quarta-feira, setembro 28, 2005

Votar em Oeiras

O Cesto da Gávea junta-se à proclamada vaga de fundo de apoio à candidatura do sobrinho do Isaltino à Câmara de Oeiras. O homem é motorista de táxi na Suiça, um trabalhador emigrante, e zelou honestamente pelas poupanças do tio naquele país.
Melhor candidato não há.
Deixe o seu apoio na caixa dos dejectos, s.f.f.

sexta-feira, setembro 23, 2005


O pessoal passa a vida a queixar-se dos políticos, que são todos uns corruptos, que só querem tacho, que se fartam de gamar, etc., etc,.
Estes senhores e esta senhora estão em vias de serem eleitos para as autarquias em que concorrem, apesar de terem processos judiciais a correr por corrupção e outros delitos.
O povo queixa-se mas depois dá-lhes o voto.

Este povo só tem o que merece.

sábado, setembro 17, 2005

A Marca Portugal

Estou parvo. Ou seja, estou mais parvo que o costume. E assim ficarei se continuar a não entender esta nova diarreia cuspida pelo famigerado e douto ministro socrático da economia. O homem quer vender lá fora, que é como quem diz, ao relento, a magnífica, soberba e competentíssima Marca Portugal. Diz o homem que é para promover o país, e para ver se conseguimos sair desta crise de retrocesso sem retorno em que nos encontramos. O homem deve estar completamente etilizado, ou então esclerótico. Vender a Marca Portugal? Excelente, sr. ministro. Não tivesse eu a melhor das opiniões a seu respeito e estaria agora a pensar que se tinha esquecido da seringa espetada no bracinho. Mas vamos acreditar que sim. E proponho-lhe a venda dos maiores e melhores produtos portugueses além fronteiras.
Que tal o Valentim Loureiro? O homem é um portento, enriqueceu a vender batatas em África que vinham de borla do continente para alimentar os soldados que por lá andavam a matar pretos. Genial, ninguém faria melhor. E o Santana Lopes, o mestre do embuste, da incontinência e da incompetência, e o Durão, que por lá anda a promover e a promover-se, que da mentira já ninguém o leva. E o Jardim da Madeira, um ilustre coronel à moda brasileira, o Cavaco, mestre da vaidade e da política do cuspo, e todos os outros produtos nacionais, infelizmente para nós não importados da China, senão há muito que se teriam transformado em lixo.
Há muito produto com a Marca Portugal para vender ao desbarato. produto genuíno, com muitos anos de garantia, curam todos os males menos o mal de existirem.
E já agora sr. ministro, ponha um selo na testa com código de barras e tudo, com os dizeres Made in Portugal e desopile daqui para fora. Pode levar consigo a preço de saldo os seus colegas do governo, os partidos da oposição, os comentadores políticos, e comece já promover a Marca Portugal. Quem comprar uma dezena destes produtos leva de borla um Marques Mendes para porta-chaves, uma Lili Caneças de encher, e um serviço completo de meninos CDS com borbulhas e cabelinho à panasca.
Não se aceitam devoluções...

quarta-feira, setembro 14, 2005

Terra dos Mortos

Terra dos Mortos bem se podia aplicar a uma terra que eu cá sei. Só que neste filme os mortos sabem o que querem.
Um filme inteligente e imperdível do italiano George A. Romero, uma sátira radical ao capitalismo e à actual gestão norte-americana.
A ver urgentemente mesmo por aqueles que acham que este género de filme é menor, e também por aqueles que se acham muito impressionáveis. Perderão as manias.
Ah, já me esquecia, Asia Argento também anda por lá, bem viva e saudável!

quinta-feira, setembro 08, 2005

Querem mais?

Deixemo-nos de ilusões. Esta merda nunca deu o que tinha a dar. Somos periféricos e continuaremos a sê-lo até reduzirem o Palácio de S. Bento a cinzas. Quem já viajou de carro entre Barcelona e Lisboa num só dia sabe do que falo. Atravessar a pôrra da península de uma ponta à outra é pior que atravessar o deserto de Gobi em pleno verão e a fazer o pino. Não me venham com merdas. Isto aqui nunca deu nada, só andaram a fingir que um dia fomos grandes. E venham lá esses conas de sabão dos teóricos da verborreia defender a pátria lusa, a bandeira, a selecção de futebol, a Catarina Furtado e o Tiago Monteiro. Mesmo os que conseguiram sair da mediocridade periférica para visões globais acabaram por sucumbir ou ser eliminados pelos pensadores da incompetência masturbativa. Esta merda não existe nem devia ter existido. É um erro de casting geográfico. Um tumor no anús da civilização.
Um país aonde? Na ponta mais ocidental da Europa, no esfincter da Península Ibérica?
Devem andar com o nariz cheio de coca, esses intelectuais da economia de subterfúgio que defendem este mal estar geográfico como uma ponte entre a Europa eos States.
Por isso a única coisa que se produz nesta coisa chamada país são massas esponjosas amorfas e cheias de ácaros que se implantam a preço de saldo nas cabecinhas de Lilis Caneças e Paulas Bobones, Durões Barrosos e Santanas Lopes, Cavacos e Soares, Marques Mendes e Josés Sócrates, Belmiros e Amorins. Bardamerdas que um dia sonharam que teriam o poder na mão e um país a beijar-lhes os pés.
Nem país, nem poder, nem beijinhos. Apenas bosta. 99.000 km2 de bosta grossa, mal cheirosa e purulenta, onde até as moscas sofrem de arterosclerose.
Querem mais?

