segunda-feira, agosto 22, 2005

NÃO HÁ FOGO SEM FUMO

Desde há uns tempos que ando desgostoso com este país, ou lá que isto é.
Nunca me considerei um prodígio lá porque comecei a perceber que isto é assim desde que levei as primeiras reguadas na primária. A entender que os aldrabões têm privilégios que todos os outros não têm. A compreender que ser espertalhão é que dá futuro. A constatar que a inteligência posta ao serviço dos que nos rodeiam só serve para acrescentar a palavra papalvo ao nome de batismo. A verificar que a matemática define claramente a regra da proporcionalidade aplicada à abestuntice, ou seja, quanto mais individualista e interesseiro um individuo o seja, mais sobe na vida deste país, ou lá o que isto é. A assumir que os ensinamentos paternais da honestidade e respeitabilidade pelos sentimentos puros afinal foram fruto de um grande equívoco que se revelaram desastrosos na vida desta sociedade.
Mas o mais grave é que chegado a este ponto, ao hoje deste país, ou lá o que isto é, já não me resta qualquer esperança de ver o parceiro do lado em atitude crítica actuante face ao outro parceiro do seu lado que permanentemente, e sem qualquer escrúpulo ou laivo de arrependimento, o amachuca, o engole, o enraba, o adraba ou o mata, mesmo que não fisicamente, pelo menos a nível do seu ser como pessoa.
É por isso que após hibernação, dei comigo a ouvir nas televisões e rádios que o país, ou lá o que isto é, estaria a arder.
Afinal não é bem assim. Aquela ténue esperança que isto estivesse para acabar por um fio de lume, afinal não passa de uma treta, uma grande treta. Basta subir ao Cristo Rei e ver que ainda está tudo para ser ardido.
Ora bolas!

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