sábado, maio 23, 2009

O Encontro

Enquanto te esperava no sítio combinado à hora marcada, e tu não aparecias, dei por mim a contar os carros amarelos que passavam, depois os vermelhos, depois os verdes, depois os carros oficiais com matrícula do estado,depois os autocarros da carreira 28, e mais os carros da polícia, e depois vieram os gajos com rastas, os chineses,os de emblema do benfica na lapela, e tu não aparecias, e depois contei as gajas gordas, as gajas de mini-saia, as gajas gordas e de mini-saia,
as gajas parecidas com a manuela ferreira leite, os gajos parecidos com o manuel pinho, e tu não aparecias, e depois passei a contar as gajas com mamas grandes, as gajas com mamas descomunais, as gajas com uma borboleta tatuada na ombro direito, e tu sem apareceres, minha grande puta, e ainda encontrei paciência para contar os turistas japoneses, os gajos a falar alto ao telemóvel, os gajos a falar alto sem telemóvel com aquela merda enfiada na orelha, as gajas a falar ao telemóvel com piercing no nariz e sabe-se lá mais onde, e tu, minha grande vaca, sem dares sinais de vida nem um sms a dar uma satisfação, e só quando dei por mim a contar as gajas que se pareciam contigo, sim, minha puta, tu que não te pareces com nada, é que me convenci que mais uma vez me tinhas dado a banhada, abandonando-me na calçada a contar segundos, depois minutos, depois horas, até que o cabrão do polícia me perguntou o que estava eu ali a fazer com um ramo de rosas já murchas na mão, a fazer a maior figura de parvo que um parvo como eu pode fazer.
Quando já me ia embora soou o tac-tac dos teus sapatos de salto alto ferindo a calçada, e eu em vez de te receber zangado e pronto a ouvir as desculpas esfarrapadas do costume, preguei-te um balázio nos cornos com a minha beretta de estimação que, vá-se lá saber porquê, estava naquele dia enfiada no cinto das calças.
Há premonições que se confundem com o destino.
E foi com esta tirada filosófica que fui sózinho até ao hiper-mega-centro comercial mais próximo levar com um banho de verdadeira humanidade.
Qual foi o teu gozo, puta de merda?

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