quinta-feira, setembro 28, 2006

Com Promíscuo Portugal...










Os tipos que tiveram o desplante de se baptizarem de Compromisso Portugal são a triste imagem dos empresários lusos: não passam de merceeiros de esquina com argumentação de patos bravos com a 4ª classe.
O que é triste é que algumas destas inteligências irão daqui a poucos anos fazer parte de algum governo eleito.
Que mal fiz eu para merecer isto?

terça-feira, setembro 26, 2006

Günter Grass


Pede-me o Decano (e sabem como um pedido seu tem a força de um artigo constitucional) uma opinião sobre a revelação que o escritor alemão Günter Grass fez publicamente sobre o seu passado nazi. Ora passados há muitos, infelizmente passados nazis também, e o escritor que foi durante muitos anos referência de uma certa esquerda alemã não fugiu à regra. Do senhor apenas conheço a versão cinematográfica do seu romance O Tambor, o que é uma vergonhosa e intolerável ignorância. Rebuscando por entre os entrefolhos da net descobri algumas coisas das quais destaco as que considero mais relevantes:

- O senhor Grass nasceu em Danzig, na Polónia.
- Que aos 15 anos (em 1942) se ofereceu como voluntário para os submarinos alemães.
- Aos 17 alistou-se nas Waffen-SS, a élite das élites do senhor Heinrich Himmler.
- Combateu na 10ª Divisão SS Panzer de Frundsberg entre Fevereiro e Abril de 1945, até os americanos lhe deitarem a mão e o enfiarem num campo de prisioneiros.
- Na prisão travou conhecimento com o insígne Josep Ratzinger, nazi convicto, católico extremista, futuro Papa Bento XVI.
- Mais tarde aderiu ao SPD (Partido Social Democrata) onde apoiou a ascensão de Willy Brandt.
- Aquando da queda do muro de Berlim, Grass manifestou-se contra a unificação das duas Alemanhas por recear a formação de um novo estado militarmente poderoso.

É este mesmo Günter Grass que opina desta forma sobre os americanos e sobre George Bush, e começo a entender porque é que a direita, principalmente a direita da lusa pátria não lhe perdoa o passado nazi. Se o passado do famigerado Papa é sobejamente conhecido mas sistemáticamente ignorado, já o passado de um escritor famoso, galardoado com o prémio Nobel e conotado com a esquerda serve para o desancar e desacreditar. Não que seja isento de culpas. Um puto de 15 anos que se alista nos submarinos nazis é culpado de quê? Mas quando se alista nas SS aos 17 aí o caso pia mais fino. Mesmo que ele não soubesse o que representavam na altura as SS poderia ter feito a sua penitência em devido tempo, mas se acaso o tivesse feito teria sido o mesmo Günter Grass a referência da última geração de políticos europeus com alguma réstia de ética?
É verdade que depois desta revelação o seu último livro se vendeu mais que cerveja no Verão, que isto talvez tenha sido uma rasteira jogada de marketing. Mas custa-me ver o senhor Grass ser atirado desta forma às feras. A direita rejubila, a esquerda critica.
E agora? Que moral tem Günter Grass para desancar nos filhos de puta que enxameam a Casa Branca? Basta-lhe levantar o dedo mindinho para lhe caírem todos em cima (esquerda, direita e afins) e todos sabemos como as vozes críticas ao estado a que chegou esta latrina são cada vez menos. E é por isso que eu não perdoo a Günter Grass o seu passado.

Sobre este assunto aconselho que leiam isto e mais isto

Algumas notas biográficas sobre Günter Grass encontram-se aqui.

