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terça-feira, fevereiro 14, 2012

Sem sentido e não digerido



Inventar um texto credível para colocar neste blogue é, nos tempos que correm, uma tarefa ciclópica.
Mesmo que me esteja cagando para o acordo ortográfico, a simples ligação de palavras de modo a fabricar um aborto literário legível para os dois leitores do cesto provoca-me espasmos e contorcionismos que podem descambar numa hérnia discal. Não sendo um letrista de fados como o Vasco Graça Moura, nem um verborreico como o Pacheco Pereira, muito menos um sacana como o António Barreto, a minha prosa resulta numa amálgama sem sentido tal qual uma aula de economia do professor Cantiga Esteves. Desengane-se pois o leitor se pensa que vai aprender aqui alguma coisa. Tirando os insultos do costume aqui non pasa nada. Gostaria de ter o verbo curto e grosso de Medina Carreira, mais a sua opinião desassombrada, mas o que me calha é qualquer coisa ensombrada e até assombrada como um portergeist com o aspecto de um Vítor Gaspar, que incrívelmente consegue tirar-me o sono apesar do tom monocórdico e soporífero com que dejecta, semelhante a uma tortura chinesa.
Vem isto a propósito de que os média ou os mérdia como quiserem, apostam em comentadores que a coberto que de um falso contraditório, servem propósitos obscuros de disseminação da santa ignorância em que tudo bem espremido não passa de um resumo da arte de foder o próximo. Agradecem os detentores do poder político, económico e social, agradece a troika, agradece frau Merckl, agradece o FMI. E também muito agradecido deve estar o sr. primeiro ministro, cujo ar de menino de coro a quem apalpavam o cú na instrução primária serve às mil maravilhas os propósitos da enfadonha união europeia limitada aos tristes godos do norte, a bem da raça branca, muito pura, muito loura e muito ética.
Deixar que lhes apalpem o cú enquanto a nós, alegras mortais sulistas, morenos e gastadores, nos enfiam a verdasca sem pedir licença e com areia na vaselina. Mas o que mais me dói nem sequer é esta sucessão de enrabadelas, o que mais me dói é o aviltante rebolar de riso de um Catroga, que deveria estar a jogar dominó no jardim da Estrela, de um Mira Amaral que engole as consoantes ao mesmo tempo que cospe perdigotos, mais uma manada de servos do regime que se arregimentam em prebendas e cadeiras de conselhos de administração, mugindo de gozo  e pedindo aos santinhos que a crise se prolongue até à eternidade.
Como se vê tentar dar algum sentido e alguma seriedade a um texto não está definitivamente ao meu alcance. Começar com uma autocrítica e acabar em desmandos de natureza sádica e sexual é coisa que o único leitor do blogue (o outro já deve ter cortado os pulsos) certamente não esperava. Mas eu avisei da falta de sentido desta prosa. 
Sentido de estado, entenda-se. 

quarta-feira, maio 27, 2009

Sou um especialista

A minha vizinha do rés-do-chão tem a casa alagada por causa de um cano que rebentou. Aflita, chamou-me para ver se eu conseguia remediar o assunto, já que a minha fama cá no bairro é que eu tenho algum jeitinho para resolver encrencas. É assim, dou um jeitinho, mas não percebo nada de nada, sou apenas especialista em coisa nenhuma. Por mais que diga à vizinhança que sou como sou, não me largam a porta a pedir ajuda para desentupir a sanita, arranjar a porta da rua que empenou, trocar a lâmpada da cozinha, montar o móvel cheio de estilo comprado no IKEA, programar o comando da televisão, mudar o óleo ao carro, e até passear o Bobby porque o dono está engripado. Sou assim como todos os portugueses, sei fazer um pouco de tudo sem ser especialista em coisa alguma. Há até gente famosa que assina projectos com um diploma de engenharia comprado na feira da ladra, quem brinque aos banqueiros como quem joga monopólio com os amigos, quem treine equipas de futebol sem ter passado no exame final do jogo do berlinde. Deveria existir um doutoramento em coisa nenhuma, pois só assim os portugueses subiriam no ranking dos povos com mais doutores e engenheiros a sério, mesmo que não saibam fazer nada e deêm um jeitinho em praticamente tudo.
Assim, quando alguém me viesse pedir ajuda para consertar seja o que for, pregava-lhe com diploma do doutoramento nas fuças e cobraria honorários a raiar o escândalo.
É certo que a minha vizinha do rés-do-chão de vez em quando tem um cano entupido ou a máquina de lavar aos saltos pela cozinha, e quando me pede ajuda trás sempre aquela provocante camisinha de noite, e eu, enfim, lá faço o jeitinho.
Afinal estamos cá uns para os outros, e não preciso de um diploma nem de um banco tipo BPP ou BPN, para que toda a gente fique feliz.