Pequim 2008. Passados quatro anos dos últimos, Pequim pavoneou-se para apresentar ao mundo a 2ª edição dos jogos olímpicos do século vinte e um.
Duma forma adequada aos tempos actuais, a China gastou milhões a anunciar o evento, tentando mostar ao mundo que estes iriam ser uma coisa de espanto, um acontecimento como jamais se tinha visto, uns jogos onde os interesses políticos estavam postos de lado, um facto onde o único objectivo era o desporto e a competição que lhe está associada. Nada de permitir, seja quem fosse e a qualquer custo, que se levantasse alguma dúvida ou suspeição sobre os antagónicos conceitos de, por um lado, os jogos olímpicos em Pequim virem a ser imaculados, e por outro, ser a China o garante da honestidade e humanidade que obrigaria a tal desígnio. A China, onde se aniquilam tibetanos e muitos outros apenas porque têm ideias não coincidentes às classes dirigentes. A China, que com o seu negócio de armas e outros interesses financeiros, alimentam os governos de alguns países de África contribuindo directamente para a miséria e morte de milhões de seres humanos. A China, esse dragão do oriente, que sem despudor e à força toda, inventou a fórmula mais recente de transformar a via do socialismo em auto-estrada do capitalismo social.
Mas lá vieram os jogos e as televisões de todo o mundo transmitiram em directo o que as autoridades chinesas quizeram mostrar, e da forma que o quizeram, na cerimónia de abertura dos olímpicos 2008.
Parece-me que as pessoas ficaram pasmadas com as imagens que se iam sucedendo nos pequenos ecrãns. Foram luzes e fogo de artifício por todo lado, foram milhares de chinocas a movimentarem-se harmónicamente no estádio, foram outros a voarem para cá e para lá, foram projecções fantásticas sincronizadas com bailarinos e mudanças de cenários enormes, foram isto e aquilo. Depois, o decorrer dos jogos passando a imagem de uma organização exímia, sem falhas, na hora. No final, foi a cerimónia de encerramento, novamente com fogos e mais fogos, e mais voadores, e mais danças e composições. E a passagem do testemunho a Londres onde irão acontecer os próximos, já com a Inglaterra a mostar o video promocional, aqui já não com fogos e grupos de coreografias de milhares de figurantes, mas com uns balofos "new stile" muito "british", muito "in", de edição de imagens virtuais com reais, onde não poderia faltar uma criancinha chinesa a passar uma bola de futebol a outra criancinha inglesa, passando a ideia que o futebol é o simbolo do desporto. Pois é, razão tem quem disse que o futebol é o ópio do povo.
Mas eu devo confessar que não me pasmei com o que foi apresentado. Acho mesmo que para uma China que vai ser o novo império mundial deste século, após a morte por podridão do ainda actual império amerdicano, ficaram a anos luz de apresentarem uma coisa do outro mundo, sei lá, tipo naves espaciais a distribuirem bonbons por Pequim, ou bombas atómicas a deflagrarem no deserto chinês e a sairem de lá milhões de pombas brancas em livre vôo até poisarem na cabeça de cada um dos espectadores presentes no estádio, ou mesmo até um submarino a emergir em pleno estádio. Isso sim, deixar-me-ia não só pasmado, como daria a verdadeira imagem do futuro novo império do século vinte e um.
Assim, continuo a ter presente não as imagens a cores que vi, mas antes as imagens a preto e branco de 700 milhões de chineses que vivem com menos de dois dolares por dia, e dos quais, 300 milhões sobrevivem com menos de um dolar por dia! Pois é! E não me venham com a cantilena de que um dolar na China vale muito mais do que um dolar noutro lugar da terra. É que quando vou a uma loja chinesa comprar uma coisa qualquer de qualidade muito duvidosa, mesmo sendo muito barato, pouco posso comprar com um dolar. E sei que os trabalhadores que contribuiram para essa coisa, trabalham doze ou mais horas os sete dias da semana!
segunda-feira, agosto 25, 2008
terça-feira, agosto 05, 2008
Ainda e sempre a silly season
Esta parvoíce de se chamar silly season ao verão, em que os políticos, as putas e os palhaços andam todos a banhos pelos Allgarves é uma coisa mesmo parva. Porque não chamar-lhe simplesmente época da parvoíce, estação dos parvos, ou mês dos parvalhões? Está bem, silly season é mais in, é mais tipo “tias de Cascais”, é mais Pinto de Balsemão que Jerónimo de Sousa. Mas pronto, seja então silly season.
