quarta-feira, março 30, 2011

A Síndrome do Lacaio




A síndrome do lacaio é uma doença do século XXI, que explica o embrutecimento das multidões, a inércia face ao aumento das injustiças e a generalização do egoísmo social.


O lacaio tem um comportamento patológico que o faz defender sempre as classes mais favorecidas, com prejuízo daquela a que pertence. Não tem consciência política e age sempre a favor dos que o exploram, na esperança de atrair benevolência.

O lacaio não escolhe gostar dos ricos (gosta deles precisamente porque é lacaio) e considera que o dinheiro que lhe faz falta é muito mais útil nos cofres de quem os tem já cheios.

O lacaio ou herda a sua condição (depois de tantos séculos de escravatura e de feudalismo, pode ser que exista já uma transmissão genética...) ou sofre de uma patologia que se desenvolve desde a infância mas se agrava quando o sujeito toma consciência da mediocridade da sua condição.

O lacaio desenvolve estratégias inconscientes para estabelecer um equilíbrio cognitivo que ajude a justificar a aceitação da subordinação e a sublimar a desilusão.

O lacaio tem um vago sentimento de injustiça, mas convence-se que está do lado correcto da barricada e encaixa maravilhosamente medidas de austeridade ou restrições de liberdades. É a favor da existência de câmaras de vigilância, mesmo que estas não o protejam do que quer que seja.

O lacaio sente-se perfeitamente seguro pela pertença a uma classe social a que é perfeitamente estranho e considera-se integrado no conjunto de 1% dos cidadãos privilegiados do seu país – tal como 20% dos seus compatriotas, lacaios como ele.

Mais completo aqui.

Original aqui

quinta-feira, março 24, 2011

quarta-feira, março 23, 2011

Não gosto de despedidas, mas esta sabe-me a pouco


Há-de chegar a vez do Coelhinho. E daquele gajo de Boliqueime que não sei o nome...

sexta-feira, março 18, 2011

Sai mais um desabafo pró monte!



Agora no rescaldo na manif à rasca, e depois de alguns iluminados desancarem nos putos, ou porque tinham rastas, ou brincos, ou roupas da zara, para além de uns cursos superiores que não interessam ao menino jesus (só é economista quem pode, e quem tem amigos bem colocados), e porque não têm direito a refilar porque a precaridade veio para ficar, e vai de se habituarem aos recibos verdes, amarelos e azuis, e aos call-centers, e aos estágios sem carcanhol, e quem os mandou assim de sopetão tirarem cursos de ralações internacionais, e animação cultural, e artes plásticas, e psicologia, e antropologia, e sociologia, tudo coisas esotéricas que não dão graveto, nem status social, nem desconto nas lojas armani, e nem sequer fazem parte do programa da católica, e depois estes tipos com rastas e brincos em sítios estranhos não têm pinta para entrar num campo de golfe, nem no tavares rico, nem no porto de santa maria, foda-se, quem os mandou tirar cursos daqueles mesmo que isso fizesse parte dos seus sonhos, já não se pode sonhar, sonhar já é proibido? E não se pode ter filhos, nem criar família, ah, mas isto seria propagar a peste dos enrascados, criar gerações e gerações de brincos na orelha, rastas e mal vestidos.


O que está a dar é economistas, gestores, advogados, contabilistas, gente com nível para ajudar o soares dos santos a fugir ao fisco e dar a volta aos trabalhadores polacos, gente com nível para intermediar as parcerias púbico-privadas e engrossar as fileiras das mota-engiles, gente com pinta para comentar na tv os meandros da economia e propor soluções que possam servir os interesses de quem lhes paga.

E é assim que nos querem obrigar a trabalhar mais e por menos dinheiro, e aumentar a idade da reforma, e ao mesmo tempo despedem o pessoal, defendem a precaridade, por causa da longevidade e da competitividade, e do caralho. Não há outra solução, dizem eles, o mundo agora é global, a economia é global, global é a tua tia, como dizia o outro. Se não há solução fabrica-se uma, por exemplo, uma central nuclear só com uma entrada e sem qualquer saída. E metia lá dentro todos estes economistas, advogados, charlatões, vendedores de banha da cobra, escrevinhadores de semanários, comentadores do mário crespo, mais o soares dos santos, o belmiro e o berardo, e aqueles banqueiros todos, mais os defensores do nuclear, e dava-lhes um taco de golfe e uma bola e um buraco e iam todos jogar golfe com iva a 6% para dentro da central, de preferência bem perto do núcleo para ficarem mais quentinhos, e fechava aquela merda e deitava a chave for a.

Dizem os estudiosos destas coisas que isto é assim há centenas de anos, que estamos perante a sobrevivência dos mais fortes, que ricos e pobres sempre houve e haverá. E eu que pensava que isso só existia em novelas da tvi.

Daquelas frases que não dão jeito nenhum...

Tivemos o feudalismo, o fascismo, o comunismo, o socialismo. Agora temos o abismo.

quinta-feira, março 10, 2011

PUTA QUE O PARIU...PIM, MORRA!

Acordei bem disposto. Chovia por baixo de um céu cinzento lindo de morrer, o frio entrava nas frestas, o dia apresentava-se como radiante e promisor. E foi!
Caí na tentação de ligar a tv e....pumba, o sol apareceu, o calôr aqueceu a alma e secava a lama à frente da minha porta. Só desgraças para dar cabo de um promisor dia.
Vá lá que se fez alegria ao ouvir pela quinquagésima nona vez o mui elaborado discurso da tomada de posse do amado Cavaco S.! O homem, besta, mormon, geová, gay sem cú, pilantra, aventesma, alien de saturno, dinosauro putrefacto, cadela com cio, anjo do demo, espírito fantasma do c. castro, agiota do leste, tia de alterne, fufa arrependida, cara de cona de andorinha, dívida pública, merdell sem tomates, bercusloni panasca, sarkonas do terreiro do paço,....aí estava a repetir sem se engasgar ou sem gaguês que isto tá mal, que o mar é o destino para afogar os subditos que ainda continuam vivos, que os jovens que não pularem são panascas, que os políticos têm feito merda, que a maria ainda consegue fazer uns broches dignos de uma constituição europeia refinada pelo seu tratado de lisboa, que a crise é uma prostituta vip, que isto tá mal por coisa e tal, que agora é que os ceguinhos vão ver com a distribuição gratuita dos mesmos medicamentos que há uns tempos lhes deram por engano!
O sinhôr, todo aperaltado e com ar de grávido a quem lhe rebentaram as águas pelo cú, aí estava a receber palmadinhas dos seus correlegionários embevecidos com suas doutas palavras, apontando o dedo ao futuro, qual imagem da estátua do grande estaline, mostrando que a partir de agora a balburdia no oeste vai passar a noroeste, que o país dos bananas vai passar a ser o país dos rabanetes. E olhando para as câmeras da tv, enchendo os microfones de saliva corrosiva, mostrou ao mundo que o belzebu não tem nada, mas mesmo nadinha a ver com o que ao que isto chegou! Fez-se luz, qual buda no nirvana, neste dia promissor: PUTA QUE O PARIU...PIM, MORRA!