quarta-feira, dezembro 21, 2005

Natal...

Lembro-me que os natais da minha infância tinham a particularidade de me convencer do nascimento do menino todos os anos a 25 de Dezembro. Inocência a minha, que não me interrogava como é que um puto nascia ano após ano sem morrer primeiro. Recordo quando nas noites de 24 de Dezembro deixava o sapatinho na chaminé e no outro dia de manhã lá estavam a pistola de fulminantes, o carro de bombeiros, os cow-boys e os índios de plástico, que supostamente o recém-nascido menino Jesus deixava no sapatinho, alheio ao pivete que por vezes o objecto deitava. Mas os tempos agora são outros, e apesar do papá Bush cuspir ameaças a quem deseje as Boas Festas em vez de um Feliz Natal, o boneco gordo feito de colesterol e com cara de aguardente que dá pelo nome de pai Natal teima em resistir a mais esta intempérie. Tem piada, o país sem referências, governado por uma camarilha de judeus sem escrúpulos e texanos evangélicos e analfabetos, inventa o pai Natal, boneco destituído de qualquer parecença com o nascimento do Menino, e nem sequer levemente aparentado com a vaca ou o burro do presépio, e quer agora que o pessoal lá da terra troque o educado e universal desejo de Happy Holidays por Merry Christmas. Assim quase esqueço o menino Jesus da minha infância e não reprimo alguma solidariedade pelo palhaço vestido de vermelho. Mas o mais grave é que como os amerdicanos não fazem nada ao acaso, qualquer dia vamos ver o menino Jesus gordinho e anafado, a refastelar-se com um hamburger da McDonald´s, escorrendo gordura pelos beiços abaixo. E lá vai a imagem do pai Natal de coca-cola em punho ser proibida pela sua heresia, quiçá imolada pelo fogo sagrado da seita extremista que toma assento na Casa Branca. Já estou a ver as famílias portuguesas macaquinhas de imitação (pelo menos aquelas que mais ganham com a crise) a convencer o tio palerminha que se vestia de pai Natal a disfarçar-se de bébé com caracolinhos soltos e fraldinha dodot e a chuchar um hamburger para alegria dos filhotes candidatos a betinhos e a futuros lugares em conselhos de administração. Só por isto é que sinto alguma pena do pai Natal. Tivesse ele na mão uma cerveja Budweiser ou uma garrafa de Jack Daniels e a minha solidariedade seria incondicional.
Penso mesmo assim que o pai Natal vai resistir com coca-cola e tudo. O carácter universalista da beberragem está bem demonstrado pela sua penetração (leia-se fornicação) em todos os paises muçulmanos onde só se pode beber alcoól às escondidas. Quem é que no Iraque ou Afganistão iria emborcar uma Bud ou um trago de Bourbon às vistas do mulah ou, quem sabe, do próprio Bin Laden? Qual seria o bom muçulmano que se faria explodir junto a uma patrulha americana completamente emborrachado?
Se já lixaram o menino Jesus da minha infância, se querem lixar o pai Natal, se andam a lixar-nos a vida todos os dias com devaneios neo-liberais e fundamentalismo bacoco pseudo-religioso, então o melhor é passar a vida etilizado e beber mais um copo sempre que uma patrulha amerdicana vai aos anjinhos. E assim já não há Natal que resista. Definitivamente.
Um bom Carnaval para todos.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Natais, presépios e umbigos

Pronto! Agora que tudo estava calmo e quase normal cá por casa tinha de vir o Natal estragar tudo!
A avó Urzelina juntou o pessoal da casa e tratou logo de organizar as coisas:
1º peregrinação ao centro comercial Colombo para ver as montras
2º construir o presépio
3º tratar da ceia de Natal

Não calculam a confusão que isto está a dar! O Arturzinho não quer ir ao Colombo porque quer ver os debates dos candidatos, o tio Augusto desta vez anda com a mania que é o menino Jesus e não pode abandonar as palhinhas, a prima Ossétia não se importava de ir, mas só vai se a avó a deixar mostrar o umbigo, coisa que está na moda lá no Colombo, eu só vou se a prima for porque como sabem a companhia dela dá-me outro ânimo, o restante pessoal cá de casa só vai se tiver carcanhol para as prendas, etc., etc..
A avó Urzelina é que tem mantido a casa em ordem graças à sua pensão de sobrevivência, pois o tio Augusto deixou de receber o subsídio por invalidez desde que ficou com a mania que era o Cavaco, e houve um gajo lá das finanças que não gostou do assunto e mexeu uns cordelinhos para lhe tirar a esmola. Apesar de ter tido outras manias depois daquela o tio Augusto nunca mais recuperou a pensão, mesmo quando fomos todos fazer greve da fome durante 30 minutos à porta da Caixa Geral de Depósitos. Como não gostamos de sobrecarregar a pobre avózinha, convenci a prima Ossétia a fazer uns biscates cá pelo bairro, tipo acompanhante ou coisa assim e a coisa não tem corrido mal. Estou até a pensar em tornar-me empresário do ramo com a prima como empregada nº1.
Quanto ao presépio, a coisa também não está fácil. O Arturzinho destruiu as figuras do presépio a treinar tiro ao alvo antes de ser mobilizado para o Iraque, pelo que decidimos construir um presépio vivo. Até aqui tudo bem, pois o tio Augusto ainda não perdeu a mania de ser o menino Jesus, e até fica muito bem na manjedoura que mais não é que o berço que tem servido de abrigo aos recém-nascidos cá de casa há pelo menos quatro gerações. Para ser o rei mago Belchior convidámos o Tinoco, cabo-verdiano na clandestinidade e pessoa importante cá no bairro, pois é chefe de gang e cantor de hip-hop nas horas vagas, mas a avó Urzelina recusou porque, diz ela, não gosta pretos, e lá tivemos de cobrir o Arturzinho com graxa de sapatos, castigo por ter destruído o presépio. Mas a coisa complicou-se quando a prima Ossétia quis fazer de Nossa Senhora com o umbigo à mostra. A avó ficou com convulsões e tivemos de chamar o senhor padre da freguesia que é exorcista para a tentar controlar, mas quando descobriu que a causa dos achaques da avó era o umbigo da prima Ossétia quis vê-lo in loco e logo ali ficou louco, pois arrancou o colarinho branco, rasgou a sotaina e espumou pela boca. Para o acalmar a avó deu-lhe um lugar no presépio, e desde ovelhinha a musgo o senhor padre tem sido incansável a incarnar todos os papéis, e quanto mais próximos do umbigo da prima Ossétia, melhor. Resumindo a coisa não está fácil.
Quanto à ceia de natal eu e o Arturzinho gamámos uma lata de feijões da mercearia do senhor Aparício que é herói nacional porque combateu em África, mas a avó quando viu a parca ementa ainda ensaiou mais uma dose de convulsões mas controlou-se a tempo porque o carteiro veio trazer uma encomenda urgente do tio Américo que está na América, e ao abri-la deparámos com o paraíso: 2 paletes de coca-colas, uma normal e outra light que não faz mal à saúde, duas dúzias de hamburgers em conserva com o selo da Bush, Farm & Beast, um autocolante da CIA, uma t-shirt do FBI, um autógrafo do Schwarzenegger, uma cadeira eléctrica de brinquedo, e uma coisa informe e estranha que o Arturzinho que esteve no Iraque reconheceu como um prisioneiro seviciado que talvez tenha vindo na encomenda por engano. Enquanto não falamos com a emigração o pobre homem já tem lugar no presépio como S. José, e até parece que esqueceu o que sofreu quando se cruza com o umbigo da prima Ossétia.
É por esta e por outras que acho que esta minha prima deveria ser beatificada. Como seu confidente nas noites geladas de inverno, só eu sei o significado da palavra santa. Santa Ossétia, até porque soa muito bem.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Monty Python


Só estes senhores nos podem livrar da crise.

terça-feira, dezembro 13, 2005

O Erro de Darwin

O conceito de evolução do ser humano está definitivamente errado. É certo que o processo evolutivo tem a ver com o meio ambiente e as suas condicionantes. Segundo Darwin, o ser vivo adapta-se biológicamente ao seu meio, de modo a permitir a sua própria sobrevivência. Mas estamos a falar de seres vivos que se movem apenas segundo o seu instinto para viver., não estamos a falar de Homo Sapiens.
Vamos por partes. Nasce um ser humano. A sua dependência em relação à progenitora é notória nos primeiros meses e de uma maneira geral é comum em relação à maioria dos outros seres vivos. Mas a partir da altura em que a cria humana começa a enfrentar o mundo que a rodeia, começam os problemas. E aí a cria interroga os pais, que na maioria dos casos não respondem, ou porque não sabem, ou porque não querem. Depois vem o universo dos brinquedos, da fantasia. O menino Jesus é substituído pelo pai Natal armado de coca-cola, o universo católico predominante substitui o seu profeta pelo ícone do mais desenfreado consumo. E temos a criança a preferir o palhaço vestido de vermelho que lhe oferece uma beberragen adocicada que lhe sabe bem.
Nesta altura já a cria do leão aprendeu a caçar juntamente com os pais, mas a cria do Homo Sapiens permanece enjaulada num infantário, numa escola, ou em frente a um computador confundindo cada vez mais o real com o imaginário.
Mais tarde, talvez consiga filtrar o conhecimento adquirido, colocá-lo ao seu dispôr e da sociedade com o fim de melhorá-la e melhorar-se. Ou talvez não.
E aqui é que bate o ponto. Darwin enganou-se redondamente. Não pensou que uma espécie dominante pudesse destruir outras espécies e também a sua própria espécie e o seu próprio meio ambiente. Infelizmente Darwin limitou os seus estudos aos habitantes das ilhas Galápagos e esqueceu os restantes. Resta alguma esperança na inteligência de alguns (cada vez menos) Homo Sapiens para travar o processo e retomar o caminho perdido.
Mas se enquanto há vida há esperança, imaginem Darwin a encalhar o navio nas praias da ponta mais ocidental da Europa. Aqui a espécie dominante é um ser vivo rastejante, lacrimejante, simultâneamente dócil e arisco, o tuga, vivendo em buracos construidos sobre buracos, com uma tendência evolutiva para a autodestruição, ou seja,
uma transição pacífica da inteligência para a estupidez. O tuga é uma espécie aparentada ao Homo Sapiens regredindo a uma velocidade estonteante para Australopiteco, e daqui para algo pior, sem a dignidade do seu antepassado primata, passando da posição erecta para a rastejante, de quatro patas no chão, alimentando-se dos restos que os predadores carnívoros rejeitam.
Darwin não teve culpa do seu erro. Mas é incrível como um ser tão insignificante e práticamente desconhecido deita abaixo toda uma teoria, aliás científicamente bem demonstrada mas infelizmente incompleta.
Nunca um tuga sonhou ter tal importância. Não há outro exemplo de tal aberração na cadeia evolutiva.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Debates

Não aguento debates. Não sei porquê mas ao fim de 30 segundos de debate entre candidatos à presidência já estou com as palpebras pesadas. Não entendo como alguém suporta isto.
Imagino como seria um debate à séria, com insultos, porrada, tiroteio. Assim como um filme de acção americano, com muito sangue a espirrar e muita mioleira espalhada pelo asfalto. O Alegre a dar pontapés no baixo ventre do Soares enquanto este tenta ferrar-lhe a dentuça no tornozelo... o Louçã a correr atrás do Cavaco com uma motoserra... o Jerónimo a oferecer ao Alegre um cálice de cicuta... o Cavaco de fitinha na cabeça à Rambo, armado de G3 e a fuzilar os outros candidatos...
Qualquer coisa deste género. Um reality show de candidatos. Uma espécie de big brother em que os presentes seriam fechados e isolados num apartamento na Reboleira
tendo ao dispôr todo a espécie de arsenal violento, desde facas de cozinha a misseís terra-ar. Seria o delírio e um estrondoso record de audiências.
No final o único sobrevivente seria presidente.
Falem com a TVI.

