segunda-feira, setembro 22, 2008

Oh meu Deus, que mal fiz eu?

Ao folhear o DN Online deparo com esta hilariante crónica de João César das Neves. De facto deve ser horrível ser Deus, omnipotente, omnipresente, ter de aturar as criaturas desprezíveis por ele criadas, desprezíveis porque passam a vidinha a chatear o criador com dúvidas sobre a sua existência, a pôr em causa o acto de criação, como se o simples facto de nós existirmos fosse em si mesmo a prova da existência de um criador. Pobres e mal agradecidos que se servem à borla de tudo o que Deus lhes deu e ainda por cima refilam. Cá para mim, o velhote de barbas brancas que supostamente criou o ser humano e todas as belezas que o rodeiam (com excepção da Teresa Guilherme e do Manuel Pinho), deveria estar com uma valente bebedeira quando o fez. E depois não se admire que o pessoal desate a protestar, a duvidar e a interrogar. Mas como acredito que Deus, caso exista (lá estou eu a duvidar), nunca poderá ser um velho bebedolas ou depravado mas sim um sujeito de ar bondoso e cheio de boas intenções, penso que à partida estaremos todos desculpados por todos os abusos e más criações.


Talvez o mais ridículo seja nós orgulharmos daquilo que Deus fez através de nós. Alguém que não é nada senão aquilo que Deus fez, que depois teve de ser corrigido porque já estragara o que era, e que só conseguiu fazer algo de bom porque Deus lhe segurou a mão, anda todo inchado com essa sua realização! E nós todos dizemos «que grande artista!», «que genial autor!», «que excelente artigo!», sem percebermos que o verdadeiro Artista e Autor é aquele que merece palmas cada vez que passa uma mosca.

Depois deste suculento naco de prosa apetece perguntar que mosca é que lhe mordeu.

Deve ser horrível ser João César das Neves!

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