sexta-feira, outubro 08, 2010

E agora uma lição de antropologia

Deve ser giro conviver com a burguesia que alterna (literalmente) o poder neste país. Tratam-se por você, ronronam de prazer enquanto se cumprimentam só com um beijo na face, passeiam os audis e armanis por festas, encontros, inaugurações e jantares, discutem a sua política como se o povo fosse uma entidade abstrata algures entre plutão e a nebulosa de andrómeda, aproveitam as circunstâncias para planearem o seu futuro ou de familiares próximos em cargos relevantes de empresas públicas, público-privadas, ou simplesmente privadas, põem-se a jeito do putativo futuro 1º ministro na esperança de obterem dividendos, ou simplesmente notoriedade para planos futuros. Geralmente exibem um penteado de risco ao lado com o cabelo a tapar as orelhas e a cobrir parte da testa (os mais novos), ou compensam a falta de cabelo com uns caracóis a cobrirem a parte de trás do colarinho, o que lhes dá um ar supostamente marialva (os mais velhos). Já os de meia idade apresentam uma sobriedade que lhes dá um ar mais respeitável, qualidade imprescindível para ascenderem a secretário de estado ou mesmo ministro.


Estes seres camaleónicos, que dão pelo nome de democratas-cristãos, liberais, sociais democratas e até socialistas, enxameiam as catacumbas do poder sempre que o cheiro da podridão lhes roça pelas ventas.

São os chamados abutres do regime, ou hienas do erário público. Não fosse este senão e seria um divertimento perfeito assistir ao convívio macilento entre estes espécimens.

Desde que estivessem devidamente enjaulados, está bom de ver.

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