sexta-feira, setembro 02, 2005

O gajo chamou-me, pôrra!, e logo agora, já noite cerrada, cansado da viagem ao Monte Ararat, faminto que nem um cão. Mas a curiosidade ganhou terreno ao ver que o Presidente estava acompanhado do Lambe-botas lá do sítio, sujeito viscoso, sempre de sorriso de orelha a orelha, e sempre pronto a dar grandes abraços de amizade mesmo a quem acabou de conhecer há 5 minutos. Tal duo, o Presidente mais o fiel Lambe-botas, e ainda o Motorista do Presidente que fumava um cigarrito encostado ao Mercedes com o motor ao ralenti, espicaçou-me a curiosidade. Para além dos cumprimentos da praxe e do abraço gorduroso do Lambe-botas, tais personagens em pose conspirativa numa rua secundária da aldeia tiveram o condão de me esticar as antenas e tentar descobrir o que estariam ali a fazer. Segundo a conversa, o jantar deveria ter sido bem regado, pois a verborreia começou a tomar caminhos ínvios pela boca do próprio Presidente, já que da boca de um lambe-botas esperam-se todo o tipo de dejectos. Dizia o homem que se o deixassem acabava já com os incêndios, que fazia não sei o quê, mais não sei o quantos, e quando lhe lembrei que ali mesmo no seu concelho, lavrava um incêndio bem jeitoso o homem só respondeu que o governo o tinha deixado de mãos atadas, que não podia fazer nada e etc.. O Lambe-botas escutava embevecido com a argumentação e ripostou dizendo que o Sr. Presidenete era o maior, que já tinha feito muito pelo concelho, e que devia ir para ministro, embora por lá tenha passado de fugida há uns anos atrás. O Presidente, homem pragmático, respondeu que não, ali é que estava bem, já tinha trabalho feito, umas rotundas com relva e estatuetas avant-garde, uma passagem de nível eliminada, um pavilhão multi-usos sem qualquer uso, umas florzinhas plantadas à entrada de algumas aldeias circundantes, e o Lambe-botas a dizer que sim, senhor, nunca se vira nada assim no concelho, e eu com o vómito a subir-me pelo esófago acima, e suores frios a escorrerem-me pelas costas abaixo, enquanto pensava no pessoal da terra sem saneamento básico, sem apoio à 3ª idade, sem saúde que se visse. Mas estas coisas não são para serem feitas, se fossem feitas deixavam de ser promessas para políticos e aí deixava de haver caça ao voto. Quem já ganhou eleições a prometer rotundas à entrada e saída das povoções e uns malmequeres ranhosos plantados no caminho? E a conversa continua, descamba para as presidenciais, e aí o Lambe-botas transforma-se em Lambe-cús e canta loas ao Cavaco, e pede opinião ao Presidente sobre a candidatura da múmia de Boliqueime, e o Presidente desanca no Bochechas, e diz que tudo não passa de uma conspiração desde que o Sampaio correu com o Pedro, sim o meu amigo do peito Pedro, correligionário de muitas noitadas, um incompreendido. E já nesta altura o Lambe-botas, perdão!, o Lambe-cús está pronto a fazer sexo oral com o Presidente se este lho pedir, e o motorista já acende os cigarros uns nos outros, e o Mercedes continua a gastar o gasóleo da comunidade, e eu já me coço e arranho e já duvido se sairei ileso desta conversa para a qual fui chamado sem ser ouvido. Mas o que pensam estes gajos de um idiota, que nem é idiota da terra nem nada, para o pescarem no meio da rua de uma qualquer comarca de Santa Pachacha de Assobio, e o obrigarem a ouvir esta poluição de palavreado ignóbil, vil, e pior do que tudo, profundamente mal cheiroso?
E estava eu a pensar se havia de suicidar-me ali mesmo quando a minha prima Ossétia (a querida prima Ossétia!))assomou à varanda a chamar-me para a ceia de toucinho com pão escuro e vinho caseiro e lá vou com mil desculpas com receio que a descrição do repasto não aguça-se apetites de Lambe-cús e Presidentes.
Já em casa, com uma mão no toucinho e outra na perna da prima Ossétia, ouvi o resfolegar do Mercedes a sobrepôr-se ao barulho típico do rebanho do tio Camilo que marchava rumo ao pasto.

Nota: Os factos relatados neste texto são rigorosamente verdadeiros com excepção do Lambe-cús e do sr. Presidente, pois toda a gente sabe que tais personagens só existem nos contos de fadas.