E pronto, já temos o Valentim outra vez. E eu a pensar que já não veria mais a criatura a arrotar as postas do costume, e eis que ele surge, qual vampiro ressuscitado, qual novo disco do José Cid, qual lingerie da Teresa Guilherme, qual perdigoto do Cavaco Silva. Será que ainda verei de novo o Santana e o Durão? E o Vale e Azevedo? E o Paulo Portas? E o Bagão Félix? E a música dos UHF? E as crónicas do Luís Delgado e do Vasco Graça Moura? Pergunto: que mal fiz eu para me privarem de tanta alegria?
O Valentim é como o selo de postal que por mais que se cuspa em cima nunca cola, que nunca viaja em definitivo para Uagadugu, que nunca se demite da Liga de Futebol, de consul não-sei-quê da Guiné-Bissau, de administrador do metro do Porto, de major na reserva, de presidente da Câmara, qual verruga castanha e pelosa plantada em definitivo na ponta do nariz.
O Valentim é como uma estátua no meio do jardim, onde os pombos cagam e os cães mijam no pedestal. O Valentim é património da humanidade lusa, é o deus dos chico-espertos, a almofada dos mortos-vivos incompetentes gestores de empresas, câmaras municipais, clubes de futebol e contínuos de sedes distritais do PSD. O Valentim devia estar na quinta das celebridades a dar peidos pela boca e a declamar sonetos do Graça Moura pelo cú. O Valentim está ou estava sobre investigação e mal lhe puseram uma câmara de tv à frente do focinho vomitou diarreia em todas as direcções. Se o Valentim fosse um cobarde nunca chegaria onde chegou, nunca daria frigoríficos e aparelhos de tv a bimbos-paspalhos-analfabetos em troca de um voto na sua ilustre não-pessoa, nunca faria discursos na tv, nunca estaria sob investigação policial.
O Valentim tem razão quando diz que foi apresentado como um troféu de caça. A cabeça do Valentim pregada na parede ao lado dos cornos do veado do Alasca ganharia o óscar do bom-gosto na arte da decoração.
Já fechou a caça ao Valentim?
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