segunda-feira, janeiro 02, 2012

Feliz Ano Novo


Com as ausências notadas do comandante, 2º (e único) remador e púbic-relations, a passagem de ano da famigerada Tripulação Maravilha revelou-se (apesar das ausências) um acontecimento capaz de ofuscar o fogo de artifício da Madeira se para tal fosse bem publicitado, o que seria ingrato dado a discrição e anonimato que os tripulantes fazem tenção de ostentar com acervo, recato e militância. Devido a essas e outras ausências, foi decidido desbaptizar este acontecimento para simplesmente Passagem de Ano de Alguns Membros da Tripulação Maravilha Com Algumas Fans Simpatizantes e Acompanhantes Bem Como Amigos e Amigos de Amigos, tudo abreviado sob a sigla PAAMTMCAFSABCAAA. 
Como era suposto o repasto agradou, o vinho acompanhou, o whisky escorreu.
Aos presentes, ausentes e intermitentes que o ano que agora começa termine tal como começou: de passagem das 24 horas do dia 31 de Dezembro para as 0 horas do 1º de Janeiro. Com ou sem apocalipse.

quinta-feira, dezembro 22, 2011

por favor, acabem com o feriado de natal




Bem pode a troika e os seus capangas cá do sítio bombardear o rebanho com austeridades, cortes e desemprego que o pessoal parece que se está marimbando e invade os centros comerciais e hipermercados à cata da última posta de bacalhau ou da última barbie de silicone para comemorar da única forma que conhece aquela época do ano que um chona qualquer um dia baptizou de natal. 
Vem a propósito que este ano me calhou a triste sina de contribuir para a noite de consoada, pelo que me vi amassado no meio de hordas assassinas de zombies carregando embrulhos com jipes todo o terreno, puzzles de caravelas, garrafas de whisky marado, quilos de camarão congelado do vietname, postas de bacalhau seco, demolhado ou congelado, bonecos que dizem mamã papá e mijam na fralda, livros de autores que nada devem ao talento para leitores com uma esponja em vez de cérebro, toneladas de cd´s de toda a família carreira, edredons de penas de andorinha, lcd´s xpto para ver a casa dos segredos, e-books, ipods, ipads, iphones, ai a puta que os pariu a todos mais as prendas, o sapatinho, a lareira, o pai natal e a chaminé.
Não devia esta gente já estar na fila para emigrar para angola, guiné-bissau ou burkina-fasso, seguindo o conselho dos nossos tão realistas governantes, em vez de me reduzirem a pó o rabinho de bacalhau que me custou um olho da cara e o restante do subsídio de natal? Mas toda esta gente recebeu o seu subsídio por inteiro menos eu? Não pode isto ser considerado desobediência civil? Onde estão as câmaras de vigilância, o sis e o miguel macedo?
Pelos vistos só eu é que tenho de dividir o famigerado rabo de bacalhau pelas 15 pessoas da família, e se me calhar a espinha do meio já vou cheio de sorte, se entretanto o gaspar não inventar outro imposto que me leve as espinhas e os ossos até ao tutano.

Desejo aos leitores (se existir algum o melhor é enforcar-se) um natal à medida do rendimento familiar pois não convém gastar mais do que aquilo que se deve.

quarta-feira, dezembro 21, 2011

segunda-feira, dezembro 12, 2011

TAMOS NO BOM CAMINHO, PÁ!

