Ainda tive alguma esperança que o país pudesse continuar na mesma, cada vez a afundar-se mais, suavemente, tranquilamente. Mas quando às sete horas da tarde de Domingo passsado as televisões deram, em simultâneo, a vitória do sim, fiquei estarrecido.
O não ao aborto, isto é, a negação da negação, melhor dizendo, o não permitir que se fizessem abortos neste país tinha sido derrotado!
O que vai ser deste país onde não vão passar a ter vida os abortos? Como vai ser a futura geração de políticos, de economistas, de empresários, de patrões, de juízes, de directores gerais, de secretárias de estado e sem estado, enfim, como poderá este país sobreviver se deixam de haver abortos não abortados?
Não consigo imaginar o futuro sem Albertos Jardins, nem Pachecos Pereiras, nem Sócrates, nem Marques Mendes, nem Soares, sem Nunos Portas, sem Diogos Freitas, sem Belmiros, nem Bulhosas, nem Veras Jardins, enfim, sem todos esses valorosos patriotas que sempre têm orientado os destinos de um país tranquilo, seguro e próspero de 860 anos.
Mas o impacto das notícias acabadas de sair foi-se esvaindo aos poucos, à medida que entrava em reflexão mais racional, ajudado pelos inumeráveis comentários que se seguiram em catadupa.
Afinal ainda devo acalentar alguma esperança no futuro, pois nem tudo está perdido. Só se perdem os abortos com idade inferior a dez semanas e, bem vistas as coisas, que diabo, não me recordo de que os abortos vivos que têm assegurado a tranquilidade e bem estar deste país alguma vez tenham chegado aos lugares importantes do poder desta sociedade ainda na idade da desmama.
Afinal o país pode continuar, calmo, tranquilo e em permanente evolução na continuidade, assegurando que o bem estar de todo este povo sempre estará no auge da proporção!
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