A minha vizinha do rés-do-chão tem a casa alagada por causa de um cano que rebentou. Aflita, chamou-me para ver se eu conseguia remediar o assunto, já que a minha fama cá no bairro é que eu tenho algum jeitinho para resolver encrencas. É assim, dou um jeitinho, mas não percebo nada de nada, sou apenas especialista em coisa nenhuma. Por mais que diga à vizinhança que sou como sou, não me largam a porta a pedir ajuda para desentupir a sanita, arranjar a porta da rua que empenou, trocar a lâmpada da cozinha, montar o móvel cheio de estilo comprado no IKEA, programar o comando da televisão, mudar o óleo ao carro, e até passear o Bobby porque o dono está engripado. Sou assim como todos os portugueses, sei fazer um pouco de tudo sem ser especialista em coisa alguma. Há até gente famosa que assina projectos com um diploma de engenharia comprado na feira da ladra, quem brinque aos banqueiros como quem joga monopólio com os amigos, quem treine equipas de futebol sem ter passado no exame final do jogo do berlinde. Deveria existir um doutoramento em coisa nenhuma, pois só assim os portugueses subiriam no ranking dos povos com mais doutores e engenheiros a sério, mesmo que não saibam fazer nada e deêm um jeitinho em praticamente tudo.
Assim, quando alguém me viesse pedir ajuda para consertar seja o que for, pregava-lhe com diploma do doutoramento nas fuças e cobraria honorários a raiar o escândalo.
É certo que a minha vizinha do rés-do-chão de vez em quando tem um cano entupido ou a máquina de lavar aos saltos pela cozinha, e quando me pede ajuda trás sempre aquela provocante camisinha de noite, e eu, enfim, lá faço o jeitinho.
Afinal estamos cá uns para os outros, e não preciso de um diploma nem de um banco tipo BPP ou BPN, para que toda a gente fique feliz.
quarta-feira, maio 27, 2009
sábado, maio 23, 2009
O Encontro
Enquanto te esperava no sítio combinado à hora marcada, e tu não aparecias, dei por mim a contar os carros amarelos que passavam, depois os vermelhos, depois os verdes, depois os carros oficiais com matrícula do estado,depois os autocarros da carreira 28, e mais os carros da polícia, e depois vieram os gajos com rastas, os chineses,os de emblema do benfica na lapela, e tu não aparecias, e depois contei as gajas gordas, as gajas de mini-saia, as gajas gordas e de mini-saia,
as gajas parecidas com a manuela ferreira leite, os gajos parecidos com o manuel pinho, e tu não aparecias, e depois passei a contar as gajas com mamas grandes, as gajas com mamas descomunais, as gajas com uma borboleta tatuada na ombro direito, e tu sem apareceres, minha grande puta, e ainda encontrei paciência para contar os turistas japoneses, os gajos a falar alto ao telemóvel, os gajos a falar alto sem telemóvel com aquela merda enfiada na orelha, as gajas a falar ao telemóvel com piercing no nariz e sabe-se lá mais onde, e tu, minha grande vaca, sem dares sinais de vida nem um sms a dar uma satisfação, e só quando dei por mim a contar as gajas que se pareciam contigo, sim, minha puta, tu que não te pareces com nada, é que me convenci que mais uma vez me tinhas dado a banhada, abandonando-me na calçada a contar segundos, depois minutos, depois horas, até que o cabrão do polícia me perguntou o que estava eu ali a fazer com um ramo de rosas já murchas na mão, a fazer a maior figura de parvo que um parvo como eu pode fazer.
Quando já me ia embora soou o tac-tac dos teus sapatos de salto alto ferindo a calçada, e eu em vez de te receber zangado e pronto a ouvir as desculpas esfarrapadas do costume, preguei-te um balázio nos cornos com a minha beretta de estimação que, vá-se lá saber porquê, estava naquele dia enfiada no cinto das calças.as gajas parecidas com a manuela ferreira leite, os gajos parecidos com o manuel pinho, e tu não aparecias, e depois passei a contar as gajas com mamas grandes, as gajas com mamas descomunais, as gajas com uma borboleta tatuada na ombro direito, e tu sem apareceres, minha grande puta, e ainda encontrei paciência para contar os turistas japoneses, os gajos a falar alto ao telemóvel, os gajos a falar alto sem telemóvel com aquela merda enfiada na orelha, as gajas a falar ao telemóvel com piercing no nariz e sabe-se lá mais onde, e tu, minha grande vaca, sem dares sinais de vida nem um sms a dar uma satisfação, e só quando dei por mim a contar as gajas que se pareciam contigo, sim, minha puta, tu que não te pareces com nada, é que me convenci que mais uma vez me tinhas dado a banhada, abandonando-me na calçada a contar segundos, depois minutos, depois horas, até que o cabrão do polícia me perguntou o que estava eu ali a fazer com um ramo de rosas já murchas na mão, a fazer a maior figura de parvo que um parvo como eu pode fazer.
Há premonições que se confundem com o destino.
E foi com esta tirada filosófica que fui sózinho até ao hiper-mega-centro comercial mais próximo levar com um banho de verdadeira humanidade.
Qual foi o teu gozo, puta de merda?
quinta-feira, maio 14, 2009
´Bora lá todos ao Centro, pá!
