quinta-feira, outubro 06, 2005
Os 10 Mandamentos
Sempre me irritou esta imagem do profeta Moisés a tentar esmagar alguém com as tábuas dos 10 mandamentos, assim como quem quer obrigar o pessoal a cumpri-los à força, nem que tenha de esmagar crânios para os meter lá dentro. Sendo Moisés incarnado aqui pelo actor fascista Charlton Heston, a imagem até tem qualquer coisa de real, ou de profecia, como queiram. Não admira, pois, que estes mandamentos divinos não sejam levados a sério. Depois de levarem com as tábuas na moleirinha arremessadas pelo energúmeno Heston qualquer mortal ficaria irremediávelmente cliente assíduo das consultas do Júlio de Matos. Mas supondo que Moisés tenha realmente existido, e que Deus (cuja existência não se questiona) lhe ofereceu em promoção as tábuas da lei, e que este, num ataque de raiva incontida, deu uma valente coça ao desgraçado povo judeu que este andou perdido milhares de anos pelo mundo fora sem encontrar poiso certo até que decidiu ocupar pela força terra alheia.
Mas não teria sido deliberada esta violenta acção do profeta? Não teria Moisés pensado que o seu Deus ao querer obrigar o pessoal a cumprir aqueles mandamentos não estaria já decrépito e senil? E que num gesto de impotência face ao divino descarregásse a sua fúria sobre a pobre turba ululante, na esperança que esta fizesse tudo ao contrário? O que é certo, tenha ou não tenha sido assim, a coisa resultou em pleno.
Senão vejamos:
1º Amar a Deus sobre todas as coisas
2º Não pronunciar o seu nome em vão
3º Guardar os domingos e dias de festas
4º Honrar pai e mãe
5º Não matar
6º Não pecar contra a castidade.
7º Não furtar
8º Não levantar falso testemunho
9º Não desejar a mulher do próximo
10º Não cobiçar coisas alheias
Com excepção do 3º nenhum dos outros é levado a sério.
E sendo certo que até os políticos sobrevivem à custa dos seus pecados, e que alguns até querem obrigar o pessoal a trabalhar ao domingo e dias santos, então o melhor teria sido Moisés usar as tábuas da lei para construir os alicerces de algum condomínio de luxo em Gondomar, Felgueiras, Amarante ou Oeiras.
É que o esquecido 11º mandamento diz que
Corrupto, quando morre, vai para o paraíso fiscal.
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