Isto vai de vento em popa. Para os menos conhecedores dos termos da marinhagem, que não os valorosos tripulantes da TM, vento em popa quer dizer, vento pelo cú, ou numa mais vernácula aproximação, levar na peida e não bufar!
E o vento trás as taxas moderadoras, com o Paços Rabitt a vociferar que estes aumentozitos não é nada comparado com o que ainda vem aí. Sim, que não é por acaso que estas taxas se chamam de moderadoras, ou seja, se és um pelintra o melhor é moderares os teus estados de doença e vai mas é adoecer para outro lado, que aqui ou moderas as gripes, as dores na espinhaça, a caganeira fulgurante ou outra maleita qualquer, que a crise não tem nada a ver com os teus excessos. A empresa que trata destes assuntos não é o ministério da doença, mas antes o ministério da saúde. Daí, que ou tens saúde e estás de acordo com a organização política do país, ou tens massa para pagares seguros de saúde e não te vais meter nas filas das urgências, centros de saúde e outros locais onde o estado gasta balúrdios para aturar as tretas de meia dúzia de pobretanas.
E o vento trás a novíssima confederação de serviços de portugal, que em boa hora aparece para pôr ordem nesta trapalhada da negociação social, com os malandros da cgtp e ugt. Sim, que só com a confederação da industria, do comércio, etc, isto não vai lá. Ou seja, o vento tem dificuldade a entrar nas entranhas.
E o vento trás a venda do sector energético nacional aos gajos que sabem da poda, ou seja, aos que podem fechar o interruptor se o pessoal não se portar bem, e continuarem a gastar energia eléctrica para ver os programas de tv e rádio que dizem mal disto, em vez de a gastarem apenas com futebol, telenovelas e outros consumos energéticos de valôr.
E o vento trás as Merdels e os Sacanosky para porem ordem nesta coisa da europa e darem instruções de valor e oportunas aos cães de fila que andam a salivar e de língua de fora devido ao Pavlov.
Enfim, como este blog é digno e não está para mandar à merda todos esses tipos e tipas que fazem o vento e todos os que puseram a cruzinha nos clubes mafiosos do ps, psd e cds, fico-me por aqui.

Será que já tenho acesso a isto?

É só para estes gajos não chatearem a dizer que só coloco bocas no FB e não aqui. Portanto ... copy-paste.


No decreto lei Nº496 de 1980 assinado pelo 1ºministro Francisco Sá Carneiro (PSD) e Presidente Ramalho Eanes diz-se, no seu art.17 que:
"OS SUBSÍDIOS DE NATAL E DE FÉRIAS SÃO INALIANÁVEIS E IMPENHORÁVEIS"

Por aqui se vê a falta de honestidade deste governo (e não só) assim como a falta de TOMATES deste povo que não questiona nada, quando até tem a lei pelo seu lado.
Juntem-se e ponham o governo em tribunal. Não quer dizer que se ganhe mas os tribunais é que decidem (mas não esperem grande coisa dessa cambada)

quarta-feira, novembro 02, 2011

Esclareçam-me, por favor.


Portugal está endividado e tem que ter austeridade para voltar aos mercados. Portugal tem de ter a confiança dos mercados. Não se podem fazer muitas ondas porque senão os mercados…blablabla.
Ora como o único mercado que conheço e frequento é o de Algés, mais precisamente a banca da D. Amélia que tem sempre bom peixe fresco para bons clientes, pergunto: mas que raio de merda são e para que servem esses tais mercados que não convém chatear? Serão assim uma espécie de Sopranos?
Existe um Toni Mercado como existe um Toni Soprano? Os mercados são da Mafia, Camorra, Cosa Nostra, Goldman&Sachs ou da Quinta da Coelha? Se estamos mal é porque pedimos dinheiro emprestado aos mercados, e porque não conseguimos pagar os mercados vão-nos partir as pernas com uma marreta, ou, pior ainda, calçar-nos uns sapatos de cimento armado e dar-nos um banho no Tejo?
Esclareçam-me, por favor, se António Borges está no FMI por ser cumplíce da aldrabice das contas gregas para entrar no euro quando pertencia à Goldman&Sachs. Se o Moedas, secretário de estado adjunto do Coelho, está nesse lugar por ter pertencido aos quadros da (oh, coincidência!) Golman&Sachs. Se a dita Goldman&Sachs é ou não uma espécie de casa de putas onde os mercados coabitam, chafurdam, ruminam, regurgitam e escarram todas as formas sofisticadas de foder quem tem o azar de lhes sair ao caminho.
Esclareçam-me, por favor, se devo desconfiar do peixe que a D. Amélia da praça de Algés me vende.
É que nos últimos tempos paira no ar um cheiro a peixe podre sempre que me aproximo do mercado.
De qualquer mercado, o que não me deixa lá muito satisfeito.

terça-feira, outubro 18, 2011

O Ministro da Finanças é um Zombie!!!