terça-feira, novembro 22, 2005

Incêndios, pai-nossos e cavacos

Cá em casa anda tudo à nora. Desde que a avó Urzelina deixou queimar a foto do Cavaco recortada do Expresso, e que estava no seu altar dos santinhos iluminada por velas de cera, que nunca mais tivemos sossego. Até o tio Augusto, coitado, que se julgava um protozoário, deixou o refúgio do seu sotão e desceu à terra, insistindo em apanhar o próximo metro para Tegucigalpa, e gritando aos sete ventos já estar farto de viver onde vive. A avó Urzelina é uma pessoa muito determinada, e quando lhe acontece alguma leva tudo à frente, que o diga o pobre do Arturzinho que ia ficando esmagado pela senhora e só a as suas botas novas forradas com bifes de alcatra importados do Texas o salvaram da desgraça, desatando a correr pela rua abaixo com a avó Urzelina a persegui-lo, culpando-o do incêndio no altar. A avó voltou-se então para o tio Augusto, acusou-o do crime hediondo de incendiário de fotos de candidatos, e ameaçou queimar todos os posters de vaginas que o tio tem no sotão. O tio ficou com a boca tão aberta de estupefacção que durante 2 semanas não a conseguiu fechar completamente. Subiu a correr ao sotão e ainda não apareceu cá em baixo, nem vivo nem morto. Eu, que não sou visto nem achado nestas histórias, prometi à avó Urzelina outra foto do tal Cavaco, não sei o que o homem tem para se deixar fotografar pelo Expresso, ainda se fosse algum prostituto daquelas revistas para gajas ninfomaníacas ainda vá, mas eu próprio duvido que o homem tenha algum atributo que mereça tal distinção.
Quem não duvida é aquele senhor com pinta de nazi, o tal Luís Delgado, que só falta descobrir a vocação do Cavaco para macho latino, assim a fazer concorrência ao Zeca Camarinha. Realmente, a julgar pelos elogios que o Candidato recebe deste senhor, é de desconfiar se aqui não existirão gostos duvidosos ou se não passa simplesmente de idolatria pagã.
Por falar em pagãos, vou todos os domingos com a prima Ossétia à catequese cá do bairro, faço todos os sacrifícios para estar perto da rica priminha, e até já aprendi o pai-nosso que rezo em coro com a prima, enquanto ela me deita uns olhares que me fazem aprender a rezar até as avé marias e o 13 de maio na cova diria. O catequista é um senhor qualquer das Neves, que parece que foi em tempos ministro do tal Cavaco da foto, vejam lá como o mundo é pequeno. Mas o tipo é esperto, pois não lhe passaram despercebidos os olhares da prima Ossétia e as minhas mãos em oração pelo meio das coxas dela. O fulano, se calhar ciumento, mandou-me recitar de joelhos as epístolas de S. João Baptista mais o versículo 3 do salmo de Ísaias aos jacobeus, e eu já tão farto do homenzinho mandei-o para a puta que o pariu, versículo 8 do salmo do Zé Povinho aos
filhos da dita, e o gajo ficou com a boca ainda mais aberta que o tio Augusto, de tal modo que um ninho de vespas floresceu lá dentro, e o tipo já não pode recitar loas ao Cavaco.
E foi assim que perdi uma oportunidade de ouro de trazer um poster do Cavaco para oferecer à avó, que anda tão desconsolada, coitadinha. Ainda pensei rasgar uma das fotografias do senhor que andam por aí à beira das estradas, mas parece que o Arturzinho teve a mesma idéia para poder voltar para casa e por àgua na fervura, e foi caçado por um gang de polícias à paisana que o enfiaram na Penitenciária. E se não fosse o tio Américo, o tal que está na América, interceder pelo pobre Arturzinho, ainda agora o rapazinho estaria a pão e água no calabouço, e não no Iraque a defender a civilização ocidental como serviço cívico. Realmente o tio Américo tem muitas amizades lá nos States, e é graças a ele que não falta nada na nossa querida casinha, nem papel higiénico para irmos para as traseiras aliviar o traseiro, nem pastilhas elásticas que têm servido para tapar os buracos do tecto quando chove. E vejam bem que o tio até enviou à avó Urzelina um poster do Cavaco novinho em folha, todo colorido e devidamente retocado pela fábrica de efeitos especiais Holy Magic Bush & Light, mais uma colecção de velas a pilhas sem qualquer perigo de incêndio!
E enquanto isto cá em casa vai entrando aos poucos na normalidade, eu sempre vou rezando uns pai-nossos à noite no quarto da prima Ossétia, que esta vida não é feita exclusivamente de prazeres terrenos.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Desenho Inteligente

Estava para não falar nisto, mas hoje, como até o astrónomo do Vaticano "refilou", vou voltar à carga.

Atão não é que o Supremo Tribunal do Kansas (sim, aquele nos USA de onde levantou voou a Dorothy do Feiticeiro de Oz) tornou obrigatório que na disciplina de Ciências fosse ensinada, em contraposição à Teoria da evolução de Darwin, uma "coisa" chamada "Desenho Inteligente" que não é mais do que um novo nome para o Creacionismo.

O que o Sr.Astrónomo papal veio dizer e muito bem é que esta "coisa" poderia ser dada nas aulas de religião ou na de história, mas nunca como uma ciência pois não obedece aos preceitos científicos mínimos.

No "Desenho Inteligente" diz-se resumidamente que a Vida o Universo e tudo o resto é complicado de mais para ter origem em evoluções aleatórias e portanto, tal como o homem pré-historico acreditava em deuses do fogo, da água, do trovão, etc., os modernos kansistas podem acreditar à vontade num supra-desenhador que orientou a evolução até chegarmos a este cúmulo da inteligência que são os .... juizes do Supremo Tribunal do Kansas.

Mas isto não é de admirar num monte de pacóvios que acreditam que o Brusho é o salvador do "americam way of life". E já agora, se as CIAs, NSAs e quejandos recolherem isto e tiverem inteligência suficiente para ler o português, então VÃO-SE FODER.

Se um dia destes desaparecer sem rasto, podem-me encontrar em Guantanamo ou numa prisão no Iraque, Afeganistão ou outro país invadido pelos salvadores Amerdicas (e porque não Portugal???).

sexta-feira, novembro 18, 2005

Jornalistas?

Olá marinheiros.
Eu sei que há muito tempo que nada escrevo mas com o estado em que está portugal (sim, com letra pequena) a maior parte das vezes só apetece escrever merda, merda, merda, ....

No entanto hoje levantei-me mais bem disposto e como à sexta compro o 24 horas (é o unico jornal diário que tem um BOM suplemento de informática) fui a ler na viagem para a escravidão.

Atão não é que dos poucos artigos que leio (Quentes e Boas) vem a autora (uma Gracinha de nome) a dizer que a entrevistadora do Cavaco na TVI está a ser acusada de preparar bem demais a entrevista e consequentemente ter entalado o bicho.

PORRA! Quando finalmente um jornalista, no meio da escumalha jornalistica que temos, prepara-se bem para cumprir a sua função ... PUMBA na cabeça.

Conclusão - mais uma vez em portugal não se pode ser bom profissional. O que queremos é medianismo, não levantar ondas não colocar os poderosos em cheque, não fazer as perguntas difíceis ou seja, é preciso é adormecer o pagode, dar-lhe telenovelas, 1as. companhias e nada que faça pensar.

É obviamente impossível em portugal ter um watergate ou qualquer coisa semelhante, isto para não falarmos numa operação "mãos limpas", senão veja-se para onde vão todos os casos judiciais que incluiem gente "poderosa".
Isto só lá vai vestido um casaquinho de C4 e ir visitar a AR. Tinha a vantagem de reduzir a taxa de desemprego e diminuir substancialmente o numero de chulos que nada lá fazem.

sábado, novembro 12, 2005


Alegrem-se, infelizes portugas! O Carnaval está a chegar e trás mais um palhaço de volta!

segunda-feira, novembro 07, 2005

Vegetais, bifes e cavacos

Desde que prima Ossétia se tornou vegetariana, a vida cá em casa já não tem o mesmo sabor. Para já deixámos de comer de frango constipado por causa da gripe, e agora a rica priminha não nos deixa tocar no bifinho de alcatra marca carrefour que em dias de fartura servia para tapar os buracos dos sapatos do Arturzinho. O pobre rapaz anda tão mal que já só tem buracos em vez de sapatos, sintomas da crise que se vive cá em casa e que não há meio de passar.
Mas no meio desta desgraça, o tio Américo que está na América enviou-nos por DHL uns hamburgueres genuínos do Texas, nada como essa merda que comemos aqui na Europa, pois cheiram pior, sabem pior e têm 10 vezes mais colesterol que os seus congéneres europeus. Lá conseguimos remendar os buracos dos sapatos do Arturzinho, que viu assim o cheiro característico dos seus pés ser substituído pelo cheiro avassalador dos bois texanos, coisa que felizmente já nós estávamos habituados.
A prima Ossétia é que não gostou nada da coisa, e, entre uma mastigadela de ensopado de alcachofra e um gole de sumo de couve lombarda disse das boas e das bonitas sobre a nossa dependência da carne bovina e afins, e até eu que sou um insigne apreciador de coxas, especialmente as da prima Ossétia, fiquei deveras envergonhado e prometi a mim mesmo nunca mais olhar um pedaço de carne de frente. Bom, olhar é diferente de tocar ou mastigar, não é?
Mas o que mais me emocionou nestes últimos tempos foi a apaixão assolapada que a avó Urzelina demonstrou por aquele sujeito fininho e de queixo rabeca que parece que já é presidente antes de ser eleito, o tal Cavaco, Silva de alcunha. Calculem que avó colocou uma fotografia do senhor recortada do Expresso na mesinha de cabeçeira, entre a imagem da senhora de Fátima e a capa do último CD pirata do Marco Paulo, que a avózinha comprou recentemente na feira do Relógio a um paquistanês da Reboleira. E todas as noites antes de adormecer faz a sua reza habitual, mas introduzindo na lamúria uma petição divina pela boa saúde do sr. Silva, Cavaco de alcunha, pois é o único ser erecto à face da terra capaz de salvar a família do desastre. Pelo sim pelo não, a avó Urzelina já fez saber aos quatro ventos e em anúncios de jornal que apoia o sr. Aníbal, Cavaco de apelido, e que não torna a cair no erro de alguns atrás de apostar no candidato errado que veio a vencer as eleições e que levou o pessoal a colar bifes de alcatra nos sapatos.
Mas isto já me cheira a esturro, mesmo com o cheiro abominável dos hamburgueres texanos do tio Américo. Primeiro a prima Ossétia volta-se para os vegetais, depois a avó Urzelina converte-se ao cavaquismo, abandonando de vez os adventistas do sétimo dia, e para rematar o tio Augusto, que vivia no sótão no meio de posters de vaginas, perdeu definitivamente a razão, confundindo-se a ele próprio com uma amiba do período Protozeico.
E eu? Que faço no meio disto tudo? Está fora de hipótese tornar-me vegetariano, não condiz com a minha concepção do mundo. Apoiar Cavaco, o Silva? Ainda não estou deficiente mental, apesar de para lá caminhar a passos largos. Comer hamburgueres texanos? Já me basta comer o pão que o diabo amassou...
De modo que fico para aqui a cismar e a pensar nas coxas da prima Ossétia, e talvez chegar à conclusão que o Tio Augusto é que está certo no seio desta família...

quinta-feira, outubro 27, 2005

A GRIPE DAS AVES

Cá para mim, isso da gripe das aves é uma grande treta. Pelo menos aqui por perto não existe e mesmo que venha a existir, seguramente apenas afectará animais com penas de menor porte ou de condição mais frágil e portanto já por si postos à margem da cadeia de preservação da espécie.
Ainda tive alguma ténue esperança que essa tal de gripe da passarada se transformasse em rápida epedemia avassaladora dessa espécie, e que se propagasse em tempo útil à união europeia e particularmente a este país, onde a passarada sempre encontrou as condições perfeitas para o seu rápido desenvolvimento e preservação. Mas afinal, mais uma vez tenho de me resignar com a triste realidade de que nem uma simples gripe selectiva faz o favor de aqui chegar, fulminante e transformadora da capoeira a que chamam Portugal.
De facto, os passarinhos e passarões que por aí proliferam estão e continuam sem um espirro, sem as asas caídas, sem sequer diminuirem as forças que lhes permitem os voos, quer razantes quer altos. E continuam a defectar cá para baixo como muito bem lhes apetece, em alegre rodopio de cacarejos, em bandos de animais à solta.
Engalanadas na sua plumagem, as aves que proliferam neste país são de diferentes famílias mas todas pertencem à mesma espécie, pelo que tendo traços genéticos comuns, seria fácil uma gripesinha entrar-lhes pelo bico ou pela cloaca e zás...adeus aves!
E não se pense, como eu pensei durante algum tempo, que são aves raras. De facto em tempos muito antigos foram raras, mas hoje face às condições de habitat natural e capacidade de reprodução assistida, existem aos milhares neste grande aviário nacional, embora mantenham capoeiras próprias a cada família.
Claro que nem todas estas aves têm o mesmo porte e altivez, pois enquanto algumas são os instrutores de vôo, garante de chegarem cada vez mais longe e mais alto, a maioria das restantes são o garante da continuação da espécie, mantendo as capoeiras em perfeitas condições e o aviário nacional como permanente fornecedor de melhores e mais alimento.
Vejam-se alguns exemplos de famílias de aves que, conhecendo-se uns quantos passarocos, logo é fácil identificar muitos outros que andam por aí a cagar-nos em cima da cabeça e a dar-nos bicadas.
Da família dos "grosnaris falorum baratis", conhecidos no vulgo por papagáios de asa listada, temos os Marcelos, Pachecos P., directores de informação de TV´s e jornais, etc.
Da família dos "avis superioris", mais conhecidos como águias supremas, temos os Balsemões, P.Portas, L.Delgados, etc.
Da família dos "sapiem aldrabis", na gíria popular conhecidos como picansos reais, temos os Barrosos, Sócrates, Marques M., S. Lopes, Joões J., Isaltinos, Marias, etc.
Na família dos "canora absolutis rapinus", estes os passarões dignos desse nome e por isso mesmo designados pelo povo como águias-reais-que-nos-fodem-tudo ou abutres de bico longo, encontramos sub-classes tais como os Sotto Mayores, os Espíritos Santos, os Belmiros, os Cravinhos, os Jardins, etc, etc.
Claro que a lista de aves de rapina é extensa, tal não fosse esta capoeira nacional um priviligiado local de culto, mas apenas se dá uma ideia sobre a passarada que deveria contrair a dita gripe.
Desgostoso que uma epedemia a sério não venha varrer com todos esses passarinhos e passarões, fica-me a esperança que o H5N1 possa rápidamente transformar-se num vírus mais eficaz, tipo H100ApeloNemAgravo, e lhes entre pelos buracos das suas fuças transformando rápidamente toda esta corja de aves em yogurte líquido light.
Eu nada farei para lhes encontrar uma vacina.

sexta-feira, outubro 21, 2005

Que mal fiz eu para merecer isto?