Na silly season é que as esposas alcoviteiras dos administradores das empresas públicas lêm aquelas revistas cor-de-rosa em que se discute o diâmetro das mamas da Soraia Chaves e o tamanho do pénis do Júlio Iglésias, qual o porteiro de discoteca que anda a papar a Pimpinha, qual a cor do novo bébé adoptivo da Angelina Jolie, e onde é que a coisinha foi vista a mexer no coisão daquele gajo, o coiso...
Os administradores das empresas públicas, mais os melgas que a eles se apegam durante a silly season, gostam muito de confidenciar os seus segredos dos bastidores da política, aqueles que ninguém sabe mas inventa, riem que nem alarves de alguma piada sem piada nenhuma caso esta tenha sido dita por algum CEO do grupo Sonae, coçam os tomates nos areais da chatice do Ancão e no golfe da Quinta do Lago, metem cunhas uns aos outros para os filhos, sobrinhas, e secretárias com jeito para trabalhos manuais, e depois é vê-los a passear na marina de Vilamoura, misturados com a ralé que lhes inveja os Porches e os iates, mais as filhas boas e adolescentes em grupinhos mistos de cópias perfeitas dos papás e mamãs que os olham embevecidos enquanto estes não debandam para mais uma festa do fellatio.
Por isso é que durante a silly season tudo pode ser dito e feito, por ser apenas isso, ser silly. Pode arder a Serra da Malcata, pode cair um prédio em Lisboa, pode o Benfica perder mais um jogo, pode o Presidente vir discursar à TV por causa daquela treta gravíssima do não sei quê dos Açores, pode, enfim, o João Jardim apanhar mais uma de caixão à cova, que o pessoal continua mais interessado nas mamadas dos gémeos da Angelina.
É pouca coisa? Talvez, mas a silly season já se expandiu para silly year e ameaça perigosamente os tempos futuros.
Coisas de um silly country...
Na silly season é que as esposas alcoviteiras dos administradores das empresas públicas lêm aquelas revistas cor-de-rosa em que se discute o diâmetro das mamas da Soraia Chaves e o tamanho do pénis do Júlio Iglésias, qual o porteiro de discoteca que anda a papar a Pimpinha, qual a cor do novo bébé adoptivo da Angelina Jolie, e onde é que a coisinha foi vista a mexer no coisão daquele gajo, o coiso...
Os administradores das empresas públicas, mais os melgas que a eles se apegam durante a silly season, gostam muito de confidenciar os seus segredos dos bastidores da política, aqueles que ninguém sabe mas inventa, riem que nem alarves de alguma piada sem piada nenhuma caso esta tenha sido dita por algum CEO do grupo Sonae, coçam os tomates nos areais da chatice do Ancão e no golfe da Quinta do Lago, metem cunhas uns aos outros para os filhos, sobrinhas, e secretárias com jeito para trabalhos manuais, e depois é vê-los a passear na marina de Vilamoura, misturados com a ralé que lhes inveja os Porches e os iates, mais as filhas boas e adolescentes em grupinhos mistos de cópias perfeitas dos papás e mamãs que os olham embevecidos enquanto estes não debandam para mais uma festa do fellatio.
Por isso é que durante a silly season tudo pode ser dito e feito, por ser apenas isso, ser silly. Pode arder a Serra da Malcata, pode cair um prédio em Lisboa, pode o Benfica perder mais um jogo, pode o Presidente vir discursar à TV por causa daquela treta gravíssima do não sei quê dos Açores, pode, enfim, o João Jardim apanhar mais uma de caixão à cova, que o pessoal continua mais interessado nas mamadas dos gémeos da Angelina.
É pouca coisa? Talvez, mas a silly season já se expandiu para silly year e ameaça perigosamente os tempos futuros.
Coisas de um silly country...
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vou ali comer uns caracóis e volto já
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