O homem não está vivo e já cheira a cadáver, a mosca que ontem o importunou durante toda a entrevista na rtp1 não engana. E prepara-se para nos esquartejar e chupar o cérebro com uma palhinha.
Vamos deixar que nos transformem em zombies?

Ainda bem que somos governados por gente tão inteligente e preocupada com o nosso bem-estar





Anda um gajo ensimesmado com esta merda toda, eu que já tenho idade mais que suficiente e com um invejável curriculum de salazarismo, guerra colonial, 25 de abril sempre ou de vez em quando, 25 de novembro o caralho, fmi´s, soares, cavacos mais toda a corja infecta que saltou da latrina mal o carcanhol das europas entrou por vilar formoso aos turbilhões, eu, que a esta hora poderia e deveria como tantos outros estar a gozar de uma choruda reforma antecipada ou na reserva territorial por incapacidade intelectual, ando aqui a chatear-me com políticos e economistas ranhosos, que se isto fosse um lugar frequentado por gente com algum pingo de vergonha nas ventas e coluna vertebral de aço inox nunca teriam passado da junta de freguesia de santa pachacha de assobio ou  da contabilidade da única mercearia de algodres de baixo. Como sou masoquista, vou vendo ouvindo e lendo as escarradelas dos ilustres comentadores que poluem o éter, cada qual com a sua solução mágica para arrumar de vez a crise, tipo tira agora o coelho da cartola que já vais ver como é que te vão ao traseiro.
E como sou, na opinião de tão desbragadas criaturas, um dos muitos milhões de responsáveis que andaram a viver acima das suas possibilidades, pergunto se esse porventura meu pecado foi assim tão grave que tenha agora de levar com o inferno, o purgatório e o vítor gaspar em cima como castigo e penitência.
Por isso peço desculpa por ter comprado uma casinha a crédito quando os bancos andavam a oferecer empréstimos ao desbarato, ter comprado um carrito de merda a suaves prestações mensais aproveitando uma promoção da treta que a marca oferecia, ter trocado o meu velho televisor por um lcd pago em 10 vezes sem juros, ter comprado um frigorífico novo quando o velho deu o peido-mestre, e isto só para citar o mais relevante. Pois, sou culpado da crise, e o que deveria ter feito era ter entrado para um partido do arco do poder, militado na jota, aparecer, qual emplastro, ao lado do líder, atirar umas bojardas para a comunicação social e ganhar um lugar de deputado, secretário de estado ou até de ministro, com algumas alcavalas pelo meio em administrações de empresas públicas, público-privadas e bancos da treta, somando meia-dúzia de pés de meia em negócios de alto valor acrescentado na minha conta bancária na suiça, e vivendo à grande e à francesa em moradias de luxo rodeado de veículos topo de gama e putas de todas as cores, feitios e sexos.
Tem muita razão a senhora merkl em exigir-me o pagamento de dívidas que eu nunca tive, especialmente aquelas contraídas com a aquisição de coisas que a senhora me obrigou a comprar, têm muita razão os que apontam o dedo à minha exagerada despesa com o sns, principalmente quando fiquei doente, e o meu abuso das instituições de ensino, pois deveria ter permanecido alegre e analfabeto evitando gastos inúteis ao estado.
Para quem andou tantos anos a levar com crises em cheio nos cornos, embora com alguns muito pequenos intervalos respiráveis, mais crise menos crise pouco importa a quem já está malhadiço, calejado e habituado. No fim vamos todos voltar à terra e ao mar como quer o sr. presidente, que é onde está o nosso futuro. Enterrados bem fundo ou a nadar junto à costa até os tubarões darem conta do que ainda sobrar.
Ainda bem que somos governados por gente tão inteligente e preocupada com o nosso bem-estar.

