quinta-feira, julho 19, 2007

segunda-feira, julho 16, 2007

Saramago




Saramago continua a dar cartas. Desta vez opina sobre a inclusão inevitável de Portugal numa qualquer comunidade ibérica. Não sendo eu patrioteiro nem dado a outras merdices do género, leio com algum gozo as reacções às declarações do escritor. Ora Saramago quando ganhou o Nobel recebeu como recompensa a frase do prof. Cavaco que “não li, quem quero ler” sobre a sua obra. Santana Lopes, quando era secretário de Estado da Cultura, única e simplesmente o ignorou. É claro que Saramago vingou-se: pirou-se para Espanha onde ao menos o reconhecem. E continua a vingar-se espetando de vez em quando o ferrão da polémica. Num país que se orgulha de ter alguns recordes idiotas no Guiness e ignora os seus poucos valores humanos e culturais não é de espantar estas reacções. Pode-se concordar ou discordar do homem e das suas opiniões, pode-se até abominar a sua obra, mas há limites para tanta ignorância.

Toda a podridão incha. Até que rebenta.

O Dragão a propósito das eleições em Lisboa.
Polémico mas definitivamente certeiro.

sexta-feira, julho 13, 2007

S. Francisco Jazz Collective



Assistir a um bom concerto de Jazz é algo de fascinante. Sobretudo quando o eterno gajo do assobio ou do gritinho Ooooo! se faz ouvir quando o solista se esganiça numa nota mais aguda. Penso que deveriam atribuir um subsídio a este gajo pois é tão imprescindível num concerto de Jazz como a baquete do baterista. E faz sentir aos outros pacóvios que ali estão a assistir em respeitoso silêncio que é o único apreciador, o único gajo que vibra com a música.
Vem isto a propósito das eleições em Lisboa. Alguns candidatos fazem as suas arruadas rodeados de apoiantes ferrenhos, de bandeirinha em punho, a gritar palavras de ordem tipo “o Negrão é o mais mandão” ou “o Carmona tem uma ganda mona”. No meio desta barbárie há aquele militante mais expansivo, normalmente o que acaba a gritar sózinho as palavras de ordem quando toda a gente já se calou por estar rouca. E depois vêm sempre aqueles que começam aos pulinhos, e obrigam o desgraçado candidato a pular também, e o sujeito sai dali arfante a cuspir maços de tabaco pelo passeio fora, todo convencido que aqueles pulinhos vão dar mais alguns votos. E há sempre uma velha gorda aos beijos a toda a gente ou a dançar o vira, e a esta hora o candidato que já está quase recuperado dos pulinhos tem um enfarte com tanta dança. Falo aqui de candidatos mas esqueço-me da candidata Helena Roseta. A senhora não tem ninguém que pule ou dance com ela, e por isso é que aparece vestida na campanha com aqueles coletes reflectores na esperança que algum eleitor desprevenido se aproxime e lhe pergunte “Dona Helena, quer chame o reboque ou é só um pneu furado?”. E vai daí toma lá o panfleto, vota bem, filho.
Mas a piada toda é quando algum pega na vassoura e se põe a limpar a rua, ou a apagar grafittis com jacto de areia, ou a passear nos camiões do lixo. E quando propõem implodir o Martim Moniz ou transformar a Portela num centro de negócios? E parques de estacionamento nos edifícios da Baixa? Confesso, a última vez que ri assim desalmadamente em campanhas eleitorais foi quando o Marcelo andou a banhos no Tejo.
No fim vale tudo para chamar a atenção do rebanho. Mas neste circo é suposto o papalvo que por acaso assiste ao triste espectáculo ficar tão embasbacado que no dia da eleição lá vá botar o seu voto no candidato que mais o surpreendeu. “É pá o Negrão dá saltos comó camandro!” ou “O da barbicha que é contra os pretos é que diz a verdade, pá!” ou ainda “Se a Roseta anda no lixo deve ter a casinha dela num brinquinho”. Lavagem cerebral de pacóvios ou lobotomia sem dor.
Mas que raio ganha o gajo do assobio e do gritinho Ooooo! nos concertos de Jazz? A organização paga-lhe para o espectáculo parecer mais cool?
“É pá, meu, pá, aqueles marmanjos lá em Espanha sabem apreciar a música, pá! Ele é assobios, ele é gritos esquisitos, pá! Tudo coisas ca gente não está habituada a ouvir nos nossos concertos pelo mundo fora, né?” Será isto que o gajo pensa ou faz o mesmo nos concertos do Quim Barreiros?
A propósito de Jazz, o S. Francisco Jazz Collective inclui alguns dos melhores músicos de jazz da actualidade. O mesmo não posso dizer dos candidatos à Câmara de Lisboa. Aí toda a música desafina.
Para que conste: Andre Hayward, Renee Rosnes, Eric Harland, Miguel Zenon, Matt Penman, Dave Douglas, Stefon Harris e Joe Lovano.
Nestes voto eu.

terça-feira, julho 10, 2007

A única e possível solução para Lisboa



Depois de ler, ouvir e digerir as propostas dos candidatos à câmara de Lisboa, a conclusão a que cheguei é que é mais fácil e mais económico arrasar com aquela merda toda. Faz-se em minutos o que o Santana e o Carmona andaram anos a fazer.
E ficam a saber que não moro em Lisboa, mas o concelho onde vivo também poderia levar com uma destas, embora menos potente e dirigida para um sítio especial: a câmara municipal.
E mais não digo.

sexta-feira, julho 06, 2007

Foi assim?

