quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Eles vivem, nós morremos lentamente






Acontece que às vezes os meus furiosos serões praticando zapping em frente ao televisor, especialmente quando por lá rumina um mário crespo ou uma judite de sousa, são devidamente compensados com verdadeiras pérolas de cinema, daquelas pérolas que eu gosto e não da merda que os críticos armados ao pingarelho gostam. Como sou assinante de um pacote de tv ao domicílio, e como tal vivendo acima das minhas possibilidades que só dariam para frequentar os quatro bordéis que se intitulam de tv portuguesa, apanhei um destes dias um filmaço que revivi com redobrado prazer ao fim de tantos anos: They Live!, ou Eles Vivem! de um senhor chamado John Carpenter.
They Live! é da colheita de 1988, quando por aí pastavam reagans e tatchers e por cá já regurgitava um tal de cavaco, esse grande estadista. Pois o sacana do Carpenter, que mesmo sendo americano não andava distraído, resolveu de uma forma simples, barata e bem esgalhada tecer forte crítica aos putativos senhores do mundo à época, não deixando nada de fora nem pedra sobre pedra. 
Mas o que mais me cativou neste revisionamento foi a actualidade do filme, sem tirar nem pôr. Está lá tudo, a exploração, a marginalização, o desemprego, a manipulação de massas, e sempre, sempre a puta da tv. Tudo muito embrulhado, condimentado e bem servido como se de um filme de horror e ficção cientifica se tratasse. Os dois protagonistas são dois assalariados da construção civil, mal pagos e de sonhos desfeitos que como é normal nas americanices acabam por dar a volta à situação denunciando o que se esconde por detrás dos programas de tv, dos anúncios publicitários em todas as esquinas, dos polícias, dos yuppies, dos políticos. Houve situações que me fizeram lembrar o Portugal de hoje, como se as homilias do ministro gaspar ou as mentiras do passos coelho, esse grande estadista, pudessem alguma vez ser traduzidas em inglês. John Carpenter é um dos grandes realizadores americanos e mais apreciado fora dos states que lá dentro, com obras míticas do terror e ficção científica bem mais apetecíveis que as catilinárias apocalípticas do medina carreira.
Ah, e tem a cena de porrada mais longa da história do cinema (isto é talvez um exagero, mas a puta da cena dura que se farta!).
Qualquer sacana que se preze deve ver este filme e apreciá-lo devidamente. E se não gostar é porque é um grande filho da puta, lambe-botas e monte de merda, que só merece ser sodomizado por uma manada de miguéis relvas.


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