Imagem retirada do 15 de Outubro na cidade do Porto

sexta-feira, outubro 07, 2011

Os Régulos


Cidadão interessado, leio, vejo, oiço, vou-me informando como posso dos males que afligem o país. Males que para mim não são novidade, pois os previ – tenho provas escritas – em fins de 1975 e pelos anos adiante.
Exigem agora os credores que se pague o devido e os governantes tomam a si o papel de homem do fraque, batem a horas mortas à porta do cidadão a lembrar-lhe a dívida. A lembrar-lhe também que foi tolo, não devia ter acreditado em histórias da carochinha.
Na confusão de responsabilidades e obrigações uma coisa surpreende: nos centros onde o poder reside, as únicas cabeças que mudam são as dos títeres engravatados que, ora anunciam pomposamente medidas de salvação, ora assustam com profecias de pragas bíblicas. Os senhores que de facto mandam são, mais cabeça menos cabeça, os que vêm do antigamente pré-revolucionário. Seguram eles com mão firme os cordelinhos e agem a seu bel-prazer, de modo que constantemente me ocorre a pergunta: que democracia é esta, que me dizem existir e mal consigo enxergar?
Porque vamos lá a ver: temos todos os mesmos direitos? Não temos. As mesmas oportunidades?  O mesmo tratamento? Olham os juízes de modo igual para o senhor Isaltino e para o Manel que roubou uma carteira? Goza o pobre que deve quinhentos euros ao fisco uma impunidade de sucateiro ou empreiteiro? Se me falta a sopa dá-me algum benefício a liberdade de expressão, "esse grande bem"?
Pode ser que Portugal se salve, mas com os meus oitentas anos já não estarei cá para ver. Uma certeza tenho: sem mudança radical de mentalidade  nos que mandam, mas sobretudo nos mandados, nada impede que, melhor que qualquer banco americano,  Angola ou o Brasil nos colonizem.
Por isso, como os reis e os ditadores já se foram, corra-se então agora com os régulos que temos. Formem os jovens uma verdadeira Oposição. Esforcem-se por construir o país que merecem, um país decente, recusando este de corrupção, dependência, subserviência e mendicidade.



quarta-feira, julho 06, 2011

Carta de um cidadão luso às agências de rating


Caríssima Agência de Rating,


Espero que esteja bem de saúde que eu por aqui vou andando. Peço desculpa por tirar algum do seu precioso tempo, pois não é essa a minha intenção, mas sim tentar chamar um pouco da vossa atenção antes de amarrotar a carta e atirá-la para o cesto do lixo, se entretanto não tiver papel na casa de banho. Devo dizer que seria uma lisonja e um excelente motivo de orgulho se acaso a digníssima agência limpasse a merda que brota do seu excelso cú a estas minhas humildes palavras, mas caso não o faça e caso tenha a paciência de a ler ficarei desde hoje até todo o sempre orgulhoso e prometo-lhe que botarei uma velinha em sua honra no santuário de fátima. Ou num qualquer balcão do BES, se preferir.

Pois o que pretendo que a sra agência saiba é que o povo português rejubila de orgulho pela sua recente atribuição de “lixo” às nossas tão parcas finanças apesar de nós, a maioria dos que trabalham, que estão no desemprego ou recebem pensão de sobrevivência, não termos mexido uma palha para merecermos tão digna distinção. Eu sei, nós portugueses somos assim, uns madraços, uma corja de ingratos que só querem boa-vida e cuja contribuição para o sucesso não passa de um prato de caracóis como petisco, um cozido à portuguesa, ou até uma mísera feijoada. Comparado com os vossos pratos gourmet e o vosso dom perignon, no fim de contas o que todos nós ansiamos, somos uma cambada de crianças terceiro-mundistas daquelas que correm atrás das galinhas em África como testemunhou o sr. doutor Fernando Nobre. Por isso é que venho aqui agradecer este vosso esforço de bondade e por tudo o que este vosso gesto altruista representa para os governantes deste país, que tanto se têm esforçado (esses sim!) para que esta distinção fosse, finalmente, uma realidade. O apoio dado pelos competentes governos aos desgraçados dos banqueiros e dos grandes empresários, bem como a todos aqueles que desinteressadamente abifaram uma parte dos nossos impostos e proventos do trabalho para compensar a nossa falta de iniciativa foi realmente a cereja no topo do bolo que fez com que V. Exª, minha cara Agência de Rating, promovê-se este nosso país à categoria de “lixo”. Relembro que este lixo pode ainda ser reciclado, o que me faz olhar para o futuro com muita esperança, e almejar um novo patamar para todos nós, tipo “lixo tóxico”, por exemplo.