A Zita é uma ex-comunista. A Zita tem passado os últimos anos a auto-justificar-se. A Zita não tem o pragmatismo de um Pina Moura, nem o verbo saloio de um Mário Lino, mas a Zita tem necessidade de expor o seu passado de militante no PCP como forma de justificar o oportunismo e a falta de coluna vertebral que tem pautado a sua vida política nos últimos anos. Por isso a Zita escreveu um livro de memórias sobre o seu passado comunista. Com os padrinhos que teve no lançamento do opúsculo (Bagão Félix, Vasco Graça Moura, Marques Mendes, Mário Soares, Pacheco Pereira) a coisa vai certamente ser um êxito entre a direita exorcizante do famigerado Partido Comunista Português, Satanás travestido para os mais radicais. Não é crime ser ex-comunista ou se quiserem, ex-PCP. Há muito boa gente que por lá andou, e que por motivos vários de lá se arredou ou foi arredado, e que guardam na memória os anos difíceis da clandestinidade ou os tempos de euforia pós-revolução. Com o espirito livre para assumir erros cometidos.
Mas a dona Zita não cometeu erros. Foi obrigada a cometê-los enquanto militante. Mesmo quando defendia com garra e convicção no Parlamento o direito das mulheres a abortar. Mesmo quando não escondia a sua admiração por Álvaro Cunhal. Por isso a dona Zita deve ter recebido muitas injecções atrás da orelha. Mas agora prefere engolir a pastilha do oportunismo que os dealers da política à portuguesa lhe servem à mesa.

quinta-feira, julho 05, 2007

Dizer mal do governo

A secretária adjunta da Saúde deu o mote: "Posso dizer mal do Governo se for na minha casa".
E não só. Na minha também. E na do meu vizinho do 2º esquerdo. E na tasca do Zé da Esquina quando o sr. presidente da Junta não estiver. E no bar de alterne cá da freguesia às segundas, quartas e sextas antes da reunião do partido. E na missa, muito em surdina para o padre não desconfiar. E no futebol quando se chamam nomes ao árbitro a pensar no nosso primeiro.

quarta-feira, julho 04, 2007

CV: militante do PS

Via Arrastão

CV: militante do PS

José Manuel Carvalho Araújo era director do Centro de Saúde de Braga. Foi diversas vezes convidado a demitir-se. Porquê? Porque teve a distinta lata de denunciar irregularidades verificadas na gestão anterior em que estavam envolvidos destacados militantes do PS. A falta de lealdade do senhor chegava ao ponto de implicar nas irregularidades o tio do novo director do Centro de Saúde de Vieira do Minho. Perante isto, o que acontece? Em Abril de 2006 o ministério manda a Inspecção Geral de Saúde investigar a gestão José Manuel Carvalho Araújo. Conclusão do relatório: gestão exemplar, "segue uma política de qualidade" e é um dos melhores centros de saúde do país. Desta investigação o Ministério da Saúde só poderia tirar uma conclusão: não podia renovar o mandato deste director que segundo a IGS era de uma competência invulgar. E quem o substitui? Maria Helena Albuquerque. Eu sei que vão estranhar por a senhora ser militante do PS. Mas é preciso não ter má vontade e olhar para o seu curriculo: foi afastada das suas funções de directora do Centro de Saúde de Póvoa de Lanhoso, por incompetência.

Comentários para quê?

terça-feira, julho 03, 2007

Antes queria ser rico

Enquanto o pessoal vai contando os tostões do parco subsídio de férias para trocar de telemóvel, daqueles que além de tirarem fotos, dão música e coçam as costas, e ainda permitem que se façam e recebam chamadas como bónus, os nossos distintos governantes repartem a cégada entre reuniões e conclusões a níveis europeus com os cocktails da praxe. Mas é vê-los, a eles, aos portugueses no meio da fanfarra geral agarrados ao telemóvel como se de cotonetes para limpar a cera dos ouvidos fosse. Alguém disse, e muito bem, que os portugueses empranham pelos ouvidos. Mas para parir qualquer coisa de jeito, népia. Nem pelos ouvidos, nem pelas narinas. Apenas de vez em quando lhes sai pela boca algum vaticínio em forma de vómito. Nesta Europa da qual agora vamos ser reis durante seis meses, o circo parece assentar arraiais com os espectadores do costume na fila da frente à espera da palhaçada. Estou até convencido que os renitentes e fascistóides dirigentes polacos não irão perder pitada do regabofe. O espectáculo prevê escatologia geral e dejectos servidos em loiça das Caldas com Mateus rosé à mistura. E já se anunciam 21 mil milhões de euros em prol da subserviência lusa e da patobravice alimentada a soro de partidos políticos e autarquias manhosas. Alguém irá cobrar a sua fatia em nome do desenvolvimento sustentado, das novas tecnologias, do novo espaçoporto para Marte e da nova central de teletransporte para o infinito. Até ao último cêntimo, em verdade vos digo.
Não interessa que a saúde e a educação continuem a dar preocupações a quem delas necessita. Isso são só ninharias comparadas com a grandeza de uma Europa governada pelas mãos calejadas dos portugueses, mesmo que seja a mando da Dona Merckl e do Senhor Sarkovsky. O destino já está traçado, do Minho ao Allgarve.
Para o ano o pessoal irá trocar o telemóvel que coça as costas por outro que provoca orgasmos, e lá iremos todos cantando e rindo no meio da depressão geral rezando a Nossa Senhora para que não nos cortem no subsídio nem deixem sair o Simão do Benfica.
Antes queria ser rico...

Começar de novo

Pois é. Aqui estamos de novo com a cara um pouco mais lavada.
Espero que desta vez a contribuição dos marujos seja na devida proporção com que deitam abaixo imperiais, copos de tinto, e cocktails marados.
Ainda tenho alguma esperança nisto, pôrra!