sexta-feira, dezembro 04, 2009

POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS!





Não estava para aqui virado, mas a leitura de "Onde se fala de um tripulante que...enfim..." defecado há uns dias pelo mui valoroso Ukabdsinais obriga-me a publicar o que vai de seguida. Para que não fiquem supeitas no ar nem mal entendidos.
Acontece que este simples marujo, após ter sido encartado com a denominação de Patrão de Alto Mar, decidiu experimentar e sentir o mar na sua plenitude, muito para além das navegações teóricas e de rumos traçados à secretária.
Embora a talhe de foiçe, estaria tentado a falar dos restantes Tripulantes deste Cesto da Gávea que, para além de navegarem até ao Barreiro na mira de uma caldeirada, apenas navegam na banheira quando o tinto da véspera os deixa almariados e as respectivas patrôas largam aquele vociferar: "Pfuuu..que cheiro a vinho!". Mas não. Fico-me por aqui.
Por isso aceitei o convite de um navegador experiente que, na sua embarcação de pequeno porte, anda de há muito a deambular por esses mares fora em viagens solitárias. O veleiro é de construção de 1962 e o Phil, americano com alguns anitos, deu-lhe os retoques necessários para o pôr a seu jeito e em condições de aguentar o oceano, pelo que já cruzou o Atlântico várias vezes.
Aceite o convite para ir até Porto Santo, arquipélago da Madeira, num pequeno veleiro de 9 metros, fiz-me ao mar no dia 6 de Outubro, tendo chegado a bom porto no dia 12 com mais de mil quilometros navegados no meio do Atlântico.
O veleiro mais parecia uma casca de nóz, tal eram os safanões constantes a que as ondas e o vento a bater nas velas o sujeitavam. As condições a bordo não se podem assemelhar ao que normalmente se associa quando se fala de um veleiro. Nada de luxos ou sequer de aposentos dignos desse nome, passando pelo wc práticamente inexistente digno desse nome, ou mesmo de alguma cama para descansar, pois o mais semelhante poderá ser uma tarimba. Sem frigorifico a bordo, e associado ao mínimo de despesas, o Phil tinha uma quantidade suficiente de alimentos por ele tratados em doses individuais liofilizadas e em vácuo, desde que terá saído da sua terra nos states já ia para mais de nove meses, para além de várias latas de comida enlatada cujo aspecto exterior, completamente oxidadas, me obrigaram a evitar, não fosse alguma coisa correr mal.
Assim, e para meu descanso, passei quase toda a viagem a bolachas de água e sal e shotcakes acompanhadas de água de bordo que tinha sido obtida da rede geral da marina donde saímos.
Também a falta de equipamentos de ajuda à navegação, tal como radar, computador para obter informações meteorológicas ou telefone por satélite, eram coisas para "finos" que custam "money" e o Phil é homem poupado e sem os recursos que os normais donos de veleiros têm.
Portanto a viagem fez-se de experiência adquirida e com a ajuda do GPS. E correu bem.
Foi uma experiência com um pouco de aventura, mas que me deu a satisfação de ganhar saber e pôr-me à prova de sobreviver em condições que, duvido, os restantes Tripulantes deste Cesto da Gávea alguma vez aceitariam.
Toma!!

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