Prometo que tudo farei para o conseguir. Voltarei a votar nos mesmo governantes, se tal for necessário. Irei assistir a todos os jogos de futebol, telenovelas e pic-nics com o Toni Carreira para evoluir culturamente e votar com ainda maior certeza e consciência. Por si, querida Agência de Rating, farei tudo, e se não o fizer o governo fará por mim, a bem da nação.

Agradeço a atenção dispensada e uma longa vida na companhia dos seus. Aproveito para enviar cumprimentos aos mercados e a todos aqueles que sofrem para que este mundo seja cada vez mais uma lixeira onde apetece viver e conviver.

Bem haja!





terça-feira, junho 28, 2011

Carissímos amigos, companheiros, marinheiros, palhaços…

É com muito sacrifício que abandono a gruta onde tenho meditado sobre as contas do sub-prime e as mentiras do inginheiro, o risco ao lado do coelho e os pintelhos do cartoga. Muito tenho investido em purgas e cházinhos para entender o que se passou no período pré-eleitoral, mas nem com dez sessões de tai-chi e contorcionismos de yoga isto lá foi. E para agravar a questão das troikas, e dos empréstimos, e dos juros, e se pagamos ou não pagamos, eis que a UE surge neste final de ciclo como uma entidade gastadora em hotéis de luxo, jactos privados e putas finas. Mas por aí fico descansado, o “nosso” barroso já veio dizer que a coisa está muito mal contada…

Agora, e depois de ter botado o voto na urna, escrevo aqui o meu alívio por Sócrates e seus capangas deixarem de me atormentar o sono cedendo o lugar a Coelho e sus muchachos. Se por um lado passei a dormir melhor, por outro acordo com comichões sempre que me lembro “do que aí vem”, e a “troika”, e “vamos passar muito mal mas é para nosso bem” e o caralho que os foda a todos. Mas a coisa já começou a aquecer com o chumbo do Nobre, que ainda não percebeu a diferença entre a AMI e o Cabaret da Coxa. E eu a pensar que era agora que me retirava, muito sossegadinho, porque esta merda assim já não tem qualquer interesse. Nos últimos tempos há um secretário de estado que já não é por causa de uma codrilheira que debita na tvi, um ministro que gosta de ser tratado pelo nome próprio, um primeiro ministro que voa em económica para não gastar mas afinal o bilhete é oferecido, enfim, isto promete risota até mais não. Por isso vou continuar a andar por aqui de vez em quando. Seria bom que a restante marinhagem larga-se o lastro e se pusesse a jeito. Isto teria muito mais interesse.

sexta-feira, maio 06, 2011

O acordo é um bom acordo, é um bom acordo, é um bom acordo...

Descansem os portugueses que o acordo foi um bom acordo. Descansem que assim já podem gozar as fériazinhas na praia da Cruz Quebrada, passear no Columbo ao fim de semana, ver as novelas da TVI, ouvir o Marcelo e o Goucha, comer uma sardinhada Bom Petisco, ler a Bola pelo menos 7 vezes por semana. No pasa nada...
Segundo Catroga (o avôzinho simpático, Marcelo dixit) o acordo, que foi um bom acordo, foi assim graças às boas graças do PSD e também do PPD. Pedro Passos Coelho ainda não sabe se foi bom ou mau, pelo sim pelo não compromete-se a cumpri-lo caso seja eleito. A troika diz que Sócrates não é de fiar, tem piada, nunca me tinha apercebido disso, nem acredito nisso, mas se a troika o diz é porque a troika não é de fiar. Se calhar diz isso do Sócrates porque o Sócrates é fã do Dexter, que é aquele serial-killer simpático que gosta de reduzir as vítimas a carne para hamburger, e eu que pensava que o Sócrates só via o Malato.
Agora sim, está tudo explicado.
Já agora, alguém me consegue explicar onde carga de água fica este país maravilhoso? É que ainda guardo religiosamente um cinto com um S na fivela, pelo sim pelo não.

sexta-feira, abril 29, 2011

Feijão Carrapato...

