias seguidas (ou terá sido uma contínua).
- A "cultura do talento" versus o "politicamente correcto" que nivela tudo pelo baixo nível dos nossos políticos medíocres (no poder e não só).
- As "Leis são tratadas como sugestões" - é isso que nos conduziu à glória de País que agora somos. (não esquecer que entretanto a Glória envelheceu, as mamas estão ao nível da barriga e o resto é só peles).
- "Quase metade do PIB passa pelo Estado" ou seja pela AP.
- No suplemento "carga & Transportes" - diz-se algures em relação aos gestores públicos ". . . uma gestão genericamente incompetente, repousando à sombra de reformas douradas mas sem que lhes tivesse sido conhecido antes, o mais pequeno trabalho profissional na área .....".
".... há que inventariar os custos anuais da administração e dos dirigentes: detectar-se-ão os astronómicos gastos verificados..... recomendando a adopção de administrações reduzidas, em que apenas o dirigente máximo seja de cooptação política devendo os restantes 2 ser profissionais do sector" e eu acrescento "de competência reconhecida" e não putos família acabados de sair da Universidade.
Comprem o Público à 2ª nem que seja por este suplemento - é pena já ter deixado de escrever a Joana Mendes Paulo que eu adorava (dá a impressão que foi arredada por ser politicamente incorrecta demais) - se ela ler isto, gostava de ter todos os seus escritos.
As RAPs (Reforma da Administração Pública e cada governo anuncia uma) só serve para os FPM envolvidos (claro que são lá postos conforme a cor do governo da altura) justificarem o que ganham a mais e perpetuarem a sua existência.
É preciso não esquecer que em Portugal (nos outros não sei) os FPM só servem, na sua maioria para SE AUTO-PERPETUAREM.
Isto porque, as leis que existem não são cumpridas (veja-se mais uma vez o suplemento "Economia" do Público, no artigo "A gestão das pessoas" - gosto também muito do que este gajo (sr.) escreve) porque o seu cumprimento ia colocar em causa precisamente a eficiência, eficácia, competência e profissionalismo dos FPM responsáveis e isso, claro, não interessa.
Continuo a dizer que o problema não está (só e principalmente) nas bases, mas é devido à incompetência das hierarquias, ao seu "paraquedismo político" que leva ao desinteresse ("para quê preocupar-me se o chefe não se preocupa - ele até ganha mais e se eu disser que está mal, ainda sou prejudicado nas promoções") e à sua irresponsabilidade, propagando a falta de rigor de gestão.
É preciso não esquecer que cerca de 80% dos empresários nacionais (ou seja gestores, nem que seja da sua micro-empresa) só tem a 4ª classe - será que isto é diferente na FP? Duvido. A boa gestão não tem origem só na "virtude" dos gestores, mas deriva essencialmente de FORMAÇÃO (claro que a união das duas dá os gestores excepcionais, mas esses não estão na AP). Portanto temos:
"tachistas" e "paraquedistas políticos" + falta de formação em gestão + objectivo "perpetuação dos cargos" + Cumprir unicamente as leis que interessam no momento = uma MERDA de AP.
Se adicionarem uma política de gestão financeira absolutamente idiota (tens estes $$ e se gastares, tudo bem, senão gastares, pró ano recebes menos), temos uma falta de eficiência estrondosa com gastar fundos só para assegurar os do ano seguinte. Compram-se máquinas que ficam encaixotadas até estarem obsoletas (e depois pede-se orçamento para as substituir), ou que são de capacidade excessiva para os objectivos (mas passado 2 ou 3 anos pede-se orçamento para as substituir), não são efectuados estudos para adequar os recursos às necessidades (e, se são efectuados, só são considerados no caso de apontarem para mais orçamento), etc.
Como todas as hierarquias da AP já têm (sofrem) este tipo de raciocínio e nem sequer conseguem pensar doutra maneira (a grande maioria olha-nos com um olhar de - estás maluco ou quê - quando se fala nisto), é impossível aplicar-lhes a "eficiência" dos privados (como se esta, em Portugal, fosse também alguma coisa de especial).
Portanto a RAP nos termos políticos em que está a ser definida DE NADA SERVE. Gastam-se milhões em estudos (claro que efectuados por amiguinhos e bons estudantes (serão?) universitários - filhos família, acompanhados por alguns FPM "Yes man" e da cor) e depois fazem-se umas leis (que serão convenientemente ignoradas quando não interessarem) e assim o Governo até pode dizer que cumpriu a sua promessa política e deu mais um passo para engrandecer Portugal (|!"#$%&/ - lá vou vomitar!).
Por sua vez os serviços ao público (função da AP), quando são rentáveis (ou seja dão $$$) são privatizados porque:
1º - resolve o problema dos tais 3%;
2º - cai bem nos amigos privados assegurando um tacho quando a mama da governação acabar,
3º - permite que esses privados saquem mais dinheiro ao Zé Povinho porque, obviamente, a função do Estado que seria a fiscalização do fornecimento desses serviços em qualidade e a preço justo não é efectuada, senão poria em causa o ponto 2.
Conclusão - O futuro da AP é termos, por um lado, serviços ineficientes porque os FPM se estão tradicionalmente borrifando (pelas mais diversas razões que não só a simples incompetência) e por outro, serviços minimamente eficientes e caros porque dados aos privados e esses, obviamente, querem é ter rendimento.
Não esquecer que FPM = Funcionários Públicos de Merda e Feios Porcos e Maus (os que acham que não se enquadram dentro desta categoria, estão à vontade para sair).
Surpresa, surpresa - então não é que na Bélgica, o caso dos pedófilos também não andou aos trambolhões. E eu que julgava que só os homossexuais (paneleiros porra!) é que tinham força nos Governos e isso só em Portugal!!! - sou mesmo "naif" (Parvo, parvo!).
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