Nunca como hoje existiu tanto tédio neste país. Creio mesmo que o mal deste país é apenas o tédio. Morre-se de tédio hoje em dia. E como este blog tem andado à deriva é perfeitamente natural que o tédio espreite quem nele vai botando algum serviçinho, mesmo que seja de qualidade duvidosa. Compreende-se, as digestões andam dificeis cá pelo burgo.
Não evito um longo e soberbo bocejo ao ouvir os comentários bajuladores dos lacaios cavaquistas, não evito uma ponta de nojo perante o personagem, não evito sequer um penoso aborrecimento perante os outros merdosos candidatos à presidência, meu deus, se existes, lança sobre tudo isto aquela praga que guardavas para os teus dias de azia...
Nunca como agora a baba de safio fez tanto sentido. Escorregadia, fétida, mal cheirosa.
Este país tresanda de baba e de babosos safios e aves raras. Antes caísse sobre nós uma chuva de langonha, que aturar esta gelatina infame que passa pelas frinchas das janelas, atravessa as fissuras das paredes, invade o nosso condomínio através da televisão. A baba junta-se ao canto da boca, e quanto mais o personagem articula pseudo mensagens de esperanças vãs, mais esta engrossa, passa do branco espumoso ao amarelo, e então os perdigotos começam a chover em todas as direcções, e só quem tem guito para se proteger é que não leva com esta chuva infame.
Dirão que isto é um exagero, mas não é. Tanto tempo para isto, meu deus, tanto tempo perdido à espera de um salvador, de um anjo vingador que se apresenta com as solas das botas gastas das lambidelas dos bajuladores. Seria mais barato pagar ao Homem Aranha para fazer este papel, ou então ao incrível Hulk que até passaria despercebido no meio dos vómitos verdes dos poucos que ainda abominam a situação.
E andamos nós nisto, cobertos de podridão salazarista, de soares a cavacos, de durões a santanas, de sampaios a louçãs, de guterres a sócrates, de alegres a tristes jerónimos de circunstância, de merdolas profissionais da comunicação social que lambem todos os cús no afã de manterem o emprego. Acautelem-se os incautos, a baba vem aí, vai engrossando à medida que apanha as suas vítimas no engodo, vai apertar-vos o cachaço com mais uma correntes, vai tornar-vos mais escravos do consumo obrigatório e do telemóvel 3G. Confusos?
Pois bem, delirem à vontade com as bichezas do palhaço Castelo Branco, ele é pago para isso, para vos atirar com a baba ao focinho. Apreciem as dissertações verborreicas do Marcelo, e façam que sim com a cabeça cada vez que o homem arrota uma baboseira ou uma opinião de pacotilha, a baba de safio até lhe chega aos tornozelos.
A inteligência não chegou a este cantinho, até deus se esqueceu que os portugueses estão para a Europa como o acne está para os adolescentes, e a única pomada que nos receitou foi esta funesta baba, que nem tem direito a ser um genérico, que se espalha no mal e torna o mal ainda pior, triste sina a nossa.
E o pior de tudo é o tédio, estamos tão habituados à trampa que esta já não nos incomoda, apenas nos faz tédio, tédio, tédio. Estamos fodidos, meu, estamos todos fodidos. O homem vem aí e vai entrar pela nossa casa adentro durante pelo menos quatro anos. O gajo e o Sócrates vão subir pelo cano esgoto, passar pelo sifão, e tocar o sino com os nossos tomates. E não consigo pensar nisto sem sentir um grande e prolongado aborrecimento...foda-se...

quarta-feira, outubro 19, 2005

O país está de boca aberta.
Então o BES está sobre investigação por branqueamento de capitais e fuga ao fisco?
E os seus administradores andaram para aí a fazer coisinhas feias com o dinheiro dos depositantes?
Posso acreditar que somos governados por extra-terrestres gelatinosos, mas acreditar nas falcatruas de um banco que para além de financiar as principais equipas do luso futebol ainda foi fiel depositante das poupanças do general Pinochet, esse grande herói latino-americano?
E acredito piamente nas palavras do administrador do BES Ricardo Salgado quando diz que errar é humano, e que talvez alguém possa ter cometido pequenos erros, tais como criar empresas fictícias e desviar milhões para paraísos fiscais.
Pôrra, pá, a isto chama-se desenvolvimento sustentado!

segunda-feira, outubro 17, 2005

A organização Oikos (inventam cada nome para estas merdas!) concluiu que em Portugal as 100 maiores fortunas representam 17% do PIB, e que 20% dos mais ricos controlam 45,9% do rendimento nacional. Estes valores não são dignos de um país europeu e membro efectivo da UE, mais se aproximam de um país em vias de desenvolvimento.
Ora bem:
Entre 1974 e 1984 este país conheceu a instabilidade própria do período pós-revolucionário, sofreu as investidas do capital estrangeiro para controlar a refrega, aturou toda a espécie de jogos sujos de políticos caseiros, suportou o bloco central. Até que inevitávelmente o salvador veio de BX espurgar o demónio. O Algarvio Cuspidor agarrou o barco com a maré a seu favor, com a grana a chover em catadupas sobre os basbaques ministros do seu séquito, vendeu a treta do oásis, e fechou os olhos à rebaldaria que os seus apaniguados fizeram com os fundos de coesão. Quando as coisas deram para o torto, os seus apoiantes abandonaram o barco com os sacos cheios de produtos do saque, criaram os seus negócios, impuseram as suas regras, e até hoje têm exercido sobre o pobre estado aquilo que em linguagem policial vulgarmente se chama de chantagem. Os seguidores do Cuspidor na chefia do Estado apenas deixaram seguir o barco à deriva até que a tempestade que se adivinhava os fez desistir. Não admira, pois, que as coisas estejam como estão.
E vem agora este sujeitinho incrível candidatar-se a Presidente, com falinhas mansas e pézinhos de lã, a tentar disfarçar a arrogância provinciana que sempre o caracterizou, na mira de conquistar votos no inferno. Os seus sequazes embasbacam de alegria e já se masturbam em público em frente às câmaras de TV, os comentadores politicos vendidos já lhe prevêm uma vitória fácil, os mais exaltados não escondem um espírito vingador.
Este homem ignorante, inculto, vaidoso, cinzento e boçal vai ser presidente depois de ter sido praticante de atletismo, ministro das finanças, 1º ministro, professor universitário. E vai sê-lo porque os seus sequazes de hoje e de sempre, os tais 20% que controlam metade do país, precisam de mais um lacaio que lhes alivie a braguilha para mijarem ainda mais à vontade. As coisas estão tão más que o Sócrates sózinho já não dá conta do recado.

terça-feira, outubro 11, 2005

Mortugal...

Do Dragoscópio como sempre uma lúcida observação:

Ao Portugal actual chamemos Mortugal. Isto, se quisermos ser realistas. Para os mais sonhadores, talvez Hortugal esteja mais a contento: já não é um jardim à beira-mar plantado, mas ainda pode ser uma horta. Nabos e hortaliças, pelo menos, não faltam.Pois bem, neste Mortugal em que jazemos, os piores julgam-se os melhores, são ovacionados por microturbas mentecaptas, e reinam em conformidade. Em vez duma República aristocrática temos, por conseguinte, uma república cacocrática ou "democracia dos alguidares". Em vez de glória e grandeza, temos baixaria e corrupção. A pergunta que eu, entretanto, gostava de deixar a todos os autoproclamados patriotas é, no essencial, a seguinte:Será possível, sem recurso à magia negra, fazer duma oligarquia dos piores uma oligarquia dos melhores? Isto é, na terminologia Pessoana, será possível, a não ser por artes taumatúrgicas, converter uma oligarquia caótica numa agremiação organizada? Um cancro num cérebro? Um monstro rastejante num Zeus Olímpico?...Relembro que isto ainda não é uma república das bananas, apenas e somente, porque é uma república dos macacos e, assim sendo, não há bananas que resistam.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Rescaldo das eleições

Triste, muito triste mesmo. Ferreira Torres foi enxotado da câmara de Amarante e já não pode fazer companhia aos restantes elementos da quadrilha chefiada pelo major Batata.
Deixo aqui o meu voto de solidariedade para com o ex-autarca modelo de Marco de Canaveses, e a minha proposta para que a Fátinha, o Tininho e o major Batata façam das suas câmaras municipais o que os traficantes de droga colombianos fizeram da cidade de Medelin.
Se forem mesmo corruptos que o sejam até às ultimas consequências, pôrra!

quinta-feira, outubro 06, 2005

Os 10 Mandamentos


Sempre me irritou esta imagem do profeta Moisés a tentar esmagar alguém com as tábuas dos 10 mandamentos, assim como quem quer obrigar o pessoal a cumpri-los à força, nem que tenha de esmagar crânios para os meter lá dentro. Sendo Moisés incarnado aqui pelo actor fascista Charlton Heston, a imagem até tem qualquer coisa de real, ou de profecia, como queiram. Não admira, pois, que estes mandamentos divinos não sejam levados a sério. Depois de levarem com as tábuas na moleirinha arremessadas pelo energúmeno Heston qualquer mortal ficaria irremediávelmente cliente assíduo das consultas do Júlio de Matos. Mas supondo que Moisés tenha realmente existido, e que Deus (cuja existência não se questiona) lhe ofereceu em promoção as tábuas da lei, e que este, num ataque de raiva incontida, deu uma valente coça ao desgraçado povo judeu que este andou perdido milhares de anos pelo mundo fora sem encontrar poiso certo até que decidiu ocupar pela força terra alheia.
Mas não teria sido deliberada esta violenta acção do profeta? Não teria Moisés pensado que o seu Deus ao querer obrigar o pessoal a cumprir aqueles mandamentos não estaria já decrépito e senil? E que num gesto de impotência face ao divino descarregásse a sua fúria sobre a pobre turba ululante, na esperança que esta fizesse tudo ao contrário? O que é certo, tenha ou não tenha sido assim, a coisa resultou em pleno.
Senão vejamos:

1º Amar a Deus sobre todas as coisas
2º Não pronunciar o seu nome em vão
3º Guardar os domingos e dias de festas
4º Honrar pai e mãe
5º Não matar
6º Não pecar contra a castidade.
7º Não furtar
8º Não levantar falso testemunho
9º Não desejar a mulher do próximo
10º Não cobiçar coisas alheias

Com excepção do 3º nenhum dos outros é levado a sério.
E sendo certo que até os políticos sobrevivem à custa dos seus pecados, e que alguns até querem obrigar o pessoal a trabalhar ao domingo e dias santos, então o melhor teria sido Moisés usar as tábuas da lei para construir os alicerces de algum condomínio de luxo em Gondomar, Felgueiras, Amarante ou Oeiras.
É que o esquecido 11º mandamento diz que

Corrupto, quando morre, vai para o paraíso fiscal.

