quinta-feira, outubro 27, 2005

A GRIPE DAS AVES

Cá para mim, isso da gripe das aves é uma grande treta. Pelo menos aqui por perto não existe e mesmo que venha a existir, seguramente apenas afectará animais com penas de menor porte ou de condição mais frágil e portanto já por si postos à margem da cadeia de preservação da espécie.
Ainda tive alguma ténue esperança que essa tal de gripe da passarada se transformasse em rápida epedemia avassaladora dessa espécie, e que se propagasse em tempo útil à união europeia e particularmente a este país, onde a passarada sempre encontrou as condições perfeitas para o seu rápido desenvolvimento e preservação. Mas afinal, mais uma vez tenho de me resignar com a triste realidade de que nem uma simples gripe selectiva faz o favor de aqui chegar, fulminante e transformadora da capoeira a que chamam Portugal.
De facto, os passarinhos e passarões que por aí proliferam estão e continuam sem um espirro, sem as asas caídas, sem sequer diminuirem as forças que lhes permitem os voos, quer razantes quer altos. E continuam a defectar cá para baixo como muito bem lhes apetece, em alegre rodopio de cacarejos, em bandos de animais à solta.
Engalanadas na sua plumagem, as aves que proliferam neste país são de diferentes famílias mas todas pertencem à mesma espécie, pelo que tendo traços genéticos comuns, seria fácil uma gripesinha entrar-lhes pelo bico ou pela cloaca e zás...adeus aves!
E não se pense, como eu pensei durante algum tempo, que são aves raras. De facto em tempos muito antigos foram raras, mas hoje face às condições de habitat natural e capacidade de reprodução assistida, existem aos milhares neste grande aviário nacional, embora mantenham capoeiras próprias a cada família.
Claro que nem todas estas aves têm o mesmo porte e altivez, pois enquanto algumas são os instrutores de vôo, garante de chegarem cada vez mais longe e mais alto, a maioria das restantes são o garante da continuação da espécie, mantendo as capoeiras em perfeitas condições e o aviário nacional como permanente fornecedor de melhores e mais alimento.
Vejam-se alguns exemplos de famílias de aves que, conhecendo-se uns quantos passarocos, logo é fácil identificar muitos outros que andam por aí a cagar-nos em cima da cabeça e a dar-nos bicadas.
Da família dos "grosnaris falorum baratis", conhecidos no vulgo por papagáios de asa listada, temos os Marcelos, Pachecos P., directores de informação de TV´s e jornais, etc.
Da família dos "avis superioris", mais conhecidos como águias supremas, temos os Balsemões, P.Portas, L.Delgados, etc.
Da família dos "sapiem aldrabis", na gíria popular conhecidos como picansos reais, temos os Barrosos, Sócrates, Marques M., S. Lopes, Joões J., Isaltinos, Marias, etc.
Na família dos "canora absolutis rapinus", estes os passarões dignos desse nome e por isso mesmo designados pelo povo como águias-reais-que-nos-fodem-tudo ou abutres de bico longo, encontramos sub-classes tais como os Sotto Mayores, os Espíritos Santos, os Belmiros, os Cravinhos, os Jardins, etc, etc.
Claro que a lista de aves de rapina é extensa, tal não fosse esta capoeira nacional um priviligiado local de culto, mas apenas se dá uma ideia sobre a passarada que deveria contrair a dita gripe.
Desgostoso que uma epedemia a sério não venha varrer com todos esses passarinhos e passarões, fica-me a esperança que o H5N1 possa rápidamente transformar-se num vírus mais eficaz, tipo H100ApeloNemAgravo, e lhes entre pelos buracos das suas fuças transformando rápidamente toda esta corja de aves em yogurte líquido light.
Eu nada farei para lhes encontrar uma vacina.

sexta-feira, outubro 21, 2005

Que mal fiz eu para merecer isto?