quinta-feira, setembro 21, 2006

quarta-feira, setembro 20, 2006

Ainda a propósito dos filhos de (e da) puta

Quem foi o primeiro a chamar filho de puta ao primeiro filho de puta? Lembram-se dos símios de 2001-Odisseia no Espaço à porrada por causa de uma poça de água? Terá surgido nessa altura a noção de filho de puta, logo que a tribo vencida é condenada a morrer à sede. Se a tribo de filhos de puta que tomou conta do poço tivesse partilhado a água, possívelmente não haveriam hoje tantos filhos de puta a enxamear a humanidade. A filha de putice é qualquer coisa de genético, está alapada ao ADN como uma pastilha elástica à sola do sapato. E é aqui que reside a grande diferença entre filhos DE puta e filhos DA puta. Os segundos mais não são que acidentes de nascimento, produtos genuínos do prazer sem verrugas no ADN. Portanto os verdadeiros filhos de puta são os filhos DE puta, e quanto aos outros puta que os pariu.
A influência dos filhos de puta na história da humanidade não tem paralelo: é a própria história da humanidade. Filhos de puta mataram-se uns aos outros ao longo dos séculos por causa de parcelas de terreno, arrastando consigo resmas de não filhos de puta e alguns filhos da puta. Massacraram-se por causa de um filho de puta de um deus, imolaram-se por causa de filhos de puta de reis, imperadores, presidentes, santos milagreiros e jogadores de futebol. Filhos de puta contra filhos de puta em disputa pelo controlo do mundo e das mentes dos não filhos de puta e de alguns filhos da puta. Cristo foi atraiçoado por filhos de puta e crucificado por outros filhos de puta. Na sua igreja pontificaram filhos de puta que torturaram, queimaram e extreminaram outros que nem sequer sabiam o significado de ser filhos de ou da puta. Os filhos de puta dos ingleses, mais os filhos de puta dos espanhóis e portugueses encarregaram-se de espalhar a moléstia por toda a parte, convertendo inocentes filhos da puta em filhos de puta através de gerações.
Os filhos de puta de hoje não são mais nem menos que os de outrora. Os meios para porem em práctica a sua filha de putice é que são cada vez mais sofisticados. Vejam só: uns filhos de puta atiram com uns aviões contra umas torres no país de outros filhos de puta, matam perto de 3000 pessoas, perdão!, alguns seriam filhos de puta pelo que o saldo final andará pelas 2387 pessoas, os filhos puta atingidos respondem invadindo países onde os filhos de puta supostamente se escondem, e o resultado é o aumento desordenado de filhos de puta, cujo ódio recíproco só tende a criar cada vez mais filhos de puta. E porquê? Porque o filho de puta alimenta-se de poder, e está-se nas tintas para as consequências do exercício desse poder desmesurado. O filho de puta é, pois, um predador louco, um lobo que extremina todo o rebanho sem pensar na escassez que vai haver no próximo inverno. O filho de puta nem sequer sabe o que é lutar pela sobrevivência: alimenta-se da sua própria sobrevivência.
Se algum dia uns filhos de puta de extraterrestres invadirem esta merda e fizerem o favor de extreminar todos os filhos de puta, filhos da puta, e filhos legítimos, não podem ser acusados de massacre. Será um acto de misericórdia.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Não queria acreditar. O meu amigo e fiel conselheiro Josep Ratzinger, mais conhecido pela alcunha de Bento XVI, veio a público mostrar as partes intimas sem o devido consentimento da Imaculada Confraria dos Beatos do Vaticano e, mais grave ainda, sem a opinião pertinente deste vosso escriba. Voei que nem um tiro para o Vaticano e à sombra da 3ª coluna a contar da esquerda desanquei no Josep toda a minha discordância pelo seu acto irrefletido. O tipo ouviu, cabisbaixou, engoliu em seco e jurou pela alminha de Nossa Senhora e do III Reich que haveria de reparar o mal cometido. Deixei que uma lágrima deslizasse do olho até ao queixo, dei-lhe uma palmadinha nas costas para o reconfortar e fomos juntos acender uma velinha pela vitória do Benfica, mais umas imperiais e tremoços na messe da Capela Sistina.
No dia seguinte o Josep retratou-se pela TV, disse que sim senhor, o Maomé não sei quê, e não sei que mais, que era tudo a fingir, ele só queria brincar um bocadinho pois a vida de Papa não é nada fácil, e aquilo que ele diz não é aquilo que ele pensa e foi de tal maneira convincente que às tantas pensei estar a ouvir o meu amigo Mahmoud Ahmadinejad a desancar nos ocidentais e a apelar à guerra santa, e depois a dizer que não senhor que foi tudo um equívoco.
Regressei nessa mesma madrugada e ainda a tempo de assistir ao último discurso do meu amigo George Bush, que, não sei se conhecem, é um mestre na arte de representar. Se algum dia o George for eleito Papa, irei propôr à Imaculada Confraria dos Beatos a transformação do Vaticano em teatro de fantoches. Tanto talento desperdiçado, meu Deus!