Citação anónima em tempo de eleições

"Não contem à minha mãe que entrei para a política. Ela ainda pensa que sou pianista naquela casa de putas!"

segunda-feira, outubro 03, 2005

Do "Bicho Carpinteiro":

O republicano William Bennett, apoiante de Reagan e Bush, defendeu que se todas as mulheres americanas negras abortassem, o crime diminuiria.

Comentário do Cesto:

O fulano é muito restritivo e tímido a emitir esta opinião. Direi mais: se a mãezinha
do sr. William Bennett tivesse abortado na devida altura, bem como a do seu correligionário Bush pai, a criminalidade diminuiria ainda mais, e o mundo seria um sítio muito mais tranquilo para se viver.

quarta-feira, setembro 28, 2005

Votar em Oeiras

O Cesto da Gávea junta-se à proclamada vaga de fundo de apoio à candidatura do sobrinho do Isaltino à Câmara de Oeiras. O homem é motorista de táxi na Suiça, um trabalhador emigrante, e zelou honestamente pelas poupanças do tio naquele país.
Melhor candidato não há.
Deixe o seu apoio na caixa dos dejectos, s.f.f.

sexta-feira, setembro 23, 2005


O pessoal passa a vida a queixar-se dos políticos, que são todos uns corruptos, que só querem tacho, que se fartam de gamar, etc., etc,.
Estes senhores e esta senhora estão em vias de serem eleitos para as autarquias em que concorrem, apesar de terem processos judiciais a correr por corrupção e outros delitos.
O povo queixa-se mas depois dá-lhes o voto.

Este povo só tem o que merece.

sábado, setembro 17, 2005

A Marca Portugal

Estou parvo. Ou seja, estou mais parvo que o costume. E assim ficarei se continuar a não entender esta nova diarreia cuspida pelo famigerado e douto ministro socrático da economia. O homem quer vender lá fora, que é como quem diz, ao relento, a magnífica, soberba e competentíssima Marca Portugal. Diz o homem que é para promover o país, e para ver se conseguimos sair desta crise de retrocesso sem retorno em que nos encontramos. O homem deve estar completamente etilizado, ou então esclerótico. Vender a Marca Portugal? Excelente, sr. ministro. Não tivesse eu a melhor das opiniões a seu respeito e estaria agora a pensar que se tinha esquecido da seringa espetada no bracinho. Mas vamos acreditar que sim. E proponho-lhe a venda dos maiores e melhores produtos portugueses além fronteiras.
Que tal o Valentim Loureiro? O homem é um portento, enriqueceu a vender batatas em África que vinham de borla do continente para alimentar os soldados que por lá andavam a matar pretos. Genial, ninguém faria melhor. E o Santana Lopes, o mestre do embuste, da incontinência e da incompetência, e o Durão, que por lá anda a promover e a promover-se, que da mentira já ninguém o leva. E o Jardim da Madeira, um ilustre coronel à moda brasileira, o Cavaco, mestre da vaidade e da política do cuspo, e todos os outros produtos nacionais, infelizmente para nós não importados da China, senão há muito que se teriam transformado em lixo.
Há muito produto com a Marca Portugal para vender ao desbarato. produto genuíno, com muitos anos de garantia, curam todos os males menos o mal de existirem.
E já agora sr. ministro, ponha um selo na testa com código de barras e tudo, com os dizeres Made in Portugal e desopile daqui para fora. Pode levar consigo a preço de saldo os seus colegas do governo, os partidos da oposição, os comentadores políticos, e comece já promover a Marca Portugal. Quem comprar uma dezena destes produtos leva de borla um Marques Mendes para porta-chaves, uma Lili Caneças de encher, e um serviço completo de meninos CDS com borbulhas e cabelinho à panasca.
Não se aceitam devoluções...

quarta-feira, setembro 14, 2005

Terra dos Mortos

Terra dos Mortos bem se podia aplicar a uma terra que eu cá sei. Só que neste filme os mortos sabem o que querem.
Um filme inteligente e imperdível do italiano George A. Romero, uma sátira radical ao capitalismo e à actual gestão norte-americana.
A ver urgentemente mesmo por aqueles que acham que este género de filme é menor, e também por aqueles que se acham muito impressionáveis. Perderão as manias.
Ah, já me esquecia, Asia Argento também anda por lá, bem viva e saudável!

quinta-feira, setembro 08, 2005

Querem mais?

Deixemo-nos de ilusões. Esta merda nunca deu o que tinha a dar. Somos periféricos e continuaremos a sê-lo até reduzirem o Palácio de S. Bento a cinzas. Quem já viajou de carro entre Barcelona e Lisboa num só dia sabe do que falo. Atravessar a pôrra da península de uma ponta à outra é pior que atravessar o deserto de Gobi em pleno verão e a fazer o pino. Não me venham com merdas. Isto aqui nunca deu nada, só andaram a fingir que um dia fomos grandes. E venham lá esses conas de sabão dos teóricos da verborreia defender a pátria lusa, a bandeira, a selecção de futebol, a Catarina Furtado e o Tiago Monteiro. Mesmo os que conseguiram sair da mediocridade periférica para visões globais acabaram por sucumbir ou ser eliminados pelos pensadores da incompetência masturbativa. Esta merda não existe nem devia ter existido. É um erro de casting geográfico. Um tumor no anús da civilização.
Um país aonde? Na ponta mais ocidental da Europa, no esfincter da Península Ibérica?
Devem andar com o nariz cheio de coca, esses intelectuais da economia de subterfúgio que defendem este mal estar geográfico como uma ponte entre a Europa eos States.
Por isso a única coisa que se produz nesta coisa chamada país são massas esponjosas amorfas e cheias de ácaros que se implantam a preço de saldo nas cabecinhas de Lilis Caneças e Paulas Bobones, Durões Barrosos e Santanas Lopes, Cavacos e Soares, Marques Mendes e Josés Sócrates, Belmiros e Amorins. Bardamerdas que um dia sonharam que teriam o poder na mão e um país a beijar-lhes os pés.
Nem país, nem poder, nem beijinhos. Apenas bosta. 99.000 km2 de bosta grossa, mal cheirosa e purulenta, onde até as moscas sofrem de arterosclerose.
Querem mais?

sexta-feira, setembro 02, 2005

O gajo chamou-me, pôrra!, e logo agora, já noite cerrada, cansado da viagem ao Monte Ararat, faminto que nem um cão. Mas a curiosidade ganhou terreno ao ver que o Presidente estava acompanhado do Lambe-botas lá do sítio, sujeito viscoso, sempre de sorriso de orelha a orelha, e sempre pronto a dar grandes abraços de amizade mesmo a quem acabou de conhecer há 5 minutos. Tal duo, o Presidente mais o fiel Lambe-botas, e ainda o Motorista do Presidente que fumava um cigarrito encostado ao Mercedes com o motor ao ralenti, espicaçou-me a curiosidade. Para além dos cumprimentos da praxe e do abraço gorduroso do Lambe-botas, tais personagens em pose conspirativa numa rua secundária da aldeia tiveram o condão de me esticar as antenas e tentar descobrir o que estariam ali a fazer. Segundo a conversa, o jantar deveria ter sido bem regado, pois a verborreia começou a tomar caminhos ínvios pela boca do próprio Presidente, já que da boca de um lambe-botas esperam-se todo o tipo de dejectos. Dizia o homem que se o deixassem acabava já com os incêndios, que fazia não sei o quê, mais não sei o quantos, e quando lhe lembrei que ali mesmo no seu concelho, lavrava um incêndio bem jeitoso o homem só respondeu que o governo o tinha deixado de mãos atadas, que não podia fazer nada e etc.. O Lambe-botas escutava embevecido com a argumentação e ripostou dizendo que o Sr. Presidenete era o maior, que já tinha feito muito pelo concelho, e que devia ir para ministro, embora por lá tenha passado de fugida há uns anos atrás. O Presidente, homem pragmático, respondeu que não, ali é que estava bem, já tinha trabalho feito, umas rotundas com relva e estatuetas avant-garde, uma passagem de nível eliminada, um pavilhão multi-usos sem qualquer uso, umas florzinhas plantadas à entrada de algumas aldeias circundantes, e o Lambe-botas a dizer que sim, senhor, nunca se vira nada assim no concelho, e eu com o vómito a subir-me pelo esófago acima, e suores frios a escorrerem-me pelas costas abaixo, enquanto pensava no pessoal da terra sem saneamento básico, sem apoio à 3ª idade, sem saúde que se visse. Mas estas coisas não são para serem feitas, se fossem feitas deixavam de ser promessas para políticos e aí deixava de haver caça ao voto. Quem já ganhou eleições a prometer rotundas à entrada e saída das povoções e uns malmequeres ranhosos plantados no caminho? E a conversa continua, descamba para as presidenciais, e aí o Lambe-botas transforma-se em Lambe-cús e canta loas ao Cavaco, e pede opinião ao Presidente sobre a candidatura da múmia de Boliqueime, e o Presidente desanca no Bochechas, e diz que tudo não passa de uma conspiração desde que o Sampaio correu com o Pedro, sim o meu amigo do peito Pedro, correligionário de muitas noitadas, um incompreendido. E já nesta altura o Lambe-botas, perdão!, o Lambe-cús está pronto a fazer sexo oral com o Presidente se este lho pedir, e o motorista já acende os cigarros uns nos outros, e o Mercedes continua a gastar o gasóleo da comunidade, e eu já me coço e arranho e já duvido se sairei ileso desta conversa para a qual fui chamado sem ser ouvido. Mas o que pensam estes gajos de um idiota, que nem é idiota da terra nem nada, para o pescarem no meio da rua de uma qualquer comarca de Santa Pachacha de Assobio, e o obrigarem a ouvir esta poluição de palavreado ignóbil, vil, e pior do que tudo, profundamente mal cheiroso?
E estava eu a pensar se havia de suicidar-me ali mesmo quando a minha prima Ossétia (a querida prima Ossétia!))assomou à varanda a chamar-me para a ceia de toucinho com pão escuro e vinho caseiro e lá vou com mil desculpas com receio que a descrição do repasto não aguça-se apetites de Lambe-cús e Presidentes.
Já em casa, com uma mão no toucinho e outra na perna da prima Ossétia, ouvi o resfolegar do Mercedes a sobrepôr-se ao barulho típico do rebanho do tio Camilo que marchava rumo ao pasto.

Nota: Os factos relatados neste texto são rigorosamente verdadeiros com excepção do Lambe-cús e do sr. Presidente, pois toda a gente sabe que tais personagens só existem nos contos de fadas.

segunda-feira, agosto 22, 2005

NÃO HÁ FOGO SEM FUMO

Desde há uns tempos que ando desgostoso com este país, ou lá que isto é.
Nunca me considerei um prodígio lá porque comecei a perceber que isto é assim desde que levei as primeiras reguadas na primária. A entender que os aldrabões têm privilégios que todos os outros não têm. A compreender que ser espertalhão é que dá futuro. A constatar que a inteligência posta ao serviço dos que nos rodeiam só serve para acrescentar a palavra papalvo ao nome de batismo. A verificar que a matemática define claramente a regra da proporcionalidade aplicada à abestuntice, ou seja, quanto mais individualista e interesseiro um individuo o seja, mais sobe na vida deste país, ou lá o que isto é. A assumir que os ensinamentos paternais da honestidade e respeitabilidade pelos sentimentos puros afinal foram fruto de um grande equívoco que se revelaram desastrosos na vida desta sociedade.
Mas o mais grave é que chegado a este ponto, ao hoje deste país, ou lá o que isto é, já não me resta qualquer esperança de ver o parceiro do lado em atitude crítica actuante face ao outro parceiro do seu lado que permanentemente, e sem qualquer escrúpulo ou laivo de arrependimento, o amachuca, o engole, o enraba, o adraba ou o mata, mesmo que não fisicamente, pelo menos a nível do seu ser como pessoa.
É por isso que após hibernação, dei comigo a ouvir nas televisões e rádios que o país, ou lá o que isto é, estaria a arder.
Afinal não é bem assim. Aquela ténue esperança que isto estivesse para acabar por um fio de lume, afinal não passa de uma treta, uma grande treta. Basta subir ao Cristo Rei e ver que ainda está tudo para ser ardido.
Ora bolas!

sábado, agosto 13, 2005

FÉRIAS!!!