Nunca como hoje existiu tanto tédio neste país. Creio mesmo que o mal deste país é apenas o tédio. Morre-se de tédio hoje em dia. E como este blog tem andado à deriva é perfeitamente natural que o tédio espreite quem nele vai botando algum serviçinho, mesmo que seja de qualidade duvidosa. Compreende-se, as digestões andam dificeis cá pelo burgo.
Não evito um longo e soberbo bocejo ao ouvir os comentários bajuladores dos lacaios cavaquistas, não evito uma ponta de nojo perante o personagem, não evito sequer um penoso aborrecimento perante os outros merdosos candidatos à presidência, meu deus, se existes, lança sobre tudo isto aquela praga que guardavas para os teus dias de azia...
Nunca como agora a baba de safio fez tanto sentido. Escorregadia, fétida, mal cheirosa.
Este país tresanda de baba e de babosos safios e aves raras. Antes caísse sobre nós uma chuva de langonha, que aturar esta gelatina infame que passa pelas frinchas das janelas, atravessa as fissuras das paredes, invade o nosso condomínio através da televisão. A baba junta-se ao canto da boca, e quanto mais o personagem articula pseudo mensagens de esperanças vãs, mais esta engrossa, passa do branco espumoso ao amarelo, e então os perdigotos começam a chover em todas as direcções, e só quem tem guito para se proteger é que não leva com esta chuva infame.
Dirão que isto é um exagero, mas não é. Tanto tempo para isto, meu deus, tanto tempo perdido à espera de um salvador, de um anjo vingador que se apresenta com as solas das botas gastas das lambidelas dos bajuladores. Seria mais barato pagar ao Homem Aranha para fazer este papel, ou então ao incrível Hulk que até passaria despercebido no meio dos vómitos verdes dos poucos que ainda abominam a situação.
E andamos nós nisto, cobertos de podridão salazarista, de soares a cavacos, de durões a santanas, de sampaios a louçãs, de guterres a sócrates, de alegres a tristes jerónimos de circunstância, de merdolas profissionais da comunicação social que lambem todos os cús no afã de manterem o emprego. Acautelem-se os incautos, a baba vem aí, vai engrossando à medida que apanha as suas vítimas no engodo, vai apertar-vos o cachaço com mais uma correntes, vai tornar-vos mais escravos do consumo obrigatório e do telemóvel 3G. Confusos?
Pois bem, delirem à vontade com as bichezas do palhaço Castelo Branco, ele é pago para isso, para vos atirar com a baba ao focinho. Apreciem as dissertações verborreicas do Marcelo, e façam que sim com a cabeça cada vez que o homem arrota uma baboseira ou uma opinião de pacotilha, a baba de safio até lhe chega aos tornozelos.
A inteligência não chegou a este cantinho, até deus se esqueceu que os portugueses estão para a Europa como o acne está para os adolescentes, e a única pomada que nos receitou foi esta funesta baba, que nem tem direito a ser um genérico, que se espalha no mal e torna o mal ainda pior, triste sina a nossa.
E o pior de tudo é o tédio, estamos tão habituados à trampa que esta já não nos incomoda, apenas nos faz tédio, tédio, tédio. Estamos fodidos, meu, estamos todos fodidos. O homem vem aí e vai entrar pela nossa casa adentro durante pelo menos quatro anos. O gajo e o Sócrates vão subir pelo cano esgoto, passar pelo sifão, e tocar o sino com os nossos tomates. E não consigo pensar nisto sem sentir um grande e prolongado aborrecimento...foda-se...

quarta-feira, outubro 19, 2005

O país está de boca aberta.
Então o BES está sobre investigação por branqueamento de capitais e fuga ao fisco?
E os seus administradores andaram para aí a fazer coisinhas feias com o dinheiro dos depositantes?
Posso acreditar que somos governados por extra-terrestres gelatinosos, mas acreditar nas falcatruas de um banco que para além de financiar as principais equipas do luso futebol ainda foi fiel depositante das poupanças do general Pinochet, esse grande herói latino-americano?
E acredito piamente nas palavras do administrador do BES Ricardo Salgado quando diz que errar é humano, e que talvez alguém possa ter cometido pequenos erros, tais como criar empresas fictícias e desviar milhões para paraísos fiscais.
Pôrra, pá, a isto chama-se desenvolvimento sustentado!