Bem sei que eu, ao pé deste ilustre personagem, não passo de um borra-botas e de um total desconhecido. Que nunca me licenciei na Católica nem leccionei por lá, nunca obtive um mestrado na Universidade Nova nem em Wharton, nunca fui administrador da Quimigal, da Colgate Palmolive, do Espírito Santo, da Vodafone nem pertenci ao concelho editorial do Diário Económico nem à Apritel (Associação dos Operadores Privados de Telecomunicações). Eu, como trabalhador por conta doutrem há trinta e tal anos devo ser visto como um verme que se esmaga com o tacão da bota por este cavalheiro, cujas benesses em popós de luxo, cartões dourados, e prémios adminstrativos devem suplantar centenas de vezes o meu orçamento familiar anual. Pois este cavalheiro preside ao movimento “Mais Sociedade”, entidade reciclada do “Compromisso Portugal” que ele também fundou e acarinhou. Pergunto o que leva este indivíduo, a quem não nego o mérito de ser o que é e a ganhar o que ganha, a botar discurso, adiantar sugestões e propor soluções que são autênticas escarradelas na cara de quem anda a contar os tostões uma vida inteira para sobreviver. O que entristece é que indivíduos deste calibre aparecem sempre que a crise se agudiza, contribuindo para afundar mais o que já está no fundo, mas enfeitando o discurso canalha com esguichadelas de chantilly para não parecer tão amargo. Que necessidade tem este fulano e outros como ele, que se abifaram de mordomias sem qualquer sentido para o exercício da sua actividade profissional, de engrossar o caudal da pulhice nacional, bem expressa nos vomitórios institucionais do PS, PSD e CDS e de todos os indigentes que os rodeiam? Terão medo do FMI que nem sequer lhes vai cobrar um cêntimo ou a coisa é muito mais complexa? Esta mania de quem está bem na vida mostrar protagonismo e sabedoria aos da estranja diz bem da sua própria natureza. São eles que sabem tudo, pois são os vitoriosos da vida, bem acima da escumalha que não soube aproveitar as vantagens e benesses que o capitalismo pôs à sua disposição. Vejam, senhores do FMI, não nos confundam com os tugas que frequentam a escola pública, o hospital de Santa Maria, a Carris e a CP, e moram na Amadora. Nós, como inteligentes que somos, só andamos de BMW para cima e moramos em condomínios de luxo com vista para o mar ou a Serra de Sintra.


Ainda vão ter cãimbras por andarem tanto em bicos de pés.

terça-feira, abril 12, 2011

O Far-West já não é o que era


Peter Steps Rabbit sacudiu o guarda-pó, ajeitou o chapéu de aba larga de pele de gamo, levou por instinto a mão à coronha do revolver que pendia à cintura, respirou fundo, e conduziu a cavalgadura em passo lento em direcção à rua principal e única de Bethsalem City. Desde que assumira a chefia da quadrilha Orange que ansiava por um duelo que fizesse aumentar o seu prestígio junto dos seus capangas. Mas para isso teria de eliminar o líder da quadrilha Rose, o impiedoso, sádico e resistente Filósofo. A partilha do território entre estas duas quadrilhas tinha sido mais ou menos pacífica e tolerada, contando por vezes com o apoio tácito e oportunista do reduzido grupo de Paul Doors, que ansiava por um lugar à mesa de poker de Days Laurel e Olive Tree of Coast, famosos pela batota às cartas mas que permitia ao dono do saloon ir mantendo o seu negócio de prostitutas e bebidas alcoólicas manhosas sem o xerife a chatear. Os Roses e os Oranges lá iam controlando à vez os negócios, oferecendo território ao caminho de ferro em troca de acções e títulos nas empresas que o exploravam, território esse obtido à custa da expulsão dos Apaches cujo chefe Jerónimo resistia esperando uma oportunidade para ripostar e iniciar a reconquista. Mas apesar do apoio esporádico da tribo Left Block os apaches mal saiam da sua reserva no sul, provocando por vezes uma ou outra escaramuça sem importância ou dançando a dança da chuva. Os Roses controlavam há demasiado tempo todo o território e os Oranges estavam impacientes para ocupar o seu lugar.