Como qualquer índigena que se preze, também tenho direito às minhas férias. Como o Algarve se encontra cheio de merda inglesa e alemã, além da merda tuga que por lá abunda, e além de toda a merda em que o transformaram, este índigena uma vez mais vai cheirar outras merdas, quiçá muito mais bem cheirosas. Deixo uma vez mais a merda deste país entregue aos montes de merda que o governam, mais aos merda-secas que ainda têm orgulho nesta merda. Espero estar de volta no dia 30, esquecido da pestilência que esta merda deita.
Tenham boas férias, e se ficarem por cá não se esqueçam da mola no nariz.

terça-feira, agosto 09, 2005

Ainda o TGV

Quem tem a sorte de viajar no intercidades de Lisboa para o Porto, vai deparar com uma paisagem espectacular de entulho, barracas com telhados de chapa, ferro-velho, carros abandonados, paisagem ardida, enfim, o país visto das traseiras. Se é para continuarem com este estado de coisas quando o TGV estiver para aí a circular, o melhor é pararem já com o 2486º estudo sobre o bicho.
Mas de qualquer modo o pessoal daqui não vai ter papel para viajar no monstrengo. Nem para o pagar, certamente. Cá por mim estou a pensar sériamente em juntar alguns tostões para daqui a 15 anos poder apanhar o TGV no dia da inauguração e pirar-me daqui para fora em grande estilo. Só é pena ser tão tarde, e o futuro já nem a Deus pertence.

sexta-feira, agosto 05, 2005

EUREKA

Uma rapidinha.

Finalmente descobri porque este país não vai a lado nenhum!!!

Toda a gente conhece a velha frase "ou vai ou racha". Ora, excepto o Conde de White Castle, todo o português quer é racha, logo isto não vai.

QED (em latim quer dizer "e assim está demonstrado").

Boa noite.
Por sugestão do Timoneiro, apresento aqui o que este blogue pretende ser. O animal bem podia chamar-se Tripulação Maravilha.

http://www.netdisaster.com/go.php?mode=cow&control=on&url=http://cestodagavea.blogspot.com

quinta-feira, agosto 04, 2005

Crónicas de Verão II

À beira-mar algures numa qualquer praia deste país para lá da à-beira-crise
plantado. Uma canícula de rachar. A brasa é tanta que até assa canas à sombra.
Aos poucos e poucos começa-se a formar uma ilhota de chapéus de sol às cores
para todos os gostos. Impelido pela curiosidade, levanto o rabo da areia, arrastando a toalha,
disfarçando com um assobio e um olhar disfarçado para as gaivotas, infiltro-me na ilhota. Estendo a toalha, sento-me e passo a observar.
Ao meu lado esquerdo, um casal de velhotes, vestidos dos pés à cabeça, dormitam sentados em cadeiras de lona um de cada lado do chapéu aos quadrados azuis e amarelos, com berloques
pendurados, enquanto o netinho se entretem a despejar areia para dentro do saco da merenda, aterrando sandes, saladas e bolos. O vôvô abre, por instantes, um olho: O que é que estás a fazer, Joãozinho? Nada, avôzinho, só estou a brincar com a areia!
Do lado direito, o banhista típico portuga, acabadinho de poisar. Ele, +/- 45 anos, pança descomedida, a caír sobre a tanga, bem ao estilo machão, vai dando ordens com o cigarro ao canto da boca. Ela, a D. Micas, bem farta de mamas e de pneus, tudo isto encafuado num fato de banho do tempo da Maria Cachucha e três números abaixo do tamanho apropriado, cumprindo as ordens do sê home, tentando enterrar o chapéu na areia, estender as toalhas, montar as cadeiras, colocar os sacos junto, espalhar a tralha dos filhos, enquanto lhes vai dando
uns calduços. Cumprida que está a tarefa, ocupam o território e começa o relaxe. O casal é amante da leitura. O panças devora A Bola e o Record. A D. Micas, embrenha-se na Maria, na TV Guia e nos Signos. Das crianças, essa cambada, o puto lê o Harry Potter, enquanto escarafuncha o nariz em busca de macacos, que depois de transformados em bolinhas, atira, de seguida para cima da toalha do vizinho, aonde se já vai formando uma sementeira, que ele nem se apercebe porque dorme, roncando que nem um porco, após ter bebido um café com
cheirinho e um bagaço para o caminho. A mulher, sentada na toalha, com os olhos fixos no mar, recorda o tempo de casadinhos de fresco, ele todo galã e ela, um peso-pluma, 52 Kg de corpo cheio de curvas, e as "brincadeiras" dentro de água. A miuda, gorda, com a boca e mãos lambuzadas do bolo com chantilly, brinca com a Barbie, despindo-a e vestindo-a vezes sem fim. Cansa-se da brincadeira e vai até à borda de água. A D. Micas ouve a filha chorar e grita:
- Ó Vitas, vai ver o qu'é que a mnina tem, que t'á a chorari!
O puto, sem levantar os olhos do livro, responde:
- Tem areia na'ona!
O pai enfia-lhe um palmadão na carola e esboça um sorriso amarelo na minha direcção.
Á minha frente um par de namorados, trocam beijos e apalpões, intervalados com iogurtes e fruta.
Vou dar um mergulho. A água está óptima. Um casal arrasta os calcanhares na
areia e, de saquinho na mão, vão juntando as cadelinhas, que saem debaixo dos pés.
Um puto armado em malandro, mergulha de chapão na água, molhando-me todo.
Apetecia-me agarrá-lo pelos pés e enfiá-lo na água, de cabeça para baixo.
O casalinho do marmelanço dirige-se à água. O rapaz deve de estar a precisarde "resfriar", mas por pouco tempo, porque o rossanço recomeçou ali mesmo com a água pela cintura. Ai, que
tesão que o amor dá!
Volto para a toalha.
- "Bolinhas de Berlim ... quentiiiinhas!" Grita o homem que traz a caixa dos
bolos ao ombro. Grande alvoroço.
Os putos gritam : - Ó pai...quero uma bola! - Não! responde ele. "- Ó pai, vá lá,
compra uma bola ... fogo!"
Uns cedem outros não. Os sortudos correm na direcção do homem, lançando
areia por cima de tudo o que é toalhas e pessoas. Os outros, armam birra, berram que nem uns desalmados e levam na corneta para se acalmarem.
O roncos acorda, mal humorado, come uma sandes de presunto, mama uma bejeca, arrota, coça a tomatada e vai molhar os pés. A mulher, apática, mordisca uma maçã e volta à apatia.
O panças, a D. Micas e a prol começam a tomar balanço para ir até ao restaurante deitar a baixo uns entrecostos grelhados, com batatas fritas e uma garrafa de tintol para os dois e umas Coca-Colas para os putos.

Assim como cheguei, saio de mansinho, arrastando a toalha.
Olho para trás. A ilhota esfumaça-se no tempo e no espaço.
Biiiiiiiiiiiiii! Seis horas ... sacana do despertador.

1º kabodserviçoàpipa

quarta-feira, agosto 03, 2005

Crónicas de Verão

No mês de Agosto este país encerra para férias, coisa sem importância uma vez que de há muito anos a está parte já se encontra fechado para balanço, esperando pelas conclusões finais de várias comissões de inquérito cozinhadas pelos nossos políticos.
Neste período de romarias é fácil encontrar o vendedor de banha da cobra, arte antiga que foi ultrapassada pelo ultra-moderno vendedor HABILIS-POLITICUS, mas os métodos não diferem muitos dos de antigamente.
Vamos pois visitar uma dessas feiras onde vários HB-POLITICUS vendem o seu produto.

- Ai meu povo, venham ver a pomada milagrosa OTARIUS, que desinflama a vista e faz crescer o cifrão! Produto confeccionado com ervas das matas de OTA! Na compra de uma embalagem ofereço um brinquedo TGV para os seus filhos e netos, tudo isto em suaves prestações mensais durante varias gerações!

Grande movimento, carrocéis , carrinhos de choque, roupas a metro e outro vendedor apregoa:

- Água-fresca, água-fresca, com este calor beba água AIQUELEVAS, pura cristalina das planícies Alentejanas! Produzida e engarrafada por nuestros hermanos, stock limitado! Na compra de uma garrafinha leva inteiramente grátis um talão de desconto para a idade da reforma!

Um outro grita a pleno pulmões:
- Tenho C'LOTES! Quem quer C'LOTES! Vendo C?LOTES, já aprovados para construção! Lindos espaços verdes com alguns buracos! Realize o seu sonho de ter uma quintinha, só aqui é que encontra esta magnifica oferta! Na compra de um lote leva sem pagar uma arroba de cortiça e um livro de orações ao Divino ESPIRITO SANTO!

Poeira, musica em altos berros, em cima de um escadote com um megafone na mão um HB-Politicus chama a atenção para o seu produto:
- Ultimo grito em combate aos incêndios! Proteja a sua casa, adquira um extintor marca ARDE! Não estou aqui para roubar nada a ninguém, e a prova disso é que tenho para oferecer isqueiros, acendalhas e até fogareiros para as sardinhadas, é só escolher meu povo!
Seja patriota, pois ao comprar um extintor ARDE está a contribuir para o desenvolvimento nacional da Industria área de combates aos incêndios e da construção civil !

Continuando a circular pela feira encontramos uma tendinha, onde se deitam cartas e se lê a sina, o futuro está negro para o ZÉ PAGANTE.
Num canto, e discretamente sentado em frente a uma secretária, um HB-POLITICUS anuncia nos painéis colocados por cima da sua cabeça que trata de qualquer documentação para investimentos e tem manuais que ensinam a lidar com a justiça em Portugal:
- Alvarás para MULTI-OCASONAIS! Com garantia de mínimo investimento e máximo rendimento, com oferta de fundos para formação e mão de obra barata! Explore agora e pague em suaves comissões!
Tenho aqui o célebre livro O Manual Judicial, contém tudo o que precisa de saber para arquivar processos judiciais em Portugal, obra muito útil para gestores públicos, fiscais das repartições de finanças, advogados, ex-governantes, empresários etc., comprem, comprem e ganhem uma viagem só de ida para o Brasi! Não se aceitam cheques!

Noticia de ultima Hora:
Os políticos portugueses concluíram o roteiro das romarias e foram a banhos para o Algarve.
As Capitanias do Algarve acabam de informar que foi detectada um mancha de merda em várias praias e que o ar está impregnado de um cheiro nauseabundo.

Sejam felizes e tenham boas Férias.

O Assomor

terça-feira, agosto 02, 2005

Os candidatos

Isto é do camandro. Segundo parece vamos ter dois magníficos candidatos às eleições, o algarvio cuspidor e o chucha narcisista. Com o freitas e o alegre arredados para a 2º divisão lá vamos ter de aturar as poias cavaquistas e os arrotos soaristas. Se já não há quem se preste a bater-se por um tacho tão apetecível como a presidência da República, ao menos continuem com o Carnaval e vejam lá se conseguem convencer a Cinha Jardim, o Padre Borga ou o Marco Paulo a concorrerem. É que esta merda está a ficar um tédio, pôrra!

domingo, julho 31, 2005

Os Condóminos


É um drama ser um país periférico! Durante quase 50 anos a bosta salazarista transformou este país no melhor dos paraísos, fechado ao mundo, inventando a anedota do "jardim à beira mar plantado", e agora, 30 anos depois da já esquecida revolução dos cravos, continuamos a querer viver no melhor dos paraísos, no melhor e mais bonito país do mundo e arredores, uma reserva de bimbos e pato-bravos cercados de oceano e castelhanos de onde, segundo se diz, não vem "nem bom vento nem bom casamento".
Vem isto a propósito daquela aldeia nos arredores de Felgueiras cujos duzentos e tal habitantes se associaram para jogar no euromilhões, facto não criticável não fora o destino a dar ao dinheirinho do prémio, caso a sorte lhes batesse à porta. Nada mais nada menos que transformar a dita aldeia em quê? Pasme-se: num CONDOMÍNIO FECHADO!!!
Decerto que estes pacatos aldeões estão convencidos que a sua pacata aldeia é um perfeito paraíso, tão perfeito de deve ser fechado ao mundo e arredores, para não ser conspurcado pela barbárie promotora da insegurança, que não lhes permite ver a telenovela a tempo e horas, o folhetim da Fátima tão querida que se abotoou com alguns milhões do alheio e se pirou para os brasis em gozo de férias prolongadas, ou, quem sabe, para prevenir qualquer arrastão de gambusinos em excursão de fim de semana.
Será que esta atitude é um sintoma do nosso atraso cultural? Depois de muitos cabelos arrancados à força de tentar perceber estes aldeões, cheguei à triste conclusão que também o excesso de kultura que abunda nos doutores e engenheiros que têm desgovernado este quintal e as espectaculares empresas por onde foram vegetando, cobrando chorudos ordenados e invejáveis reformas, também pretendem viver em condomínios fechados, isolados dos problemas da plebe e do mundo cão tão longe da sua porta.
Tirando alguns muito poucos cidadãos que têm o privilégio de pensar pela sua própria cabeça, e nas suas visitas à estranja verificarem as abissais diferenças que nos separam dos comparsas europeus, todos os outros que amealham uns cobres para vegetarem nas praias de Cancun, Punta Cana ou Phuket, protegidos da barbárie autóctone por seguranças armados de metralhadora, fazem por lá o mesmo que fariam por cá se passassem férias na Caparica ou no esterco de Albufeira, embora com água mais quentinha e transparente. E depois voltam muito bronzeados, muito tropicais e muito alarves, e dizem que ricas férias, mas já tinham muitas saudades do querido Portugal, ainda que o Portugal para eles não passe da quinta no Alentejo, da marina de Vilamoura, ou no condomínio Casas da Villa, Morro do Infante ou da puta que os pariu.
Não estivesse a lusa terra situada na ponta do esfíncter da Europa, e estes índigenas já teriam aprendido alguma coisa com franceses, suíços, holandeses, alemães, dinamarqueses ou qualquer outro povo bárbaro, e porque não, com os nuestros hermanos.
Se a canalha que vive à conta do canudo não passa de uma massa amorfa em permanente adoração do próprio umbigo, o que é que se pode esperar dos duzentos e tal habitantes da aldeia nos arredores de Felgueiras que, na sua maioria, só vê Braga por um canudo? Uma revolução cultural?
O país que se acha o melhor do mundo por possuir mais telemóveis que habitantes, só merece viver isolado num condomínio fechado, não para se proteger, mas para proteger os que estão de fora de algum possível contágio. E nos raros momentos de visitas guiadas permitir o bombardeamento dos condóminos por toda a espécie de fruta podre.


sábado, julho 30, 2005

Mais do mesmo

Pois é!
Mudaram esta merda, pintaram o cesto da gavea de novo e puseram-lhe uns gadgets. Ou seja, em tecnoguês, melhoraram o user-interface tornando-o mais user friendly!!.

