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quinta-feira, fevereiro 02, 2012

CHAMEM-ME AGORA DE PÉSSIMISTA, VÁ!


Ao receber um mail de um amigo em que este se espantou com o brutal aumento do passe social, achei por bem enviar-lhe esta missiva:

Estás espantado por teres pago este mês o passe social com um aumento de 64%? Ficaste de boca aberta? Chamaste-lhes pela milionésima vez filhos da puta e ladrões?

Não entendo porquê esse espanto. De espantar é que só agora os passes do teu transporte público (e tudo o resto) estejam a subir loucamente, o que vamos sentir na realidade ao longo deste ano, no próximo e mais no pós-próximo. E só subiram 64%? Podiam já ter subido para 200%, assim evitavam perdas de tempo e mais conversas futuras, além de contribuirem para o final feliz que pretendem, além de nas vésperas das eleições poderem fazer um figurão a baixá-los aí uns 10%. São mesmo bestas, coitados.
De espantar é como apenas agora estas subidas estão a acontecer. Cá para mim é a grande imbecilidade deste governo e dos que de há 35 anos não foram capazes de ter feito isto bem mais cedo. Até para eles, os donos nacionais e os seus funcionários políticos, são péssimos gestores.

Num país cheio de atrasados mentais, incultos e educados na base do salve-se quem puder seguindo a cartilha de formação empresarial de qualquer pato-bravo com a terceira classe incompleta, onde futebol, para os machos, enche os cafés à volta duma tv, e big brother, para as fêmeas, são os programas da televisão que levam o pessoal a estarem atentos e tema de conversa e discussão nos dias seguintes, admira-me que este descalabro não tenha acontecido há mais tempo.

Não me esqueço dos governos do grande amigo dos americano-franco-alemães Mário Soares, onde até já o FMI andou cá a fazer favores e a obter o conhecimento in loco e ao vivo do que tinha este país e poderiam um dia mais tarde vir buscar, criando e desenvolvendo nas cabecinhas papalvas do zé povo o entendimento que não há esquerda nem direita, que o socialismo "moderno" e á portuguesa come à mesma mesa que o capitalismo desumano mas com fraseologia diferente, ou seja, enquanto os direitinhas capitalistas encomendam lagosta suada sem casca, os socialistas encomendam lagosta com casca mas não suada, e que o pior do mundo, e da sociedade nacional, foram e são eternamente os comunistas e o seu cheiro que englobam todos e qualquer que seja contra o sistema do capital, governos estes que apregoaram aos sete ventos que a entrada de Portugal na CEE iria ser como se a Suiça fosse imigrar para cá, em salários, em qualidade de vida, em modernidade, até os lindos lagos viriam, e que a partir daí este país e o zé povo nunca mais seriam pobretanas e que os maus da fita com assento na CEE iriam baixar o bico e passavam por arte do estalo de dedos de vilões a donzelas amigas e prestáveis; nem nos do Cavaco Silva, onde as "ajudas" da CEE foram trocadas pelas privatizações, ofertas do tecido produtivo e recursos nacionais, tais como a agricultura, pescas e etc., e foram exímios profissionais de marketing vendendo ao zé povo da classe média portuguesa a ideia de que todos podiam passar a ricalhaços do capital bastando entrarem na compra/venda de acções e a máxima dita uns anos antes pelo fundador do CDS, Freitas do Amaral, que a cada português uma casa, donde o crédito, dívida e subjugação aos donos e patrões passaram a ser o bem estar nacional; nem me esqueço dos governos do António Guterres em que fizeram, com pompa e circunstância, as vénias ao euro que acabava de entrar numa economia endémicamente sempre de rastos e levando, na continuidade dos anteriores governos, ao desbaratar do público rentável para o privado, fazendo das privatizações a moeda de troca para os gastos e mordomias "à la carte", continuando o caminho de vender em saldo o futuro do zé povo, até à fuga do primeiro-ministro para junto dos seus amigos de quem sempre foi um devoto servidor; nem me esqueço dos governos do Durão Barroso em que fizeram os trabalhos de casa da escola da UE e de mercearia nacional distribuidora de bens, de mão beijada, aos donos do capital europeu e nacional a preços de saldo, rápidamente  a transformaram em grande superfície comercial onde as campanhas promocionais dos produtos existentes passaram a ser permanentes, ganhando em troca vales de promessas aldrabadas de um futuro melhor e onde o Paulo Portas comprou submarinos ajudando ao afundamento do país, até à fuga do primeiro-ministro para Bruxelas, onde lhe deram o cargo de presidente da UE como pagamento pelos favores feitos aos EUA e Inglaterra para a conquista do Iraque e sabendo que ele seria um obediente servo dos maiores interesses económicos e financeiros da região e afins; nem do governo do Santana Lopes que em poucas semanas ainda teve tempo para lançar mais uns leilões e gastar à farta o que era nacional, aliás na senda e bom caminho dos seus antecessores e colegas de carteira; nem me esqueço dos governos do José Sócrates que em seis anos conseguiram fazer o trabalho de casa que os outros todos ao longo de décadas não conseguiram, vendendo ou preparando a venda do que ainda restava e tinha algum valor, não apenas os bens materiais mas também os já por si fracos bens de cabeça do zé povo, usando com maestria a arte da publicidade enganosa vendendo ao povo o capitalismo neoliberal fardado de socialismo moderno com o pomposo nome de esquerda, e levaram ao expoente máximo a arte da magia e do vodoo transformando o péssimo em menos mau e os maus em bonzinhos e fazerem desaparecer os milhões diários mendigados aos donos da UE para pagarem os buracos a que não podiam fugir nas contas do estado e para encherem os bolsos aos que já os tinham cheios, passando de devedores bilionários a credores do já falado zé povo mas sempre com uma atitude paternal e um sorriso de a bem da nação e cautelas de lotaria de um futuro melhor para todos, estendendo a passadeira azul para a entrada da comitiva neoliberal nacional, europeia e mundial, com direito a fanfarra e foguetes; nem me esqueço do governo do Passo Coelho, qual Napoleão montado em Mercedes Benz que entrando triunfalmente na arena do coliseu romano dos financeiros e dos económicos, onde ainda decorre o confronto entre gladiadores e leões, ergue seu braço direito estendido à altura do ombro e entre os cadáveres ensanguentados dos animais, virando-se para a bancada do capitalismo selvagem, diz: "Eu faço o que vocês querem e ainda mais farei!". 
E também não me esqueço que nesta democracia à portuguesa orientada pela UE e ainda sob a batuta do imperialismo económico americano, cerca de quatro milhões do tal zé povo tem sempre votado neles, quais masoquistas virando-se para os sádicos: "Bate-me com mais força que eu gosto!".

