Todos os dias somos inundados de rankings de toda a forma e feitio, desde medidores de pessimismo a utilizadores de camisa de vénus. A coisa é de tal maneira que cada vez que o país está mal classificado (o que é quase sempre) sinto uma vontade inabalável de inventar uma estatística onde pelo menos não estejamos mal classificados. Pôrra, meu, nós somos maus mas se calhar há-de haver alguma coisa ou coisas onde nós sejamos bonzinhos, ou sofríveis, ou, vamos lá, do meio da tabela para cima. Sei que é difícil, mas com um pouco de imaginação pode ser que a coisa vá. Por exemplo, “percentagem de homens que usam bigode”, seria excelente para equilibrar as contas do ranking da violência doméstica, ou então “percentagem de homens com a unha do dedo mindinho grande” onde certamente alcançariamos o primeiro lugar. Outra hipótese seria “percentagem de gajas com telemóveis cor-de-rosa”, estatística importante por revelar um toque de feminilidade em contraponto a homens de bigode, com a unha grande do mindinho, e que dão porrada nas mulheres. A coisa até poderia melhorar caso a estatística investigasse quantos portugueses declaram ao fisco o ordenado mínimo nacional com dois ou três carros topo de gama estacionados à porta da maison na Quinta da Marinha, e do iate atracado na marina de Vilamoura, sem falar do monte no Alentejo. E melhor seria se esta estatística fosse alargada aos tais que usam bigode, têm a unha do mindinho com três centímetros, e que dão porrada nas mulheres que usam telemóveis cor-de-rosa. Claro que neste caso teríamos de separar os que jogam golfe e canasta dos que preferem empatar nos casinos e nas ucranianas, os que usam bigode dos que usam a barba de três dias, dos que usam cabelo à Gilberto Madaíl dos que usam cabelo à Nuno Melo, dos que passeiam com mulheres tipo barbie durante o dia, dos que passeiam mulheres tipo barbie durante a noite, dos que moram na Quinta da Marinha dos que moram em vivendas com repuxos e estátuas de anõezinhos no jardim, e por aí fora. Estou certo que em qualquer destas permissas alcançaríamos o primeiro lugar, o que teria certamente o efeito benéfico de levantar o moral ao pessoal que anda muito por baixo por causa de estatísticas tipo “ordenados mais baixos”, “piores rankings a matemática”, “maior desnível entre ricos e pobres”, por exemplo. E por causa disto é que o país é varrido de norte a sul com uma onda de pessimismo que, como não podia deixar de ser, passou a tema de estatística com os resultados classificativos que já se adivinhavam.
Estão a ver a idéia?
BOA, ukabdsinais! Mais uma excelente obra no Cesto da Gávea (obra de obrar, claro!).
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