Mas continuam a ser os mesmos idiotas a escrever o mesmo tipo de baboseiras.
Prontos - já descarreguei.

Li no outro dia no jornal Destak um artigo no espaço "Doutoramento em Tachos e Panelas" escrito por uma senhora (e trato-a por "senhora" para a ofender) Brites de ALmeida.
Dizia ela que, numa universidade foi pedido um trabalho sobre o tema "Motivações" e que todos os trabalhos apresentados só falavam em duas: SEXO e $$$$$$.
Depois começa a fazer elocubrações sobre grandes amores e eteceteras.

Ora tenho a dizer que:
- se esses filhos dos papás só pensam em sexo e $$ então devem estar a tirar um curso de putas, chulos ou paneleiros, pois são os que juntam estes dois temas.
- também podem estar na política pois esses, por $$$, fodem-nos a torto e a direito.

Conclusão - a universidade só podia ser a de DIREITO.

Quanto aos "grandes amores" a senhora concerteza confundiu-os com a foda que dá com os gajos com 25 cm ou mais dele.

quinta-feira, julho 21, 2005

PÔRRA !

Quando uma pessoa já estava habituada a este blog, com aquelas cores de mar que lhe traziam o sabor dos oceanos, com uma apresentação digna de uma Tripulação Maravilha que se preza, com um aspecto gráfico que era imagem de marca do bom gosto e reflexo de muitas horas perdidas por quem lhe deu forma....pimba, vai de atirar tudo para o lixo e desenhar novas cores! E para que não haja dúvidas, aí está o ímpeto feroz do mau gosto a pontuar este belo blog: cores de cú europeu em fundo de baba de safio!
Com tantas cores que existem, pois logo haviam de escolher as cores da merda, precisamente aquelas que foram adoptadas pelos escolhos da sociedade para enfeitarem os seus autos de fé partidários.
Mas porquê? Só para ser diferente do que existia? Apenas para dar uma mensagem de que também somos democratas da treta?
Não me resigno à alteração e desde já aviso: se puserem as minhas letrinhas numa dessa cores de merda, telefono para a alkeda e mando vir uns quantos democratas bombistas para espatifarem este blog!!
Mas pronto, mais vale um blog assim que um blog assado! Ao menos ponham de novo o nº de palermas que visitam esta coisa. Sempre dá um nice. E os meus parabéns ao Timoneiro pelas noites de sono perdidas para que a TM tenha um blog e um site, mesmo que a luz da vela não seja a mais indicada para escolher as cores do blog.

E se a ventania da mudança arraza com tudo, pois também arrazou com o pobre do ex-ministro do estado e das finanças, Luis Campos e Cunha. Passados 130 dias de ter chegado, eis que se partiu. Chega um homem com a verga empolgada por doses de viagra forte especial para economistas, avança com o aumento de tudo para todos, ou quase, alinha no circo das mentiras para papalvo enfiar, vulgo portugas, até troca a pacatez dos livros e alunos pelo lugar ingrato de ministro desta coisa, é exposto à praça pública que lhe espiolha as entranhas e publica os parcos ganhos a que tem direito, reforma de miséria obtida com o suor oficial da legalidade que o pariu, e pimba.....quando implora aos que o aliciaram para lhe darem mais molas para o nariz, pois o fedôr a merda é tal que se torna insuportável, vê a recusa fria e dura! E é este homem que se vê reduzido a duas alternativas: ou se atira para debaixo de um combóio, o que é impossível apenas porque não sabe onde andam os combóios, ou então bate com a porta e volta à pacatez dos doutores e súbditos alunos, pois que os portugas que ele ajudou a tramar ainda mais estão bem marimbando para o tipo, nunca mais se lembrando que o fulano foi ministro para subir impostos, reduzir ou anular regalias económicas e sociais, ajudando de boa fé a que esta coisa cada vez mais seja bom apenas para uns quantos, os tais que lhe deram alpista durante 100 dias para cantar e depois puseram-lhe o TGV e a Ota para assinar de cruz!
Por mero acaso, até me parece que o L.C.e C. até talvez seja um pouco diferente da restante corja, e é por isso mesmo que correram com ele, em 130 dias, depois de desempenhar o papel de mau da fita..
Mas já aí está, fresquinho que nem uma alface saloia regada com a água dos riachos que recebem os detritos dos saloios, o novo ministro Teixeira Santos, rapaz que deve ser jeitoso.....
Pôrra!!!!

Acabei de ver as últimas de hoje: os bifes estão de novo à rasca com umas bombitas lá pelo burgo. Sobre este assunto, um dia destes aqui irei despejar a tripa.

quarta-feira, julho 20, 2005

Pronto!
Consegui desbungar esta merda. Como cagatório de cabeçalho laranja não está mal. Ao fim de 2 horas de diarreia mental consegui acertar nisto. Podem cagar à vontade no laranja, depois teremos o rosa. Quanto ao azul é a cor do meu clube, portanto, nada de fazer merda para cima dele. Se alguém tiver sugestões que o diga agora ou se cale para sempre.
A propósito, o detergente usado para limpar a sanita foi o CIF creme com lixivia aromática. Não recebi a ponta de um chavelho pela publicidade.
Os links virão a seguir, agora estou cheio de sono.

sexta-feira, julho 15, 2005

Alguém consegue explicar isto?

É pá, expliquem-me cá uma coisa, pá. Então os gajos que andam a espatifar autocarros e comboios com ingleses dentro lá para Londres, gajos que apesar de escurinhos nasceram como bifes, embora de 2ª, então o que é esses gajos aprenderam com a democracia? O que é que os faz vestirem-se de dinamite último modelo e fazerem um
belo fogo artíficio de ossinhos e carne fresca para hamburger? Eu cá não vejo razão nenhuma para isso, pá, nem pelos cerca de 30.000 iraquianos passados prós anjinhos desde a invasão, mais os estropianços nos sobreviventes, muitos deles gajas e crias que só sabem estar onde não deviam estar. Os democratas do sol-posto, esses gajos dizem cagente tem de se defender desses gajos, os terroristas, que desde o 9/11 já limparam o sebo a mais de 5.000 civilizados em todo o mundo, assassinos é o que eles são.
Imaginem que a minha prima Ossétia, que é boa como o milho, vai numa excursão a Fátima rezar pelos pastorinhos e pelo regresso do Miguel ao Benfica, e que um gajo desses que reza de cu pró ar resolve ir para o paraíso mais cedo e solta a borrasca entre Aveiras e Santarém, e deixa a A1 com o trânsito cortado nos dois sentidos durante 6 horas seguidas, com os gajos do INEM a aspirarem o que resta dos desgraçados dos peregrinos, mais os bocados da prima Ossétia misturados com aquela merda toda, coitadinha, o que é que um gajo com uma prima assim faria nestas circunstâncias? Cá por mim, se pudesse, fazia como aqueles gajos faziam na Guiné, pá, entrava numa aldeia de pretos e varria tudo à fogachada até aquilo ficar lisinho, ou então ia para o Iraque reduzir a puré todos os que me aparecessem à frente, camelos inclusivé. É que nós somos os democratas, pá, somos gente civilizada, pá, usamos gravata, cagamos sentados em sanitas, vamos ao futebol no domingo, vemos a telenovela todos os dias, ouvimos os discursos do Luís Filipe Vieira. Gajos que se vestem com reposteiros, que enfiam mosquiteiros pelo pito da mulher acima, que lêm o Coirão ou o raio que os parta não podem ser civilizados. E é por causa desses badamecos que sempre que encho o depósito do carrito a famelga fica a pão e água durante 15 dias, pá, isto não pode ser.
E depois lá tenho eu que dar dois tabefes à mulher de cada vez que ela pede comida para ela e para os putos, pôrra, não gastassem o dinheiro todo em telemóveis, e é assim que esses cabrões dos terroristas põem em causa a democracia ocidental e o equilíbrio familiar, estão a ver?
Se esses cabrões alguma vez vierem para aqui meter bombas ou tocarem na prima Ossétia com a ponta do rastilho aceso, terão de se haver comigo e com os portugas, sim que nós não somos como os panilas dos ingleses e os azeiteiros dos espanhóis que levam bordoada nos cornos e ficam-se com homenagens da treta e minutos de silêncio. Só espero que algum dia o façam aqui para mostrarmos ao mundo como somos democratas e civilizados, e irmos todos até lá partir aquela merda toda, como as claques de futebol, e não deixar um grão de areia intacto.
Se esses gajos vivessem lá na terra deles e viessem para cá, digamos, trabalhar nas obras, e por vingança estourassem umas bombinhas, sei lá, no estádio da Luz ou no estádio do Dragão em dia de lotação esgotada, ainda vá que não vá, os gajos viviam lá nos buracos da terra deles , no meio das pedras, e isto aqui fazia uma confusão do camandro nas suas pobres cabecinhas. Agora, se os artistas nascem cá, vivem cá, comem cá, trabalham cá, só têm de aprender as coisas boas da nossa democracia e a comportar-se como homenzinhos, mesmo que depois a gente corra com eles daqui para fora se por acaso andarem atrás das nossas gajas e da minha prima Ossétia.
Alguém consegue explicar isto?

quinta-feira, julho 14, 2005

Não interessa. Repetir e odiar até à exaustão os desmandos literários dos putativos comentadores políticos da nossa praça é um trabalho desnecessário e inútil. Sujeitinhos como Pacheco Pereira, Luís Delgado, César das Neves, Ribeiro Ferreira, Pulido Valente, António Barreto, Vasco Graça Moura e outros que vegetam por aí, só tem interesse no campo da psiquiatria. Todos estes mentecaptos da escriba lusa têm traumas de infância. O cú de alguns foi apalpado por todos os colegas da primária, de certeza. Alguns outros foram acompanhados à escola pela mamã zelosa e castradora que lhes enfiava sobretudos e bonés com extensões tapa-orelhas em pleno verão. A frustação não deu lugar à rebeldia mas sim a um profundo azedume bem aproveitado pelos políticos do establishment, quer façam ou pareçam não fazer favores ao poder político do momento. Analizam, dissecam, fazem autópsias de circunstância e ao sabor das pregorrativas propagandisticas do momento, e esquecem-se das contradições que emergem nas entrelinhas da sua escrita. Não que seja um pecado entrar em contradição, mas dizer exactamente o contrário do que se disse antes fazendo parecer que isso é o desenrolar lógico de todo um pensamento é uma pura vigarice intelectual. Não é assim Professor Marcelo?
Camões bem se esforçou para fazer da pátria língua uma obra de arte, para virem agora as luminárias da incompetência oral e escrita servirem-se do vocábulo para ilustrar comentários em jeito de anúncio de detergente manhoso em horário nobre na TV.
Não interessa. Gente desta inunda os editoriais dos jornais, os artigos de opinião e as mesas redondas da TV. E sabem todos de tudo, anunciando a catástrofe para daqui a três meses e o paraíso para daqui a um ano. E eis que novas alimárias se aproximam, qual praga invasora percussora da Guerra dos Mundos. Quem é Miguel Frasquinho, douto especialista laranja em batefundos económico-financeiros, a actual cara fuínha do condomínio pêpêdista? E o João Pereira Coutinho, filho-família, cujos escritos parecem urros do Sylvester Stallone a fazer de Rambo? E todos os outros, os mercenários defensores da impopularidade das medidas governamentais de hoje e de sempre, que começam já a saltar do esgoto onde fermentam e a engrossar as fileiras do refeitório da pocilga?
Perderam o seu rico tempo, Camões, Damião de Góis, Gil vicente, mais valia terem gasto o prazer da escrita no prazer das putas, como o fez tão bem Bocage que ainda lhe sobrou talento. Mais valia que Eça, Garrett, Herculano, Pessoa se tivessem tornado aventureiros sem escrúpulos como lhes competia, e partissem à descoberta da fortuna fácil, como fez Fernão Mendes Pinto, o rei dos lusos chico-espertos.
Não foi para isto que gastaram a paixão, a saúde e a inteligência.