Por ter tentado andar sempre atento, de há muitos anos que me foi fácil suspeitar o que aí viria como inevitável, e muitos me chamavam de péssimista. Agora e hoje esses podem entender que afinal o que chamavam de péssimismo era nem mais nem menos do que realismo, o que também sempre lhes dizia. Só não podia prever quando se chegaria ao ponto de não retorno e em que o zé povo iria começar a comer erva, desde que consiga ter água para a rega.
Agora é tarde para se conseguir dar a volta a uma superior instituição de malfeitores, de mentes perversas, de mafias bem organizadas, de ladrões encartados e legais, em suma, a uma classe de políticos e donos de poderes nacionais em que o zé povo se habituou a votar democráticamente de há muitas décadas, mesmo com tudo à frente dos olhos, concedendo-lhes o estatuto natural de arruinarem, a seu belo prazer e interesse, um país que históricamente já vinha arruinado, a bem da nação e do interesse público.

Isto tudo apenas para espelhar que nada me espanta o começarmos agora a sentir os aumentos brutais de tudo o que é necessário para viver com algum nível de dignidade, nem me espanta o que aí vem de brutal, inadmissível e incrível. Se ainda há dois anos em Portugal já haviam cerca de 20% a viver no limiar da pobreza, é perfeitamente admissível que daqui a mais dois devemos ter aí uns 40%. Até quando, não sei, mas que não será por meia dúzia de anos, ai disso tenho a certeza.

A Grécia vai ao fundo próximamente, depois é Portugal, possivelmente antes de começar 2014. A bola do jogo mais abjeto do capitalismo neoliberal está a correr no campeonato europeu e os árbitros só sabem marcar penaltis e foras de jogo, como manda a lei da sapatilha.
Agora e até ao final de 2013, é bem provável que a classe média baixa portuguesa passe a "lixo tóxico" atingindo o nível de limiar da pobreza. Até 2014 ou 15, será a vez da classe média média passar a "lixo não reciclável". A classe média alta, essa tem forte probabilidade de passar ao nível superior, pelo menos uma parte significativa. E assim vamos cantando e rindo, levados pela imaculada e divina religião do capital, donde pontuam os sacristãos deste governo, dos anteriores e dos próximos, em fervorosa adoração aos bispos da UE e cardiais das finanças mundiais.
Os tais quatro milhões do zé povo, baptizados pela água bruta desta religião, a maioria deles sem darem por isso, irão continuar a ir à comunhão nas missas das igrejas do ps, psd e cds, recebendo a hóstia em forma de boletim de voto e regorgitando a cruzinha bendita, contra os ímpios anti-capitalistas "comunas" de um cabrão! A democracia do capital global agradece o fervor religioso e tem pernas para andar, e bem!

