segunda-feira, janeiro 21, 2008

As ameaças são para levar a sério

Enquanto a avó Urzelina ensina o gato Matias a soletrar “jamé” em francês, eu e a minha prima Ossétia concentramo-nos em mais uma aula práctica de anatomia táctil, ou seja, “análise digital da textura da carne”. Nada nos pode distrair desta paz familiar e interactiva, salvo quando gato Matias gagueja ou quando o Presidente sai da TV e entra por ali dentro sem respeito nenhum e diz que as “ameaças são para levar a sério”. Tivesse eu uns cavacos à mão e o tipo saía dali com o rabo entre as pernas e a cuspir bolo-rei que nem um herói. A prima Ossétia ficou de tal maneira alarmada que a sua pele ficou galinácea, o gato arqueou o tronco, eriçou o pê-lo e sussurrou fff......-se, a avó Urzelina ainda teve discernimento para pegar no arcabuz e quando se preparava para encher o traseiro daquele pavão de chumbo, o Elias assomou à janela sorridente e disse todo lampeiro: “- Tenham calma! Não vêm que é tudo a fingir? Depois da Presidência portuguesa da UE há que criar mais fait-divers, ´tão a ver?”.
Não é que desconfiasse, mas já estava à espera de uma cena destas. Um gajo fica calejado pá.
Para compensar a avó começou a ensinar ao gato Matias como se diz “fait-divers” em francês, e eu e a prima Ossétia resolvemos aumentar o número de prácticas de anatomia. Quanto ao Elias, que além daquilo que é ainda ganha umas coroas como bufo da ASAE, resolveu emigrar para Alcochete, destino provável da maioria das aves de arribação cá do burgo.
Quanto ao Presidente, o gajo deixou de chatear: desligámos o televisor.
As ameaças são para levar a sério, pois então!

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