Verborreia e gonorreia são palavras semelhantes. Rimam no fim, e propagam-se como a peste.
Não vale a pena discordar e debater.
Só o riso alarve e iconoclasta serve de escudo contra isto.

quarta-feira, julho 13, 2005

Não resisto a copiar para aqui este post do já citado Dragoscópio.


As revoluções, mesmo quando antecedidas do prefixo "pseudo" (quase todas, portanto), fazem-se invariavelmente acompanhar dum cardápio de ideias peregrinas. Todas elas urgentes, todas elas magníficas, todas elas prioritárias. Uma dessas, aquando da primavera Abrileira cá do burgo, era: "temos que educar o povo!"
Uma série de romeiros iluminados, regressados dos exílios dourados na estranja ou dos piqueniques selvagens nas colónias, acolitados por chusmas de marxistas-leninistas instantâneos, em patrocínio da Farinha Amparo, tomaram-se de brios e entusiasmos, e propuseram-se ir educar o povo, a massa ígnara, bruta e analfabeta.
Como sempre, nestas aventuras, tomaram por princípios e axiomas meros preconceitos. A saber, 1. Que o povo era educável; 2. Que o povo queria ser educado; 3. Que eles reuniam e congregavam sob o substracto córneo das suas sapientes trunfas o know-how bastante para educar o povo.
Havia também um eufemismo muito usual por altura destas balbúrdias: confundia-se "educação" com "lavagem ao cérebro". Ou melhor, dizia-se "educar", mas, no fundo, queria dizer-se "lavar". Eles, abençoados pela História, tinham que desencardir o povo, que escorria merda e surro de quase cinquenta anos.
Ora, sempre que uma caterva de luminárias se decide a educar quem quer que seja, e sobretudo o "povo", a primeira coisa que faz é arranjar um modelo (de preferência de importação, são sempre os melhores). Em se tratando daquela região europeia situada a oeste de Espanha, pior um pouco. A discussão, de séculos, nunca é "quem somos ou quem devemos ser", mas sim "quem copiamos ou quem devemos copiar". Se na aparência poderão passar por homens ao observador menos atento, na essência não enganam: são verdadeiros macacos de imitação. Encontrareis excepções a esta regra, mas, certamente, não nas elites ?políticas, culturais, sociais, industriais ?, lá do sítio. Aí, a macaquice, jurada e jactante, é condição de acesso. Vivem à coca da casa do vizinho e do que o vizinho lá mete. O país inteiro, por osmose, como os seus átomos constituintes, espia o resto do bairro/mundo e roi-se de inveja das Franças, das Escandinávias, das Inglaterras ou das Américas. Que povos educados, a transbordar civismo e boas maneiras! Que maravilha de pessoas! Que inteligências amestradas, atestadas de higiene e sentido do dever fiscal! Que trabalhadores ordeiros e laboriosos!
A unanimidade quanto à superioridade do que é estrangeiro não podia ser maior. As divergências, essas, animadoras de polémicas virulentas e vociferações descabeladas, germinam desse dogma básico e encarniçam-se à volta da tal questão fulcral e de importância transcendente, ou seja: Sendo certo que só existimos se copiarmos, quem vamos então imitar. Isto predetermina tudo. Por alturas da grande convulsão primaveril, a diferença é que o leque de escolha era ainda maior do que é hoje. Não só os belos povos ocidentais podiam servir de paradigma, como também uma série de outros, da Albânia à Cochinchina, despertavam a cobiça e os ímpetos emuladores dos fogosos endoutrinadores da plebe. O difícil era a escolha. Quase todos os povos eram melhores que o nosso, mais limpos e imaculados. Bastava ir ao Atlas geográfico. Ao nosso, repito, emporcalhava-o, inquinava-o até aos ossos ? e à medula dentro dos ossos ? a longa noite fascista. Era fascista como podia ser outra coisa qualquer. A palavra caíu-lhes no goto; dignificava e canonizava a sedição, beatificava o tumulto, justificava toda a parafrenália de medidas drásticas e emergências médicas.
Também o povo, há que reconhecê-lo, era pólvora seca, anelante, à espera de faísca. Aliás, essa, é sempre a sua postura predilecta: barril a clamar rastilho. Ainda para mais, xenómano a ressacar desde há mais de quarenta anos sem o chuto de estrangeirina no dígníssimo cu, agradeceu, merejado em êxtase, mal experimentou o valente coice dos novos mestres. Foi vê-lo a levantar voo, retropropulsionado, como se foguetões o catapultassem. Foi à lua e veio. De caminho deu uma espreitadela à União Soviética e descuidou-se todo pelas calças abaixo. Ainda hoje tresanda ao susto, ainda hoje expia o trauma.
A ideia de copiar a União Soviética, claro está, era a mais peregrina de todas. Por isso mesmo, à época, triunfou no concurso e surgiu, resplandecente, meteórica, como a mais fascinante e sublime. O povo soviético, na perspectiva de então, emergia nimbado de fulgores e virtudes, açambarcava medalhas olímpicas e exportava bailarinos. Era, pois, de todo conveniente imitá-lo o quanto antes.O que sucedeu depois já todos sabem. Para vermos até que ponto era brilhante essa tese, basta dar, hoje, uma volta pelo paraíso de trolhas em que se tornou a nação: os ex-virtuosos e fulgurantes licenciados soviéticos, suprassumo da educação, cartam agora baldes de massa e formiguejam pelos andaimes acima e, de quando em vez, dos andaimes abaixo. Triste fim para um império tão luminoso.
Mas uma ideia peregrina nunca anda só. Abortada a fotocópia soviética, enveredou-se pela imitação da gleba europeia e, ultimamente, lançam-se olhares de maravilha e cobiça à gleba americana.
Entretanto, as funções elementares da escola ?coisas como ensinar a ler, a escrever e a contar-, desvaneceram-se sob uma catadupa de novas pedagogias, avançadas psicofolias e mirabolantes reestruturações ou paixonetas, cada qual mais mentecapta e mentecaptizante que a anterior. Os níveis de analfabetismo da pátria não esmoreceram por aí além ? continuamos os menos alfabetizados de todos. Em contrapartida, os de analfabrutismo dispararam, em todas as direcções, e colocam o país, senão no comando destacado do Primeiro Mundo, certamente muito próximo disso. Uma miríade de especialistas debruçam-se sobre coisa nenhuma e montam comissões de volta de cada palha. O resultado? É manifesto: Aos poucos, em fornadas anuais e sucessivas, os licenciados da pátria, cobaias de sucessivas Sextas Divisões de dinamização cultural, vão fazer companhia aos ex-soviéticos, a cartar massa pelos andaimes acima e, ocasionalmente, em voo picado, dos andaimes abaixo.
Não se trata duma injustiça: é, de facto, o nível da sua licenciatura, o alcance da sua educação. Num país que passa o tempo, numa compulsão obsessiva, a alcatroar terras, a erigir caixotes de betão e a terraplenar tudo o resto, outro destino não seria de esperar. Depois, é preciso não esquecer que desde que trolhas atávicos, por via do sortilégio de licenciatura à pressão, em patrocínio, repito, da farinha Amparo, tiveram acesso às cadeiras docentes e, nos últimos trinta anos, se refastelaram nelas a seu bel-prazer, produzir algo mais que trolhas, suas réplicas e decalque, seria impensável. A não ser por obra e graça do divino Espírito Santo.
Moral da história: Os políticos não educaram o povo, porque o povo não se auto-educa. E o Espírito Santo, de facto, obra, mas cobra juros.

terça-feira, julho 12, 2005

Estudos da TM: Os urinois

Não sei o que deu aos nossos construtores civis, mas cada vez mais os mijatórios nas casas de banho das empresas, estão a ficar a uma altura média superior ao desejavel.
Será porque os portugueses estão a crescer ? ou será porque a maior parte dos construtores civis são espanhóis e fazem isto para mijarmos para os sapatos ?

O problema é que os gajos mais minorcas (tipo Marques Mendes) vêm-se aflitos para exercer esta função que dá um alívio tão grande (quase igual a uma boa f...).

Levantam-se assim várias hipóteses de trabalho:


  • A) Mijar só tirando a cabecinha e apontar para cima, procurando acertar na sitio correcto. Mas isto levanta vários problemas:


    • 1º - temos que nos afastar e isso permite ao parceiro do lado comparar e:


      • a) sorrir ao comparar o tamanho;

      • b) ficar com um olhar esgazeado ao comparar o tamanho (meu caso!);

      • c) se for arco-iris, pensar que é um convite para o pote do tesouro.


    • 2º - Se o instrumento é pequeno vamos ficar com os dedos mijados e provavelmente também com as calças.

    • 3º - Se não puxamos bem para trás a cobertura (excepto se és judeu) o mais certo é o esguicho acertar:


      • a) no parceiro do lado;

      • b) nos sapatos;

      • c) se tiveres passado por uma gaja boa, pode ir parar à camisa.




  • B) Tiras o instrumento todo e:

    • 1º - fazes como no caso anterior;

    • 2º - apoias parcialmente no urinol para melhor dirigir o jacto, mas:


      • a) podes apanhar alguma gonorreia ou doenças afins;

      • b) ficar com a cabeça suja de cinza de cigarros, escarretas ou outras coias não identificadas.



  • C) Tiras o equipamento acompanhado dos tomates e estes permitem um melhor suporte, o que dá para:


    • 1º - Conforme o tamanho do dito cujo, assim fazer alarde de habilidades, mais ou menos afastado do urinol;

    • 2º - Apoiar os tomates no urinol e mijar sem mãos (neste caso existem os perigos referenciados em B-2).




Penso que este estudo é relevante e deverá ser objecto de investigações mais alargadas, aceitando-se sugestões com vista a uma melhor qualidade de vida dos elementos masculinos da população cuja altura esteja abaixo da média.

É urgente a criação de uma associação dos menores de 1,60 m., com direito a "numerus clausus" na A.R., quotas mínimas nos vários tachos do governo e um forte lobby que defenda os nossos interesses.

segunda-feira, julho 11, 2005

Arrastões até mais não

Como o arrastão é um tipo de barco logo, automaticamente, falar sobre ele entra no âmbito das atribuições comentaristas da TM (como se nós nos limitássemos a isto).

Primeiro, afinal parece que não foi um arrastão mas uma simples ?bote? ou ainda melhor, uma ?chata? (e isto não se refere à vossa sogra) que a comunicação social e os pasquimlistas portugueses, como não têm capacidades de investigação (nem de redacção, escrita, etc.) resolveram empolar, aumentar, multiplicar, etc. para tentar subir na carreira e/ou vender mais pasquins.
Finalmente está a vir ao de cima, trazida por jornalistas mais sérios (infelizmente são tão poucos!!!) alguma verdade. Mesmo o ?barquinho de papel? da Quarteira foi um ajuntamento de pessoal que passou a noite numa ?rave? e depois foi curtir uma de sol e sono para a praia até à hora de vir para cima.
Segundo, têm aparecido montes de comentários mais ou menos racistas em relação à cor, à nacionalidade, ao Portuguesismo, etc. Ora somos todos de cor (uns mais escuros que outros), quanto à nacionalidade voltamos aos portugueses de 1ª (que eram os do continente) e os de 2ª (que eram os das colónias ? mesmo se fossem de cor clara) ?. Quanto ao Portugal bem podem cagar nele quando sobrevivemos à custa dos subsídios da CE e estes mesmo assim vão só para alguns.
Já dei formação técnica em Angola e tive alunos pretos que trazia de caras para cá e trocava imediatamente por colegas brancos, tal era a diferença de inteligência, formação e comportamento.
Prefiro um preto, amarelo, vermelho ou qualquer outra cor, desde que seja inteligente a um branco besta com a mania da superioridade associada à cor mas mais estúpido que a porta de um estábulo de vacas indianas.
Prefiro um chefe de qualquer cor mas honesto e profissional do que um chefe branco incompetente, com mau carácter e que só foi a chefe por lamber botas, ser do partido ou da família do director ou do administrador.