Peter Steps Rabbit assumira a chefia da quadrilha Orange depois da derrota de Calamity Nelinha Milk frente ao Filósofo, apesar deste ter levado com um ou dois balázios que deixaram mossa. E Peter já começava a ser contestado pois a sua reputação não ia além de um assalto a uma florista em Bad Mass City. Comparado com o Filósofo, era um menino de coro. O assalto em Freeport City, as suspeitas de envolvimento na seita Hidden Face, a má fama em Guard City e Wool Lair, era um currículo invejado e difícil de bater por um pistoleiro como Peter, que quando disparava acertava quase sempre num pé, que na maioria das vezes era seu. Nem o assédio descarado ao pastor Frank Noble, homem virtuoso que volta e meia ia ensinar os índios da pradaria a comer com faca e garfo, baixou a contestação.
E foi assim que Peter Steps Rabbit em acto de desespero desafiou o Filósofo para um duelo até à morte em Bethsalem City.
O Filósofo surgiu ao fundo da rua principal todo vestido de negro, montado no seu corcel também negro, o que produzia o estranho efeito de não se saber onde começava o homem e acabava a cavalgadura.
No outro lado Peter Rabbit desmontou com elegância, prendeu o cavalo à entrada do salloon, e aguardou. O filósofo desmontou por sua vez, enxotou o cavalo com uma palmada e aguardou.
Enquanto o ponteiro dos minutos do relógio da torre rodava lentamente em direcção meio-dia, os dois homens fitavam-se olhos nos olhos sem pestanejar. Nem um pássaro piava, nem um cão ladrava, nem um mosquito zunia. O embate estava prestes a começar.

Já os dois duelistas suavam que nem porcos e preparavam- se para sacar das pistolas, e o relógio da torre iniciava a contagem das 12 badaladas do meio-dia, quando à décima badalada um grito tronitroante fez parar o relógio: - Alto! E pára o baile!
O famigerado juiz Anibal C. Silver , outrora famoso fora-da-lei, fora o autor do grito que impediu o duelo fatal. Rodeado pelos rancheiros mais ricos do território, Alexis Juarez of Ghosts, Richard Salty, Frank Ulrich e Joe Berard, o juiz Silver, homem seco e anti-social, desarmou os duelistas, pregou dois pares de chapadas em cada um, e botou discurso:

- Acabou-se! Já não há terra arável no território, o caminho de ferro dá prejuízo, os batoteiros viciaram as cartas todas, os xerifes já só aceitam subornos em dólares de papel, os assassinos profissionais só trabalham a pronto-pagamento, os bancos já foram todos assaltados e com tantos bandidos desempregados até os banqueiros viraram malfeitores! Não podemos gastar mais dinheiro em duelos inúteis nem a caçar índios na pradaria. Das duas, uma: ou resolvemos isto de vez a contento de todos, ou mudamos para Leste.
É claro que o Filósofo não gostou do par de chapadas e prometeu vingança, Peter Rabbit corou de vergonha e foi fazer queixinhas ao seu acessor Michael Grass, e até o juiz Anibal C. Silver ficou um pouco constrangido pela sua atitude. O que não impediu que a cavalaria acabadinha de chegar de Washington entrasse pela cidade dentro, esvaziasse o bar do salloon até à última gota, partisse a mobília e o piano, incendiasse a igreja, fodesse as prostitutas, levasse todo o dinheiro que ainda havia no banco e cerrasse fileiras em direcção à reserva índia, onde ainda existiam algumas peles de bisonte, contas e colares para saquear.

Uns dias depois os abutres invadiram o território deserto onde se banquetearam com as poucas sobras existentes. Do que se sabe, tanto o Filósofo como Peter Steps Rabbit dividem entre si um lugar de porteiro na Reserva Federal, o juiz Anibal C. Silver goza de especial reforma no sul do território a conta e despesa dos seus amigos Days Laurel e Olive Tree of Coast, o chefe Jerónimo continua na reserva a dançar para que chova mas sem sucesso, e o esquecido Paul Doors anda de cidade em cidade a vender tónicos contra a queda do cabelo.

O Far-West já não é o que era. Definitivamente.