Já repararam que a política nacional está de tal maneira comprimida e deprimida que quando alguém se quer a ela referir só fala num túnel? Tudo isto começou porque o 1º ministro antes de o ser foi presidente da câmara de Lisboa, e foi responsável por essa obra magnânima que é o túnel do marquês, que como toda a gente sabe é um túnel sui generis pois só tem uma entrada e não tem uma saída. É assim como um buraco cortado ao meio, estão a ver? Mas agora que o senhor é 1º ministro alguém resolveu fechar o túnel do Rossio, e isto faz-me pensar que a política em Portugal é como um túnel que nunca acaba ou que se fecha, e que assim os portugas nunca mais vêm a luz que deve estar lá para o fundo, e nunca vão saber se a luz é do sol, de uma lâmpada de néon, de uma vela ou de uma lanterna de escuteiro. Cá por mim vou mas é acender uma velinha à Nossa Senhora de Fátima para ver se quebra este enguiço.
Mas o que acontece é que o túnel faz-me sempre lembrar o ministro Paulo Portas, não sei porquê. Talvez que o pelouro do sr. Ministro da Defesa seja uma espécie de buraco sem fundo, ou seja ele mesmo, não sei. Porque isto de fundo também me faz lembrar a história dos submarinos para combater o tráfico de droga, pois toda a gente sabe que os traficantes utilizam submarinos e peixes aranha para introduzirem a droga no nosso país, e também para salvamento de náufragos, imaginem um náufrago a afogar-se e lá vem o submarino do Portas, e pimba!, aconchega-o por baixo e salva-o de morte certa.
Isto de aconchegar faz-me lembrar um cliente que está sempre a dizer que eu sou o seu aconchego, o seu ninho de cegonha, é cá uma seca! Nesta profissão não se pode ser o ninho de ninguém, pois a gente não se pode pegar de amores por um fulano qualquer, seria mau para o negócio. Temos de mostrar frieza, e até algum distanciamento, tipo assobiar para o lado, como faz o presidente Sampaio quando não anda com a lagriminha ao canto do olho.
Não sei porquê, mas hoje estou sinto-me um pouco amarga. Pensando bem não é só hoje, e creio que não sou a unica portuguesa a senti-lo. Creio que é um estado de espírito inerente à condição de ser português e uma coisa inventada por um português que se chama lobotomia. É assim uma espécie de retirar um bife ou coisa assim de ambos os lados da cabeça, e a gente fica com os pensamentos muitos limitados, e a inteligência de um sapo do Amazonas. Devem ter feito tantas lobotomias aos portugas no passado que estes se transformaram em lobotónamos crónicos, sem reacção, sem inteligência, com tendência para a amargura, o fado, o auto suplício religioso.
Só assim se percebe que os portugas continuem a levar na tromba, a ter mais desemprego, menos direitos, pagar mais impostos, vida mais cara, e continuem a viver como se tudo não passasse de um malfadado destino, paciência, o que se há-de fazer.
Às vezes sucede estar a aviar um cliente e apetece-me comer tremoços ou ver a telenovela, e esta indiferença tem muito a ver com a indiferença dos portugas perante o seu destino. Ou seja, em vez de se esforçarem a procurar a luz ao fundo do túnel, inventaram uma tramóia com outro túnel! E agora com dois túneis os portugas já não sabem em que túnel procurar, se procurar num só já era difícil com dois nem se fala.
Imaginem se as mulheres tivessem duas vaginas: os homens não portugas encontrariam maneira de ter dois pénis, os portugas ficariam eternamente indecisos sobre qual buraco usar, e acabariam por desistir encolhendo os ombros.
É triste ser portuga!
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