quinta-feira, novembro 13, 2003

VIVA PORTUGAL!

Transbordante de alegria, com o rosto enlameado de lágrimas de contentamento, sentindo a alma aos pulos, estou verdadeiramente satisfeito por ser Português!
Sentado frente ao televisor, essa sagrada caixa que nos dá o alimento do dia a dia, com um copo de gin inglês numa mão e um pacote de picocas na outra, sinto-me invadido por esse estado de espírito que nos faz sentir vivos, sentir resplandecentemente vivos, sentir a vida a fluir nesse suave balançar que nos diz: sê feliz!
Da milagrosa caixinha, em directo, fui uma testemunha viva da partida dos nossos gloriosos soldados da GNR para as terras ímpias do Oriente próximo.
Foi lindo!
Os altos dirigentes da nação lusa redobrando-se em merecidos elogios aos nossos rapazes e raparigas que, de boina a preceito e farda oleada, se preparavam para embarcar. Os familiares, vizinhos e amigos destes valorosos soldados da paz, num ambiente de absoluta solidariedade, dando as despedidas calorosas a quem parte para lugar tão longe e por demais perigoso. E principalmente as namoradas de alguns deles, em ternura de virgens abençoadas por terem alguém tão destemido por perto do coração, deram uma lição de vida que já há muito não se via, talvez desde os tempos das guerras coloniais, quiçá, desde os tempos da partida das naus rumo aos descobrimentos.
E tudo em directo, ali, mesmo à minha frente, entre um copo de gin inglês e um pacote de pipocas fecundado por grãos de milho americano!
Senti-lhes a tristeza de não terem partido uns dias antes, pois poderiam ter dado ao mundo a mensagem de ilustres defensores da paz ao serem protagonistas reais do atentado que se abateu nas suas esperadas instalações em terras do Iraque. Espero sinceramente que, a estes destemidos guerreiros, não lhes faltem oportunidades de mostrarem o que valem, e que demonstrem ao mundo que nós, os Portugueses, os temos no sítio mesmo que uma bomba os queiram arrancar ao sossego do sítio a que pertencem e donde nunca estiveram dispostos a sair.
Finalmente senti, como se fosse comigo, a alegria de pertencer a uma nação de valorosos e destemidos voluntários por causas nobres.
E para todos aqueles que, com total despudor, dizem que estes valorosos voluntários apenas o são pelos parcos dinheiros que tal missão lhes dá, vos digo que nada entendem de chamamento pátrio, de valores da nossa civilização, de quão grande é o humús de ser Português!
Finalmente senti, ao testemunhar tão grande momento, em directo, a alegria duma puta que arranja um papalvo que lhe dá um apartamento mobilado e dez mil euros por mês para foder só com ele. Agora, finalmente, percebi!
Viva Portugal! Vivam os gloriosos Portugueses!
Para o Iraque, em força, já!
P.S.: Se alguém influente ler este meu texto, desde já estou disponível para ir como voluntário juntar-me aos valorosos que agora se foram. Exijo pouco, apenas uma daquelas namoradas à minha despedida. Contactar para : 2º remador, Tripulação Maravilha, Rua da Nau Catrineta, 69. Obrigado

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