Se existe, Portugal só lá vai se for invadido pelos espanhóis e estes nos ensinarem a trabalhar bem, com qualidade e orgulho (que eles têm até de mais).

Pequeno exemplo: meu pai foi a enterrar à 5 anos (fins de Junho); em Maio, numa das idas ao cemitério, perguntei o que era preciso fazer para a exumação ? disseram-me que era necessário lá ir no mês do enterro preencher uma impresso e avançar com o processo. Nos feriados de Junho tive férias e fui lá ? não podia porque só depois da data do enterro é que podia tratar das coisas (um dia perdido). Para não faltar ao emprego, agora em Julho, durante as férias, foi lá o meu irmão ? também não podia ,porque só quem assinou os papeis do emprego (eu) é que podia tratar do assunto e se não tivesse um papel qualquer do cemitério então só 1 mês após o enterro é que se poderia entregar a papelada (outro dia perdido).
Conclusão ? por uma merda de nada é preciso perder 3 dias (1 meu, 1 do meu irmão e outro de novo eu ? e se não forem precisos mais) isto por causa de funcionários incompetentes que têm prazer em mostrar a sua ?importância? criando dificuldades a quem precisa dos seus serviços de um chamado funcionário PUBLICO. Não seria mais fácil, no mínimo, ter um impresso explicando o que é necessário e entregá-lo a quem vai pedir informações?
É deste Portugal que querem que eu fique orgulhoso? Vão-se FODER!

Nesta merda de blog não percebo porque passou a deixar o 1º acran em branco.

quinta-feira, julho 07, 2005

Retirado do Dragoscópio

O que é preocupante, mesmo preocupante, na cultura deste país -sendo que desta deriva tudo, das artes às políticas, passando pelas ciências-, não são os analfabetos numerosíssimos, nem os semi-analfabetos ainda mais pululantes. Esses, todos esses, regra geral, lá se desenrascam, fazem das tripas coração, transcendem-se conforme podem. São conhecidos até casos meritórios, quase miraculosos. Não, a minoria sabichona, doutora, vanguarda da classe analfabeta, essa, em números galopantes, é que impressiona, alucina. Estudaram, aprenderam as letras, meia dúzia de números; infestaram, em regime de manada, universidades, faculdades e politécnicos. Mestraram-se e doutoraram-se, alguns, os piores (regra geral os pajens sabujos, as cortesãs, os acólitos). De aprendizes do servilismo, da papagaeira, da mimese ao pior nível da tropa macaca, tornaram-se mestres, campeões. A praxe virou escola e, por fim, a toque de rasgos inteligentes dignos de sargentada marteleira, de açougueiros alfarrabistas, a escola virou academia, antro, seita exotérica. E o problema -do país, da cultura, deles próprios-, foi precisamente esse. Mais valia que tivessem porfiado pela via honesta, agarrados à enxada ou à herança; fazendo algo de útil à comunidade ou pagando honestamente pelos próprios vícios, pelas putas. Sempre ginasticavam o corpo, a musculatura, o esqueleto, ou a gaita. Sempre poupavam o ralo da História e os cofres do Estado. Exercitavam o que tinham, desenvolviam as faculdades intrínsecas que os preenchem. E não, ao invés, de través e revés, aquilo que não têm, nem querem ter e só lhes serve de móbil para cultivar a raiva a quem tem; e o despeito, a inveja, o temor de ser descoberto, desmascarado, apeado do trono usurpado. Valia mais, mil vezes mais, serem dignos analfabetos do que infames analfabrutos. Gentalha que se serviu dum privilégio, do suor e (quantas vezes!) do sacrifício de pais e avós, do investimento público e nacional, enfim, não para burilar virtudes ou qualidades, mas apenas para aguçar egos, refinar vilezas, aprimorar defeitos ou destilar vaidades bacocas. Antes pobres de instrução, que indigentes de espírito! Assim, nem eles se cultivaram nem as batatas e os campos, que era o que lhes convinha cultivar, pois é a cultura máxima que alcançam e a pátria deles requeria. Pior: agora, é a cultura do país que lhes está entregue a eles (e elas), como o país está entregue à erva daninha, ao mato agreste e aos silvados. Resultado: grassa uma dupla desertificação: a do interior do país e a do interior das cabeças de quem era suposto dirigi-lo. Quer dizer: o deserto de ideias propagou-se aos campos do país. E aos mares. E aos céus. É o vazio em toda a parte. Nem sonhos, nem esperanças, nem vergonha, nem tino, nem ponta por onde se pegue.
Não contente de tocar rabecão, o sapateiro cismou de ser o maestro; não satisfeito com a missa, o merceeiro subornou o padre e trepou ao altar; e o marialva, não lhe bastando ir às putas quis também ir à nação: capacitou-se que se metia a gaita também podia meter a cabeça. Ou seja, meteu na cabeça a gaita, com todas as suas infinitas pintelhices, para gáudio e recreio das suas atávicas e cristalizadas faculdades - a bicefalia invertida e congénita, nem mais-: fornicar com a de cima e raciocinar com a de baixo. Entretanto, a labreguice, que distribuída pelos campos chega a ser pitoresca, amontoada nas cidades, atravancando e emporcalhando academias, salas de espectáculo e ministérios, redunda em mera poluição humana. Coalho pastoso, superficial, flutuante e nauseabundo. Faz as vezes da nata, pois faz. Mas uma nata negra, espessa, mortífera, como a dos grandes derrames. A ocidental praia, convertida em sepulcro de pescadores e marinheiros, está coberta por um manto fúnebre desses.
O badameco veio ser doutor, o borra-botas agora caga-postas. A macaquear os cavaleiros de outrora, também transita por aí armado, empertigado e fátuo. Não com a espada, mas com o grandessíssimo pingarelho. E onde quer que meta o pensamento, com a tramela no encalce, não demora o eco da caverna retumbante que lhe faz oca a rocha craniana. Na ausência de ideias próprias, vale-se do bedelho que mete por toda a parte.
E é esta a tropa fandanga que está aos comandos do regimento... Depois, venham-me cá dizer que o que faz falta é formação, ainda por cima unversitária... Quando o que existe é um sistema instalado de deformação, de torção, de selecção de moluscos e imbecis! Quando a puta da máquina está sabotada, transviada, invertida: não produz homens -quanto mais sábios, pioneiros, espécimes elevados-, só vomita chouriços. Cadáveres adiados que já mal procriam. Porque primeiro há que tratar da carreira, do ego, do cabrão do coiro e respectivas manias -essa novel agremiação de moléculas, joint-venture de células prometida aos vermes, e que os vermes vão já devastando por antecipação! Isso e, mal brotam da cloaca doutorante, porem-se logo a fungar a brisa, a escutar o murmúrio, à cata do prostíbulo onde melhor se possam vender.
Formação? Este país, a nível de mentalidades, está a precisar é dum valente clister!
Essa sim, essa é que é uma prioridade absoluta. Ou, no mínimo, uma dose maciça de anti-helmínticos.
...
PS: E, caso não tenham percebido, não é uma questão de berço nem escola. A massa é igual em toda a parte. Só a embalagem é que muda. O espírito não se adquire nem se herda. Nasce-se com ele, como se nasce com braços e pernas, cabeça e testículos (ou ovários). Ou nasce-se sem ele. Mistérios de Deus e da Natureza. Ide perguntar-lhes porquê. Interrogar é já um claro sintoma de inteligência; tal qual debitar ininterruptamente opiniões e anedotas alarvajadas o é da ausência dela. Sobretudo, quando se mascaram as anedotas de leis, discursos, pareceres técnicos ou tratados eruditos.
Não é nenhum drama não possuir inteligência. Drama mesmo, tragédia absoluta, é promover esse vácuo a espírito. Não é por se multiplicar múltiplas vezes o zero que se alcançam números formidáveis. A incontinência ainda não é uma forma de génio. Por muito que a vendam a peso de ouro.

terça-feira, julho 05, 2005

Ajudar a economia do país

Tripulantes e restante povo que ainda lê esta merda

Apesar de nunca termos sido condecorados no 10 Junho (não somos atrizes falhadas, putas de alta sociedade, gays nem outros merdas desta sociedade podre) vamos mais uma vez deixar uma ideia cujo alcance, embora seja dificil de entender pelos políticos do governo (deste ou de qualquer outro) ou da oposição (qualquer que seja a sua cor inclusivé o Sr. Dr. Louçã das Caldas) poderá dar uma ajuda substancial à economia portuguesa.

A ideia é simples: as penas por roubo passam a ser inversamente proporcionais ao montante do roubo (aqui não estão incluídos os roubos feitos na Bolsa e nas taxas de juro, nas vendas de casas, etc.).

Assim, se roubares um Fiat Uno levas 5 anos, mas se roubares um Bentley (do Herman Gay) ou um Ferrari levas 3 meses.
Se assaltares um apartamento de 3 assoalhadas levas 4 anos mas se assaltares uma vivenda de 10 assoalhadas com piscina, solário e 2 garagens, levas 2 meses, etc.

Vantagens:
1º - Redistribui a riqueza ou seja quem roubou para ter estas coisas (porque em Portugal é impossível obtê-las com trabalho honesto - se isto ainda existe) é por sua vez roubado e equilibram-se as coisas.
É impossível estes gajos irem para fora do país porque só cá é que conseguem fazer de ricos e aldabrar a torto e a direito, e como tal têm de investir de novo e construir nova vivenda e comprar outro carrinho, logo espevitam o comércio.

2º - A polícia ao investigar estes roubos e assaltos terá de pedir os comprovativos de compra e entregar uma cópia ao IRS que assim poderá verificar que um senhor que só declara o rendimento mínimo tem 1 Ferrari de 24.000 contos e uma vivenda de 100.000 e cobrar depois os impostos devidos.
Se não quiserem entregar os comprovativos de compra então... comem e calam porque não podem provar que foram roubados.

3º - Para o caso dos gatunos assaltarem os baronetes locais da droga e quejandos, deve ser-lhes fornecida protecção adequada através da SECURITAS ou outras empresas do género, aumentando mais uma vez o comércio (serão precisos muitos mais seguranças).

4º - As prisões vêm a sua população reduzida devido às menores penas aplicadas.

Estão a ver que afinal não é muito dificil contribuir para a melhoria da economia do país, nem sequer é necessário ser condecorado pelo Sr. Presidente da Merdpública para ter ideias relevantes.

segunda-feira, julho 04, 2005

Não era tão bom?

Retirei isto do "Dito Cujo".

Vamos aqui fazer um mini exercício de 'E se?', ok?
E se o Cristóvão Colombo tivesse tido a ideia de navegar para sul ou para norte?
E se ele tivesse voltado para Espanha de mãos vazias?
E se não houvesse nenhum barco com "pioneiros" ingleses que não percebiam puto de agricultura, subsistência? E se eles não fossem uma cambada de puritanos descontentes com a sociedade inglesa da época?
E se a América do Norte nunca tivesse sido povoada por europeus?
E se na América do Norte ainda houvesse milhões de pessoas de tribos indígenas?
E se ainda houvessem milhões e milhões de bisontes nas pradarias daquele continente?
Não sei se o presente iria ser melhor - é apenas uma esperança.
Hoje, no dia em que se comemora a independência dos EUA de 1776, aquele país continua a representar o melhor e o pior da humanidade. E é com esta ambivalência que o resto do mundo, colonizado económica, social, política e culturalmente por este gigante, tem de se haver para assegurar a sua própria sobrevivência.
Parabéns EUA. Ao resto do mundo, os meus sinceros pêsames.
Já expressei o meu sentimento no post anterior relativamente a estes iluminados que escrevem nos jornais. Mas não resisto a deixar aqui esta pérola surrealista do omnisciente Luís Delgado na crónica do DN de hoje, acerca do debate de hoje na AR:

"Francisco Louçã capitaliza em tudo o que é debate, e não será neste que se deixará bater ou abater. É brilhante, exagerado, metafórico, mas agrada, no seu estilo, e empolga, com a sua ousadia, qualquer discussão. Fosse de direita - um dia, talvez... - e seria um primeiro-ministro."

Ou seja: na cabecinha deste senhor só pode ser 1º ministro quem for de direita.
E Delgado ainda tem esperanças de que Louçã vire a casaca.
Mas eu até percebo a idéia do homenzinho: há 30 anos que este país só vê parir 1ºs ministros de direita, embora alguns disfarçem muito bem o assunto...

Se têm estomago para ler a crónica toda liguem-se aqui.