Confesso a minha perplexidade sobre o maior centro comercial da Europa, o denominado Dolce Vita, ali para os lados de Loures. De facto, o que todos nós, portugueses, mais necessitávamos nesta fase do campeonato era de mais um centro comercial, de preferência o maior da Europa. Que Deus e o Santo Padre iluminem para sempre as cabecinhas inteligentes que se lembraram desta coisa. Que as iluminem e as aqueçam, de preferência na fogueira.
O maior centro comercial da Europa vai ser a solução de todos os nossos males. Estás desempregado? Vai passear para o centro. Estás com ameaços de gripe suína? O centro espera por ti. O país está em crise? Toma lá mais um centro comercial. Não sabes como ocupar os fins de semana? O centro é o sítio ideal para passear. Queres engatar uma gaja boa? No centro não devem faltar. Está a chover? Que belo dia para ir ao centro. Está a fazer sol? Bora lá ao centro. E dizem as estatísticas que nos primeiros dias após a abertura o centro teve a visita de perto de 500.000 pessoas, ou seja, 1 em cada 20 portugueses. Quase tantos como o número de desempregados, e um pouco mais que os sócios do Benfica. E inchamos de orgulho com o maior centro comercial da Europa. Mesmo que seja mentira, mas eu acredito que até é verdade. Mais um motivo de orgulho a juntar a outros tantos como a maior árvore de natal, a maior feijoada do mundo e o melhor futebolista. E se quisermos ser rigorosos temos o melhor presidente da CE em exercício do mundo,o melhor primeiro ministro português em exercício do mundo, o melhor presidente da República português em exercício do mundo, o melhor ministro português da Economia em exercício de, pelo menos, da rua onde vive. Ou seja, na merda ninguém nos consegue bater.
segunda-feira, maio 11, 2009
Vim à superficie - mas por pouco tempo
Ó-Ói tripulantes
Depois da reunião em casa do ukabdsinais e de um mail enviado pelo 2º remador resolvi, por breves momentos, imergir das aguas profundas do oceano e vir respirar o ar com cheiro de merda, bafiento e corrompido disto a que chamam nação (ou talvez "Não são" - honestos, competentes, integros e outros adjectivos desconhecidos dos políticos e governantes).
O mail tem a ver com uma reportagem na TVI24 sobre a negociata da Cova da Beira em que, mais uma vez o nosso 1º chulo está envolvido. Mas isso já é o pão nosso de cada dia.
Para quem a for ver (em: http://www.videos.iol.pt/consola.php?projecto=27&pagina_actual=1&mul_id=13133091&tipo_conteudo=1&tipo=2&referer=1 ) as questões que se colocam são:
1º Porque não há mais SENHORAS jornalistas (e tb chefes de redacção que não cortem) que façam reportagens destas? Sim, porque gajas (e gajos) jornalistas há muitas.
2º Será que os magistrados do mini estérico publico que encanaram a perna à rã não terão tido uma promoção "ligeiramente" mais rápida que os outros? Ou serão familiares de alguem do governo? Ou terão o cartão do partido?
3º Quando é que esta MERDA DE POVO deixa de estar acocorado (ou de cú para o ar)?
O outro ponto tem a ver com a Cristina Branco a cantar Zeca.
Porra que até me arripiei e vieram gotas de cerveja aos olhos. Em vez de procurar MP3 dela na net, vou mesmo comprar o CD para ela receber algum.
Façam isso pelos artistas que merecem mesmo que as editoras fiquem com a parte de leão.
Pronto e agora já não consigo resistir mais. Vou voltar a mergulhar bem fundo no oceano.
Até à próxima tripulantes
E TIREM A MERDA DO CRAVO DO CANO DA G3
Depois da reunião em casa do ukabdsinais e de um mail enviado pelo 2º remador resolvi, por breves momentos, imergir das aguas profundas do oceano e vir respirar o ar com cheiro de merda, bafiento e corrompido disto a que chamam nação (ou talvez "Não são" - honestos, competentes, integros e outros adjectivos desconhecidos dos políticos e governantes).
O mail tem a ver com uma reportagem na TVI24 sobre a negociata da Cova da Beira em que, mais uma vez o nosso 1º chulo está envolvido. Mas isso já é o pão nosso de cada dia.
Para quem a for ver (em: http://www.videos.iol.pt/
1º Porque não há mais SENHORAS jornalistas (e tb chefes de redacção que não cortem) que façam reportagens destas? Sim, porque gajas (e gajos) jornalistas há muitas.
2º Será que os magistrados do mini estérico publico que encanaram a perna à rã não terão tido uma promoção "ligeiramente" mais rápida que os outros? Ou serão familiares de alguem do governo? Ou terão o cartão do partido?
3º Quando é que esta MERDA DE POVO deixa de estar acocorado (ou de cú para o ar)?
O outro ponto tem a ver com a Cristina Branco a cantar Zeca.
Porra que até me arripiei e vieram gotas de cerveja aos olhos. Em vez de procurar MP3 dela na net, vou mesmo comprar o CD para ela receber algum.
Façam isso pelos artistas que merecem mesmo que as editoras fiquem com a parte de leão.
Pronto e agora já não consigo resistir mais. Vou voltar a mergulhar bem fundo no oceano.
Até à próxima tripulantes
E TIREM A MERDA DO CRAVO DO CANO DA G3
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