Em boa hora recebi de um amigo o seguinte aviso:
"Boa tarde caro amigo,
Só queria avisar-te para que não aceites nenhum cargo de Governo porque o Governo é ingrato: Imagina que o excelente desempenho da Celeste Cardona, enquanto Ministra da Justiça, foi castigado com a nomeação da Senhora para administradora da Caixa Geral de Depósitos.
Diz-me lá tu se há alguma ponta de gratidão no Governo ? E de Justiça? e de Humanidade ?
Quer dizer, paga-se o excelente Bem que ele fez com um castigo assim tão vil ?
Pobre País que assim castiga os seus melhores...
Não aceites qualquer cargo, todo o cuidado é pouco"
E tem toda a razão este meu amigo. Senão vejamos:
De facto, nunca é demais sermos avisados, pois o diabo tece-as!!
Coitada da ex. Nem imagino a carga de trabalhos que a sr.ª vai ter...e logo para a CGD onde estavam 2 a mamar à farta....coitada, a trabalheira que não será o ter de arrumar tudo aquilo que ainda por cima é grande comócaraças.
E não é só este caso que é digno de dó. Por acaso até são muitíssimos mais, para além dos que nem chegamos a saber, de pobres desgraçados que, depois dos inúmeros sacrifícios pela nação, ficam na rua da amargura empurrados para cargos que ninguém desejaria a qualquer filho....
E depois não é só isso, não meu caro!
É também a ingrata ingratidão de cairem no anonimato, nunca mais aparecerem todos os dias na tv, na Visão, nas entrevistas, no Expresso, no Independente, no DN, nos jornais, nas inaugurações, no festival da canção, na eleição da miss potugal.
De facto este país, que se tem pautado por uma contínua evolução positiva de modernidade, de desenvolvimento de sociedade mais justa, de aumento de valorização do capital humano dedicado à ciência, às artes, à educação, de um inquestionável alargamento dos parâmetros que definem os países mais evoluídos, permitindo que o nosso querido país tenha atingido índices que fazem inveja ao mundo civilizado, tem tratado os melhores duma forma ingrata, atirando-os para lugares de somenos importância após terminarem de dar o seu melhor contributo, quiçá até, muitas vezes em prejuízo da sua saúde e dos seus, já para não dizer, com risco da própria vida.
Veja-se o Zé Durão Barroso, coitado. Ele foi o homem que pôs isto direito como há muito todos desejavam e ninguém o tinha conseguido tão bem e tão depressa. Foi ele que demonstrou ao mundo o que muitos pensadores já o tinham dito mas ninguém o tinha feito: que a democracia democrática é efectivamente o governo do povo, popular, sem sombra de dúvidas. E demonstrou-o não apenas por palavras e actos isolados, mas mostrando que um partido, mesmo que seja dos mais pequenos, tem toda a legitimidade para decidir o destino dum país. Por acaso foi com o PP, porque valha-nos deus e o diabo, porque se fosse com o PCP, também e há muito mais tempo com uma expressão minoritária, nem sei como seria... E depois, zás, vai de o despacharem para aquela coisa híbrida que é a UE, onde já é raro poder aparecer em todos os telejornais....Coitado. Andou o homem a fazer do coração tripas para conseguir ficar a servir à mesa o Bush, o Blair e o Asnar para acabar por ter esta paga! Não se faz!
Veja-se o pobre do ex-ministro Mira Amaral, coitado, que passou as passas do Algarve uns meses na CGD a ajudar este país, e no fim, zás, mandam-no para uma reforma de miséria com uns míseros 4 mil contitos por mês....Coitado, não se faz.
E tantos e tantos casos de desespero que sabemos por aí fora, todos os dias, idênticos a esses, que eu acredito piamente que isto tem de mudar, nem que seja daqui a uns milhares de anos. Mas que tem de mudar, lá isso tem!
É que será demais se derem o mesmo tratamento ao Paulo Portas, coitado, que tanto se tem esforçado a dar esperança a este povo, desde tudo fazer para que tenhamos umas forças armadas bem equipadas como forma de garantir a soberania nacional, que tanto custou a ganhar ao saudoso Afonso Henriques! São os aviões do melhor que há para matar num único vôo razante com todos os quizerem conquistar isto, são os submarinos que serão imprescindíveis para ajudar os pescadores a encontar os cardumes de peixe e acabar com o narcotráfico marítimo. E já para não falar na inabalável decisão de, contra tudo e contra todos, mesmo com o prejuízo de passar por paneleiro, fazer avançar a marinha contra um grupelho de prostitutas de mau porte que queriam vir transformar o país numa casa de abortos legais! Assim mesmo é que é. Nada de permitir que o país deixe de ser, como sempre o foi ao longo da sua inquebrantável história, um país de abortos ilegais! Só espero que o Paulo Portas, quando chegar a sua vez, não tenha a triste sorte dos anteriores, coitado.