segunda-feira, outubro 17, 2005

A organização Oikos (inventam cada nome para estas merdas!) concluiu que em Portugal as 100 maiores fortunas representam 17% do PIB, e que 20% dos mais ricos controlam 45,9% do rendimento nacional. Estes valores não são dignos de um país europeu e membro efectivo da UE, mais se aproximam de um país em vias de desenvolvimento.
Ora bem:
Entre 1974 e 1984 este país conheceu a instabilidade própria do período pós-revolucionário, sofreu as investidas do capital estrangeiro para controlar a refrega, aturou toda a espécie de jogos sujos de políticos caseiros, suportou o bloco central. Até que inevitávelmente o salvador veio de BX espurgar o demónio. O Algarvio Cuspidor agarrou o barco com a maré a seu favor, com a grana a chover em catadupas sobre os basbaques ministros do seu séquito, vendeu a treta do oásis, e fechou os olhos à rebaldaria que os seus apaniguados fizeram com os fundos de coesão. Quando as coisas deram para o torto, os seus apoiantes abandonaram o barco com os sacos cheios de produtos do saque, criaram os seus negócios, impuseram as suas regras, e até hoje têm exercido sobre o pobre estado aquilo que em linguagem policial vulgarmente se chama de chantagem. Os seguidores do Cuspidor na chefia do Estado apenas deixaram seguir o barco à deriva até que a tempestade que se adivinhava os fez desistir. Não admira, pois, que as coisas estejam como estão.
E vem agora este sujeitinho incrível candidatar-se a Presidente, com falinhas mansas e pézinhos de lã, a tentar disfarçar a arrogância provinciana que sempre o caracterizou, na mira de conquistar votos no inferno. Os seus sequazes embasbacam de alegria e já se masturbam em público em frente às câmaras de TV, os comentadores politicos vendidos já lhe prevêm uma vitória fácil, os mais exaltados não escondem um espírito vingador.
Este homem ignorante, inculto, vaidoso, cinzento e boçal vai ser presidente depois de ter sido praticante de atletismo, ministro das finanças, 1º ministro, professor universitário. E vai sê-lo porque os seus sequazes de hoje e de sempre, os tais 20% que controlam metade do país, precisam de mais um lacaio que lhes alivie a braguilha para mijarem ainda mais à vontade. As coisas estão tão más que o Sócrates sózinho já não dá conta do recado.

terça-feira, outubro 11, 2005

Mortugal...

Do Dragoscópio como sempre uma lúcida observação:

Ao Portugal actual chamemos Mortugal. Isto, se quisermos ser realistas. Para os mais sonhadores, talvez Hortugal esteja mais a contento: já não é um jardim à beira-mar plantado, mas ainda pode ser uma horta. Nabos e hortaliças, pelo menos, não faltam.Pois bem, neste Mortugal em que jazemos, os piores julgam-se os melhores, são ovacionados por microturbas mentecaptas, e reinam em conformidade. Em vez duma República aristocrática temos, por conseguinte, uma república cacocrática ou "democracia dos alguidares". Em vez de glória e grandeza, temos baixaria e corrupção. A pergunta que eu, entretanto, gostava de deixar a todos os autoproclamados patriotas é, no essencial, a seguinte:Será possível, sem recurso à magia negra, fazer duma oligarquia dos piores uma oligarquia dos melhores? Isto é, na terminologia Pessoana, será possível, a não ser por artes taumatúrgicas, converter uma oligarquia caótica numa agremiação organizada? Um cancro num cérebro? Um monstro rastejante num Zeus Olímpico?...Relembro que isto ainda não é uma república das bananas, apenas e somente, porque é uma república dos macacos e, assim sendo, não há bananas que resistam.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Rescaldo das eleições

