terça-feira, março 20, 2007

Acreditem que estou mesmo chateado, pá!

Estou triste. E muito desiludido. Andei eu a rezar padre-nossos e ave-marias todos os dias após o pequeno almoço, fui a pé até Fátima (desde a Tia Alice), e de comboio, e de autocarro, e de táxi, e só não fui de metro porque lá não há estação, para no final o meu querido partido de sempre, o CDS-PP, o partido mais cristão do Ocidente, e talvez mais cristão que Cristo, o partido que tem nas suas fileiras gente tão ilustre como a Zézinha Nogueira Pinto, o Nuno Melo, o Telmo Correia, o gajo que manda lá naquilo e que parece que se chama Ribeiro e Castro, o gajo que já mandou e quer mandar outra vez naquilo e que parece que se chama Paulo Portas, o partido que sempre defendeu os grandes e morais principios da santa puta madre igreja católica, o partido de Deus, Pátria e Família ou morte, o partido do velhinho de Santa Comba, o tal que se não tivesse morrido ainda hoje seria vivo, enfim, o partido mais casto e mais puro da cena política cá de casa deu uma triste imagem de si próprio ao sofredor people português do Minho ao Allgarve. Não está certo. E ninguém me tira da idéia que essa coisa que dá pelo nome de Paulo Portas mais não é que um terrorista esquerdista infiltrado com a tenebrosa missão de acabar com o CDS-PP e com toda a direita portuguesa.
Não calculam como tudo isto me chateia. Não foi para isto que se fez o 25 de Abril.

sexta-feira, março 16, 2007

Viva a Escravatura!

Pronto. A imagem tão sui generis dos portugueses tristes, fadistas, elas de chinela no pé e farto buço, eles de garrafão de cinco litros e sapato preto com meinha branca, brutos, analfabetos, servis, lambe-botas, e acima de tudo cobardes, foi mais uma vez mostrada ao mundo com os exemplos edificantes da exploração de força de trabalho em Inglaterra e no país basco espanhol. Uma bem esgalhada imagem de marketing de um país que o não é, que não sabe ser, e que não quer saber, em suma um país invertebrado habitado por invertebrados. Um fenómeno zoológico a precisar de investigação urgente.
Uma verruga no processo evolutivo do ser humano. Se Darwin fosse vivo já teria dado um tiro nos cornos ou bebido cicuta.
Estes seres rastejantes devotos de todas as virgens que lhes botam á frente, lambe-cús de padres e patrões, fiéis seguidores dos charlatães que lhes vendem Deus, Pátria e Família como quem vende cartões de crédito em centros comerciais, é o povo eleito para se assumir hoje e sempre como escravo. Se lhes perguntam "Queres ser livre?" logo respondem "Não, quero ser escravo.". Spartacus havia de lhes cuspir em cima, nesta gente que prefere cantar loas a alimárias de Santa Comba Dão e a comedores de bolo-rei de Boliqueime, nesta gente que se orgulha de um passado de merda, que vive na merda no presente e a quem se acena com um futuro de merda, nesta gente que gosta de ser escrava e disso se orgulha. Spartacus escarraria com gosto em cima deste povo, gente assim não merece a liberdade, gente que teve tudo ao alcance da mão, o progresso económico logo ali ao virar da esquina, a justiça para todos em frente ao nariz, a educação a saúde e o bem-estar a entrar pelos olhos adentro, e tudo isso varreu, tudo deitou no cano de esgoto, tudo isso sacrificou por ser cobarde, estúpido, pato-bravo, corrupto, vendido, chico-esperto. E acima de tudo por querer ser um escravo, de si próprio e dos outros, um verme sujo e deprimente sem nenhuma ponta por onde valha a pena pegar.
Custa dizê-lo, mas tudo isto me mete nojo. Esta triste condição de ser português já me enoja.

terça-feira, março 06, 2007

Terror na Auto-Estrada

Sempre me fez confusão que numa auto-estrada com 3 faixas existam maduros que se alapam na faixa do meio a 100 km/h e que se deixam ir na boa e nas tintas para os que não têm qualquer alternativa senão em ultrapassá-los pela direita, quando não o podem fazer pela esquerda como deve ser e em segurança. E se por acaso se lhes chama a atenção para o facto, ainda esbraçejam e incham de razão, e continuam na sua faixa mediana, na sua velocidade mediana, a servir de rolha e tampão à melhor fluência do tráfego.

Mas vendo bem até está certo. Estamos em Portugal, não estamos? A mediocridade é a nota máxima do establishment luso-pacóvio, espalha-se pelos interstícios labirínticos da administração a todos os níveis, produz sementes nos partidos políticos, cresce desalmadamente sem rega nem controle de temperatura. É uma praga incontrolável, uma doença sem vacina, um furúnculo auto-sustentável. Ser medíocre é conduzir sempre pela faixa do meio, é ficar nas meias-tintas, no meio da tabela, a meio da praia, é ter medo de molhar o pézinho na água fria do mar e preferir ficar lá longe, no areal, à sombra do chapéu de sol a ler a Bola ou a Nova Gente. Ainda se lessem Pessoa, Stendhal, Garcia Marquez, Cardoso Pires, enfim, até lhes desculpava não subirem ao alto da falésia e atirarem-se de cabeça cá para baixo. Sempre podiam enterrar a cabeçinha na areia por uma boa causa.

Com tantos medíocres a debitarem nos jornais, nas rádios e nas TV´s é natural que o vírus da mediocridade se espalhe consumindo toneladas e toneladas de neurónios, é assim uma espécie de super-aviário com gripe das aves galopante, que em vez de matar zombivifica, ou seja, transforma o doente num zombie ou morto-vivo, pronto a contaminar ainda mais com uma simples mordedura. Mordeduras que provocam patologias mutantes e infecções prolongadas que tanto podem ter o nome de "branqueamento do regime salazarista" como de "regresso de Paulo Portas à política" ou ainda "Alberto João Jardim demite-se e quer eleições na Madeira". E o grande bando dos media-medíocres (media, estão a ver?) logo se presta a comentar, dissecar, raspar, analisar, deglutir e regurgitar estes fenómenos patológicos contribuindo ainda mais para a sua expansão e sobrevivência. É uma peste negra sem vítimas mortais, porque ela própria também assina pelo meio, pela paz podre, pela morte sem morte aparente, que também ela apanhou com o vírus pela proa e já nem matar consegue neste cantinho a meio da praia de cú pró ar plantado. Já tem a foice com ferrugem, a filha da puta.

Bem podem empertigar-se os que tentam dar a volta a este gravíssimo problema de saúde pública. Bem pode o ministro fechar mais urgências a eito que a mediocridade geral continuará impávida e serena a viajar pela faixa do meio, que na faixa da esquerda os aceleras de pacotilha se vão encostando uns aos outros a ver quem consegue passar à frente e ser mais medíocre que os que ficam atrás, que a faixa mais à direita se transforme num corredor vazio e convidativo, num tapete vermelho para o podium da competição desenfreada e da mediocridade incontida ou, quiçá, um caminho mais seguro para marrar com os cornos nas traseiras de um camião TIR.

O que, diga-se de passagem, até seria um mal menor.