E o que será do Bagão Félix, esse guardião implacável do bem comum, do equilibrio social, do distribuir a riqueza dos mais infelizes, os pobres ricalhaços, pelos que vivem à grande e à francesa, sem fazerem um chavo que não seja arrumar carros e trabalharem por conta de outros, ali com o dinheirinho sempre certo no fim do mês, e com férias pagas para viajarem até à Isla Cristina, ou Albufeira ou Nazaré, e com décimo terceiro mês ainda por cima. Sim, pergunto-me, será que também este pobre servidor do bem público será ingratamente afastado para um lugar menôr? Pelo andar da carruagem, daqui a uns anos ainda o põem como presidente do Banco de Portugal. Coitado, o que não deve sofrer só de pensar que o espera um futuro tão ingrato!
E o Nobre Guedes, esse rapaz de inteligência rara que deixa 28 empresas ao deus dará só para servir a causa púbica! Sim, também o que será deste pobre coitado daqui a uns anos? Será que lhe reservam um lugar de presidente da GulbenKian e Oriente? E tudo com o pretexto que será a pessoa indicada para tratar dos jardins com o saber de perito no âmbito do ambiente.
E o ministro da saúde, esse coitado que tem a ingrata missão de transformar o Serviço Nacional de Saúde, essa coisa sem pés nem cabeça, na Saúde Nacional de Serviço! Imagine-se só a trabalheira que o coitado vai ter para passar cartões de IRS a todos os 10 milhões de portugueses, um a um, tipo passe em que quem ganhar um certo valor só pode ter direito a uma aspirina de dois em dois anos sem ter que pagar taxa, e quem ganhar mais só podrerá ter direito a uma aspirina de cinco em cinco anos, e para os que ganham muito, nem uma aspirina podem ter sem pagar taxa, contentando-se em terem comparticipação num máximo de três clisteres assistidos em cada dez anos. Coitado! E tudo com base na declaração do IRS. Imagine-se só o trabalhão. E depois, zás, ainda poderá ter o futuro encomendado para ir bater com os cornos na administração da EDP ou da Galp. Coitado! Nem sei como conseguem ter ânimo para serem ministros.
E o Santana Lopes, mal refeito ainda da responsabilidade de abrir valas no Marquês de Pombal e depois de ter transformado a Figueira da Foz na capital do futebol de praia, o obrigam a ser primeiro ministro! Nem imagino o que lhe vai na alma só de pensar o que lhe reserva o futuro. Coitado! Ele que é um homem de caractér, sempre invejado pela frontalidade com que abraça a causa púbica, vê-se obrigado a dizer que vai fechar uma das duas refinarias do país apenas porque a lei não permite fazer fogueiras em espaços públicos, ainda por cima junto a aglomerados populacionais de elevado preço. De facto, que culpa tem o pobre do Narciso de Miranda de ter uma refinaria num local daqueles, rodeada de prédios de luxo por todos os lados e no melhor sítio dos arredores do Porto? Nem percebo como é que os portugueses não entendem que, ao expandir-se a construção de alto luxo para as bandas da refinaria, esta não ia andando mais para adiante, sempre a uma distância substancial do aglomerado habitacional. E depois ainda atiram culpas para o outro coitado, o ministro dos transportes. O Mexia de facto foi o presidente da comissão executiva da Galpenergia, mas que diabo, isso já foi há mais de três meses. Não venham agora com essas merdas que o coitado é que tem alguma coisa a ver com o que se passa na refinaria do Porto. O pobre do homem deixou o cargo de presidente da comissão executiva da Galpenergia, aliás que tinha abraçado apenas por respeito ao amigalhaço do Pina Moura, outro pobre coitado, para se entregar de mão cheia à causa pública, perdendo milhões por cada mês que passa. Sim, ele que pôs o futebol português nos píncaros do orgulho nacional, fazendo os contratos publicitários com o nome Galp em cada bola de futebol e até pedindo por favôr ao Figo para lhe dar uma foto para os anúncios, apenas a troco duns míseros setecentos mil contitos.
Pois é, caro amigo, imagine-se o que não sofrem estes pobres coitados só de pensar que mais tarde, quando o país já não precisar dos seus valiosos préstimos, ainda vão bater com os costados numa presidência de uma qualquer chafarica. Coitados!
E isto só para falar de alguns, pois ainda temos os pobres coitados dos outros todos, mais os secretários de estado, e os subsecretários de estado, e os consultores e diretores gerais.....
É de facto impressionante pensarmos no que espera o futuro de todas estas pessoas que, dando o melhor da sua vida em prol do país, vêem um futuro negro à sua frente. Isto é que é espírito de sacrifício! Qual Teresa de Calcutá que ao pé destes até devia ter vergonha de ter existido!
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