Triste, muito triste mesmo. Ferreira Torres foi enxotado da câmara de Amarante e já não pode fazer companhia aos restantes elementos da quadrilha chefiada pelo major Batata.
Deixo aqui o meu voto de solidariedade para com o ex-autarca modelo de Marco de Canaveses, e a minha proposta para que a Fátinha, o Tininho e o major Batata façam das suas câmaras municipais o que os traficantes de droga colombianos fizeram da cidade de Medelin.
Se forem mesmo corruptos que o sejam até às ultimas consequências, pôrra!

quinta-feira, outubro 06, 2005

Os 10 Mandamentos


Sempre me irritou esta imagem do profeta Moisés a tentar esmagar alguém com as tábuas dos 10 mandamentos, assim como quem quer obrigar o pessoal a cumpri-los à força, nem que tenha de esmagar crânios para os meter lá dentro. Sendo Moisés incarnado aqui pelo actor fascista Charlton Heston, a imagem até tem qualquer coisa de real, ou de profecia, como queiram. Não admira, pois, que estes mandamentos divinos não sejam levados a sério. Depois de levarem com as tábuas na moleirinha arremessadas pelo energúmeno Heston qualquer mortal ficaria irremediávelmente cliente assíduo das consultas do Júlio de Matos. Mas supondo que Moisés tenha realmente existido, e que Deus (cuja existência não se questiona) lhe ofereceu em promoção as tábuas da lei, e que este, num ataque de raiva incontida, deu uma valente coça ao desgraçado povo judeu que este andou perdido milhares de anos pelo mundo fora sem encontrar poiso certo até que decidiu ocupar pela força terra alheia.
Mas não teria sido deliberada esta violenta acção do profeta? Não teria Moisés pensado que o seu Deus ao querer obrigar o pessoal a cumprir aqueles mandamentos não estaria já decrépito e senil? E que num gesto de impotência face ao divino descarregásse a sua fúria sobre a pobre turba ululante, na esperança que esta fizesse tudo ao contrário? O que é certo, tenha ou não tenha sido assim, a coisa resultou em pleno.
Senão vejamos:

1º Amar a Deus sobre todas as coisas
2º Não pronunciar o seu nome em vão
3º Guardar os domingos e dias de festas
4º Honrar pai e mãe
5º Não matar
6º Não pecar contra a castidade.
7º Não furtar
8º Não levantar falso testemunho
9º Não desejar a mulher do próximo
10º Não cobiçar coisas alheias

Com excepção do 3º nenhum dos outros é levado a sério.
E sendo certo que até os políticos sobrevivem à custa dos seus pecados, e que alguns até querem obrigar o pessoal a trabalhar ao domingo e dias santos, então o melhor teria sido Moisés usar as tábuas da lei para construir os alicerces de algum condomínio de luxo em Gondomar, Felgueiras, Amarante ou Oeiras.
É que o esquecido 11º mandamento diz que

Corrupto, quando morre, vai para o paraíso fiscal.

Citação anónima em tempo de eleições

"Não contem à minha mãe que entrei para a política. Ela ainda pensa que sou pianista naquela casa de putas!"

segunda-feira, outubro 03, 2005

Do "Bicho Carpinteiro":

O republicano William Bennett, apoiante de Reagan e Bush, defendeu que se todas as mulheres americanas negras abortassem, o crime diminuiria.

Comentário do Cesto:

O fulano é muito restritivo e tímido a emitir esta opinião. Direi mais: se a mãezinha
do sr. William Bennett tivesse abortado na devida altura, bem como a do seu correligionário Bush pai, a criminalidade diminuiria ainda mais, e o mundo seria um sítio muito mais tranquilo para se viver.