Vá, continuem a chamar-me péssimista que eu até gosto!

Recebido do 2º Remador, que tem o computador no prego.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Heróis do Mar...



“Vai por mim, pá! Isto está por um fio.”
Confidenciava-me o Elias, lambe-botas profissional em part-time, sobre a crise e o modo como os portugas estão a reagir à coisa.
“O povo está farto, pá. Já falta pouco para vir tudo prá rua e dar um pontapé no Sócas e na sua pandilha, pá.”
Enquanto o Elias brinca uma vez mais com o telemóvel, dou por mim a pensar na minha avózinha que vive lá em cima no meio de montes e vales, cercada de pinho e eucaliptos, numa pequena aldeia sem nome, só com três habitantes e uma cabra, cujo único acesso é por uma tábua no cimo de um monte que se deixa escorregar por ele abaixo quando tem passageiros.
E penso na avózinha a largar a sua horta, a sua vizinha Anastácia viúva como ela, e o ti’ António que vive mais abaixo e sofre de artrite, mais a cabra que é propriedade comum, e vir por aí abaixo de enxada em punho destronar o Sócrates.
E penso também no Euclides, coleccionador de filmes do Steven Segal em DVD, leitor diário do Record, doente crónico do Benfica, devorador de telenovelas e do canal erótico, abandonar o filho ao sabor das ondas do Magalhães, mais a mulher que tal como o filho devora fast-food como se o mundo fosse acabar amanhã, mais o pópó que custou os olhos da cara e ainda custa mais a pagar mensalmente, mesmo depois de vender os orgãos da tia Ofélia a um traficante japonês, dizia eu, penso no Euclides a largar tudo e vir para a rua desalmariado com o respeitável propósito de esganar o Sócrates.
E penso também na dra Manuela Ferreira Leite empurrada pelo Pacheco Pereira, no meio da turba ululante, rodeada de muitas avózinhas da lavoura e muito Euclides suburbanos, mantendo mesmo assim um silêncio de arrepiar, só abrindo a boca de espanto perante o séquito apoiante de Santana Lopes à câmara de Lisboa, sem perceber onde se veio meter e porque se veio meter.
E penso que devo largar as minhas fantasias e perceber de uma vez por todas que por muitas crises, impostos, hipotecas, inflações, filas de espera, desemprego, sócrates, manelas, cavacos, santanas, durões e portas que lhe caiam em cima, o portuga ainda é capaz de filosofar a sua mediocridade com mais uma tirada do género “antigamente é que era bom!” e por fim fica em casa a babar-se com o telejornal e a chamar nomes aos políticos enquanto mastiga uma sandes de coiratos.
É claro que o Elias não sabe nada disto. O Elias ainda sonha com hordas de nunos alvares pereira a arrasarem o Terreiro do Paço e turbas de vascos da gama a fecharem a barra do Tejo com porta-aviões. E com o D. Sebastião subindo o cais das colunas no meio da neblina fazendo-se proclamar rei e resgatador da pátria. E com matilhas de políticos empalados à volta da estátua do José I. E com o Benfica campeão...

Que querem que eu diga mais?
Isto está mesmo por um fio...

quinta-feira, julho 31, 2008

O horror...o horror...

Larguei a mulher às voltas no centro comercial, abandonei os putos no infantário, esqueci o assado no forno, deixei a avózinha no meio da rua. Quando este Presidente anuncia que vai falar toda a gente devia interromper o que está fazer, e ter a melhor faca da cozinha à mão para cortar os pulsos se for caso disso. Quando estamos à beira de invadir as praias com guarda-sóis e caroços de pêssego, quando já temos o “Magalhães”, quando o Jardim acaba com a liberalização dos preços do gasoil na Madeira, só mesmo um discurso surpresa do “first man”. Que ainda por cima interrompeu o churrasco na vivenda Mariani para falar ao país. Preparem-se, portugueses, o país nunca mais será o mesmo!